Tuesday, September 18, 2007

Mediunidade: Efeitos Físicos (vídeo, 22m 33seg)

Os códigos morais estão escritos nos nossos genes?


Nicholas Wade

De onde vem as regras morais? Da razão, dizem certos filósofos. De Deus, asseguram os crentes. Mas dificilmente leva-se em consideração uma fonte atualmente defendida por vários biólogos. A evolução.

À primeira vista, a seleção natural e a sobrevivência do mais apto podem dar a impressão de recompensar somente os valores mais egoístas. Mas para os animais que vivem em grupos, o egoísmo precisa ser rigorosamente controlado, ou não haverá vantagem na vida social. Poderiam os comportamentos desenvolvidos nos animais sociais para possibilitar o funcionamento das sociedades ser a base a partir da qual evoluiu a moralidade humana?

Em uma série de artigos recentes e um livro, "The Happiness Hypothesis" ("A Hipótese da Felicidade"), Jonathan Haidt, psicólogo da Universidade de Virgínia especializado na questão da moral, vem construindo uma ampla visão evolucionária da moralidade na qual esta tem conexões tanto com a religião quanto com a política.

Haidt compara a máquina moral subterrânea da mente a um elefante

Haidt iniciou a sua carreira de pesquisador examinando o sentimento de repulsa. Testando as reações das pessoas a situações como aquela de uma família faminta que cozinhou e comeu o seu cão de estimação depois que este foi atropelado e morto por um veículo na estrada, ele analisou o fenômeno da perplexidade moral - quando as pessoas têm uma forte sensação de que algo está errado, mas são incapazes de explicar por que.

Esse fenômeno levou-o a ver a moralidade como sendo motivada por dois sistemas mentais distintos, um antigo e um moderno, embora a mente basicamente não tenha consciência dessa diferença. O sistema antigo, que ele chama de intuição moral, baseia-se em comportamentos morais carregados de emoção que se desenvolveram antes do surgimento da linguagem. O sistema moderno - que ele chama de julgamento moral - veio após a linguagem, quando as pessoas tornaram-se capazes de expressar por que algo é certo ou errado.

As respostas emocionais da intuição moral ocorrem instantaneamente - elas são reações viscerais primitivas que se desenvolveram para gerar decisões imediatas e maximizar a sobrevivência em um mundo perigoso. O julgamento moral, por outro lado, veio mais tarde, à medida que a mente desenvolveu uma racionalização plausível para a decisão à qual o indivíduo já havia chegado por meio da intuição moral.

Segundo a ótica de Haidt, a perplexidade moral ocorre quando o julgamento moral não consegue apresentar uma explicação convincente para aquilo que a intuição moral decidiu.

Assim sendo, por que a evolução equipou o cérebro com dois sistemas morais, quando apenas um parece ser suficiente?

"Nós possuímos uma mente animal complexa, que apenas recentemente desenvolveu a linguagem e o raciocínio baseado na linguagem", explica Haidt. "De forma nenhuma o controle do organismo seria entregue a esta nova faculdade".

Ele compara a máquina moral subterrânea da mente a um elefante, e o raciocínio moral consciente a um pequeno indivíduo montado na garupa do elefante. Haidt acredita que os psicólogos e os filósofos adotaram por muito tempo uma visão demasiadamente estreita de moralidade, porque se concentraram no indivíduo que viaja na garupa do elefante, praticamente ignorando este último.

Haidt desenvolveu uma percepção melhor do elefante após visitar a Índia por sugestão do antropólogo Richard Shweder. Em Bhubaneswar, no Estado indiano de Orissa, Haidt observou que as pessoas reconheciam um domínio moral muito mais amplo do que aquele que diz respeito às questões de danos e justiça, que são partes fundamentais da moralidade ocidental. Os indianos mostravam-se preocupados com a integração da comunidade através de rituais, além de estarem comprometidos com o conceito de pureza religiosa como forma de controle de comportamento.

Após retornar da Índia, Haidt pesquisou vários trabalhos de antropologia e psicologia em busca de idéias de diversas parte do mundo sobre a moralidade. Ele identificou cinco componentes da moralidade que são comuns à maior parte das culturas. Alguns dizem respeito à proteção dos indivíduos, e outros aos vínculos que agregam um grupo.

No que diz respeito aos dois sistemas morais que protegem os indivíduos, um deles tem como objetivo impedir danos à pessoa e o outro garantir reciprocidade e justiça. Menos familiares são os três sistemas que promovem comportamentos desenvolvidos para fortalecer o grupo. São eles a lealdade para com os membros do grupo, o respeito à autoridade e à hierarquia e um sentido de pureza ou santidade.

Segundo a visão de Haidt, os cinco sistemas morais são mecanismos psicológicos inatos que predispõem as crianças a absorver certas virtudes. Como essas virtudes são aprendidas, a moralidade pode variar bastante de uma cultura para outra, embora preservando o seu papel central de elemento de contenção do egoísmo. Nas sociedades ocidentais, o foco está na proteção dos indivíduos com a insistência de que todos sejam tratados com justiça. A criatividade é alta, mas a sociedade é menos ordenada. "Em diversas outras sociedades, o egoísmo é suprimido por meio de práticas, rituais e histórias que ajudam a pessoa a desempenhar um papel cooperativo em uma entidade social mais vasta", afirma Haidt.

Ele está consciente do fato de que muita gente - incluindo os membros da "disciplina homogeneamente política da psicologia" - considera a moralidade um sinônimo de justiça, direitos e bem-estar do indivíduo, descartando tudo mais como sendo mera convenção social. Mas Haidt observa que muitas sociedades espalhadas pelo mundo comportam-se de fato como se a lealdade, o respeito à autoridade e a santidade fossem conceitos morais, e isso justiça que se adote uma visão mais ampla do domínio da moral.

Haidt diz que a idéia de que moralidade e santidade estão entrelaçadas pode atualmente estar fora de moda, mas que ela tem um pedigree respeitável, que remonta a Emile Durkheim, um dos fundadores da sociologia.

Haidt acredita que a religião desempenhou uma função importante na evolução humana ao fortalecer e ampliar a coesão fornecida pelos sistemas morais. "Se não tivéssemos mentes religiosas, não teríamos feito a transição para a tendência aos grandes agrupamentos", diz ele. "Ainda seríamos apenas grupelhos vagando a esmo".

Para ele, o comportamento religioso pode ser o resultado da seleção natural, modelado em uma época na qual os primeiros grupos humanos competiam entre si. "Aqueles que gostavam de se agrupar tiveram mais sucesso", afirma o pesquisador.

Haidt passou a reconhecer a importância da religião por uma rota indireta. "Eu encontrei o divino pela primeira vez na repulsa", escreve ele no seu livro "The Happiness Hypothesis".

A sensação de repulsa provavelmente desenvolveu-se quando as pessoas tornaram-se comedoras de carne, e tiveram que aprender quais alimentos poderiam estar contaminados com bactérias, um problema que não ocorria com a comida de origem vegetal. Ele argumenta que a repulsa passou, a seguir, a abranger várias outras categorias, como pessoas sujas, práticas sexuais inaceitáveis e uma ampla classe de funções e comportamentos corporais que eram vistos como limites de separação entre humanos e animais.

"Imagine visitar uma cidade na qual as pessoas não usam roupas, nunca tomam banho, fazem sexo em público em 'estilo canino' e comem carne crua arrancando os pedaços com os dentes diretamente da carcaça", escreve Haidt.

Ele vê na repulsa provocada por tal cena uma aliada das idéias de pureza física e religiosa. Para Haidt, a pureza é um sistema moral que promove as metas de controlar os desejos egoístas e de agir de uma maneira religiosamente aprovada.

As noções de repulsa e de pureza estão disseminadas fora das culturas ocidentais. "Os liberais educados são o único grupo a afirmar, 'Acho tal coisa repulsiva, mas isso não torna essa prática errada'", diz Haidt.

Trabalhando em conjunto com Jesse Graham, um aluno de pós-graduação, Haidt detectou uma impressionante dimensão política na moralidade. Ele e Graham pediram a pessoas que identificassem a sua posição em um espectro político que ia do liberal ao conservador, e que a seguir preenchessem um questionário que avaliava a importância atribuída a cada um dos cinco sistemas morais (o teste, chamado questionário de bases morais, pode ser acessado online no site www.YourMorals.org).

Eles descobriram que as pessoas que se identificavam como liberais atribuíam um forte peso aos dois sistemas morais de proteção ao indivíduo - aquele que preconiza que não se cause danos a outros e o que aconselha a pessoa a só tratar os outros como gostaria de ser tratada. Mas os liberais atribuíram menos importância aos três sistemas morais de proteção ao grupo. Os que dizem respeito à lealdade, ao respeito à autoridade e à pureza.

Os conservadores valorizaram todos os cinco sistemas morais, mas deram menos importância do que os liberais às moralidades que protegem os indivíduos.

Haidt acredita que as várias discórdias políticas entre liberais e conservadores podem refletir a diferente ênfase dada por cada um desses grupos às cinco categorias morais.

Vejamos, por exemplo, o posicionamento em relação à arte e a música contemporâneas. Os conservadores temem que a arte subversiva mine a autoridade, viole as tradições internas do grupo e ofenda os cânones da pureza e da santidade. Por outro lado, os liberais vêem a arte contemporânea como uma protetora da igualdade, ao atacar o establishment, especialmente se a arte for produzida por grupos oprimidos.

Haidt argumenta que os liberais extremados não dão quase nenhuma importância aos sistemas morais que protegem o grupo. Para Haidt, devido ao fato de os conservadores darem algum valor às proteções individuais, eles freqüentemente entendem melhor as visões liberais do que os liberais entendem as atitudes conservadoras.

Haidt, que se descreve como sendo um liberal moderado, afirma que a sociedade necessita de gente com os dois tipos de personalidade. "Uma moralidade liberal encorajaria uma criatividade muito maior, mas debilitaria a estrutura social e esgotaria o capital social", diz ele. "Fico realmente feliz com o fato de termos Nova York e São Francisco - a maior parte da nossa criatividade vem de cidades como essas. Mas uma nação que fosse constituída apenas de Nova York e São Francisco não poderia sobreviver por muito tempo. Os conservadores fazem mais doações para obras de caridade, e tendem a apoiar mais as instituições essenciais, como as forças armadas e as polícias".

Outros psicólogos vêem de formas diversas as idéias de Haidt.

Steven Pinker, um especialista em ciência cognitiva que leciona na Universidade Harvard, afirma: "Sou um grande fã do trabalho de Haidt". Ele acrescenta que a idéia de incluir a pureza no domínio moral pode fazer sentido sob o ponto de vista psicológico, mesmo que a pureza não tenha lugar no raciocínio sobre a moral.

Mas Frans B.M. de Waal, um primatologista da Universidade Emory, diz que discorda da visão de Haidt segundo a qual a função da moralidade é suprimir o egoísmo. Muitos animais demonstram empatia e tendências altruístas, mas não possuem sistemas morais.

"Para mim, um sistema moral é aquele que resolve a tensão entre os interesses do indivíduo e do grupo de uma forma que parece ser a melhor para a maioria dos membros do grupo, e que, portanto, promove uma relação de reciprocidade", argumenta de Waal.

Ele diz que também discorda da maneira como Haidt associa os liberais aos direitos individuais e os conservadores à coesão social.

"É óbvio que os liberais enfatizam o bem comum - legislações de segurança para minas de carvão, sistema de saúde para todos, apoio aos pobres -, de uma forma que está longe de ser reconhecida pelos conservadores", observa de Waal.

Essa associação também perturba John T. Jost, especialista em psicologia política da Universidade de Nova York. Jost diz que admira Haidt com "um psicólogo social muito interessante e criativo", e que achou o seu trabalho útil para chamar atenção para o forte elemento moral presente nas crenças políticas.

Mas o fato de liberais e conservadores concordarem quanto aos dois primeiros princípios de Haidt - não prejudicar as outras pessoas e só tratar os outros como gostaríamos de ser tratados - significa que esses dois princípios são bons candidatos a virtudes morais. "Para mim, o fato de liberais e conservadores discordarem quanto aos três outros princípios sugere que essas não são virtudes morais gerais, mas sim compromissos ou valores ideológicos específicos", afirma Jost.

Em defesa das suas idéias, Haidt afirma que as alegações morais podem ser válidas, mesmo que não sejam universalmente reconhecidas.

"É pelo menos possível que as sociedades conservadoras e tradicionais tenham algumas visões morais ou sociológicas que os liberais seculares não entendem", diz Haidt.

Tradução: UOL

Visite o site do The New York Times: http://www.nytimes.com/

(UOL Mídia Global, New York Times, http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2007/09/18/ult574u7794.jhtm, 18/09/2007)

Sunday, August 26, 2007

Há órgãos no corpo espiritual?


MAURO PAIVA FONSECA

É a pergunta que todos gostaríamos de ver respondida, tal é a dificuldade para concebermos e assimilar aquilo que não podemos ver nem perceber com os imperfeitos sentidos do corpo físico. Entretanto, a resposta não poderá ser “sim” ou “não” como gostaríamos que fosse, porque seriam afirmações categóricas, radicais, que jamais expressariam a complexidade e magnitude das variantes que determinam uma ou outra das afirmativas.
O iluminado Espírito Emmanuel na obra "O Consolador" responde, na pergunta número 30: “Dentro das leis substanciais que regem a vida terrestre, extensivas às esferas espirituais mais próximas do planeta, já o corpo físico, excetuadas certas alterações impostas pela prova ou tarefa a realizar, é uma exteriorização aproximada do corpo perispiritual, exteriorização essa que se subordina aos imperativos da matéria mais grosseira, no mecanismo das heranças celulares, as quais, por sua vez, se enquadram nas indispensáveis provações ou testemunhos de cada indivíduo”.
Ora, se é uma exteriorização do corpo perispiritual, então os órgãos preexistem à criação do corpo físico!
Não deveremos esquecer que o perispírito é o plano organogênico do corpo físico, do mesmo modo que uma semente o é da árvore que sua germinação trará à vida; por isso, é absolutamente natural e lógico que, ao desprender-se dele pelo fenômeno da morte, os sistemas orgânicos o acompanhem e, com eles, as necessidades próprias.
Sabemos que o perispírito, ou corpo espiritual, é o veículo de expressão do Espírito, energia inteligente individualizada pelo Criador, e tem sua formação material fluídica dependente do estado vibratório do desencarnado que o habita. Quanto mais evoluído moral e intelectualmente, mais etérea é a sua natureza e menos imperiosas as necessidades a satisfazer. Do mesmo modo como na Terra o homem mais intelectualizado e moralizado sesatisfaz com uma alimentação frugal e o homem ignorante e embrutecido pela deficiência intelectual e atraso moral em que se demora exige uma alimentação mais pesada, mais densa, os Espíritos desencarnados igualmente terão as exigências da natureza “material” de seu corpo espiritual, a depen der do estado vibratório que lhe seja peculiar.
Afirmar que os Espíritos desencarnados não comem, não dormem, não se cansam, e não estão sujeitos às necessidades físicas dos sistemas orgânicos em geral, não faria sentido. Na obra "Os Mensageiros", psicografada por Francisco C. Xavier, à página 92 da 5a edição, FEB, vemos André Luiz e Vicente, dois Espíritos em viagem da colônia Nossa Lar para a crosta terrestre, descansarem numa pousada a meio do trajeto, onde lhes foi oferecida farta refeição de frutas.
Supor que alguém, porque morreu, poderá prescindir dos sistemas orgânicos que o acompanharam durante toda a vida material seria santificá-lo ou emprestar-lhe uma angelitude que nem todos estarão à altura de possuir, pois a passagem direta da Terra para as Esferas de Luz é apanágio das almas angélicas e santificadas, para as quais as dependências materiais já não têm qualquer sentido.
Como ninguém vira santo porque morre, segue-se que a quase totalidade dos desencarnados carecerá dos sistemas orgânicos para conduzir-se na vida espiritual.
Assim, cada Espírito procurará a satisfação das próprias necessidades, conforme o estado de materialidade que ainda guarde. À proporção que as necessidades forem desaparecendo, com a transferência dos estados mentais e conscienciais para condições mais elevadas, os órgãos irão se atrofiando por falta de uso objetivo até o completo desaparecimento. Na obra supracitada, à mesma página, o anfitrião Alfredo refere-se à falta de medicamentos e alimentos para atender o grande número de desencarnados que estão sob tutela do Posto de Socorro de "Campos da Paz", cujos estados de materialidade e desequilíbrio ainda reclamam tais recursos.
Na obra Nosso Lar, do mesmo autor espiritual, vemos a Governadoria da colônia de mesmo nome, providenciando o auxílio de especialistas em alimentação pranaiama pela respiração, habitantes de outras esferas, para coibir abusos da população da colônia que começava a sofisticar o apuro das preferências alimentares, exigindo cardápios cada vez mais próximos dos alimentos materiais terrenos.
Se estes fatos acontecem com desencarnados de mediana evolução, imaginemos o que ocorrerá com os infelizes irmãos, habitantes das regiões inferiores do umbral, sujeitos às aflitivas carências de uma vida embrutecida e sem esperança!
À proporção que o desencarnado vai adquirindo independência pela elevação de sentimentos e enriquecimento intelectual, o domínio mental sobre seu veículo de expressão vai aumentando, e o fenômeno da ideoplastia vai promovendo as transformações normais, da natureza material para a natureza espiritual. A ideoplastia é a força resultante das ações produzidas pela consciência, pelo pensamento e pela vontade, capaz de modificar a estrutura do perispírito.

(REVISTA REFORMADOR, FEESP, Fevereiro/2007, pp. 34-35)

Wednesday, June 27, 2007

Aula 17– Fluidos

1-Os Fluidos (fluidos, não fluídos!)

O Éter – Na antiga Grécia, Éter era a luminosidade pura próxima da abóbada celeste, o céu mais distante. Aristóteles (384-322 a.C.) dizia que acima de tudo ficaria o éter; logo baixo, o fogo; depois a água e, por último, a terra. Renè Descartes (1596-1650) acreditava que o Universo é totalmente preenchido por um "éter" onipresente, que afeta o movimento dos astros e seria o meio que a luz percorre no espaço. Léon Denis afirma que a matéria, quando se rarefaz, fica invisível, imponderável, toma aspectos cada vez mais sutis, os quais chamamos fluidos.
Definição Geral de Fluidos: “Chamamos fluidos aos estados da matéria em que ela é mais rarefeita do que no estado conhecido sobre o nome de gás.” (Gabriel Delanne. “O Espiritismo perante a ciência”, Rio de Janeiro, FEB,1993, 2 ª ed., p.281)

2-Fluido Cósmico Universal (FCU)

“A substância etérea, mais ou menos rarefeita, que se difunde pelos espaços interplanetários; esse fluido cósmico que enche o mundo, mais ou menos rarefeito, nas regiões imensas, opulentas de aglomerações de estrelas; mais ou menos condensado onde o céu astral ainda não brilha; mais ou menos modificado por diversas combinações, de acordo com as localidades da extensão, nada mais é do que a substância primitiva onde residem as forças universais, donde a natureza há tirado todas as coisas.” (Kardec. “A Gênese”, c.6, it.17, p.116”).
Note-se que para a ciência contemporânea, apenas 10% da matéria do Universo é conhecida.
“O Fluido Cósmico Universal é, como já foi demonstrado, a matéria elementar primitiva, cujas modificações constituem a inumerável variedade dos corpos da natureza. Como princípio elementar do Universo, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade, que se pode considerar o primitivo estado normal, e o de materialização ou de ponderabilidade, que é de certa maneira, consecutivo àquele. O ponto intermédio, é o de transformação do fluído em matéria tangível. Mas, ainda aí, não há transição brusca, porquanto podem considerar-se os nossos fluidos imponderáveis como termo médio entre os dois estados.” (Kardec. “A Gênese”, c.14, it. 2)
“O fluido cósmico que liga a criação ao criador, é fonte inexaurível, sempre ao alcance de todas as criaturas. É nele que a nossa mente espiritual busca e encontra a quintessência energética de que se sustenta, e é a partir dele que elabora a matéria mental que expede através do pensamento, sob a forma do fluído mentomagnético.” (Hernani T. Sant'Anna, Áureo.“Universo e Vida”, FEB, 1994, p.102)

3-Fluido Espiritual

“Não é rigorosamente exata a qualificação de fluidos espirituais, pois que, em definitiva, eles são sempre matéria mais ou menos quintessenciada. De realmente espiritual só a alma ou princípio inteligente. Dá-se-lhes essa denominação por comparação apenas e, sobretudo, pela afinidade que lhes guardam com os Espíritos.
Pode dizer-se que são a matéria do mundo espiritual, razão por que são chamados fluidos espirituais.” (Kardec. “A Gênese”, c. 14, it. 5)


4-Fluido Vital ou Princípio Vital

“Fluido elétrico, magnético ou vital são modificações do fluido universal (FCU), que não é propriamente falando, senão a matéria mais perfeita, mais sutil e que se pode considerar independente.” (Michaelus. “Magnetismo Espiritual”, 6ª. ed., FEB, 1991, c. 2, p. 20)
Trata-se de elemento básico da vida material. Apenas o Espírito encarnado, alma, apresenta fluido vital. Cada pessoa recebe fluido vital compatível com o tempo previsto para duração de sua encarnação.

5-Fluido Perispiritual

Fluido perispiritual ou perispirítico é o traço de união entre o Espírito e a matéria. (Kardec. “A Gênese”, c. 11, it. 17) Trata-se, também, do agente de todos os fenômenos espíritas, que só se pode produzir pela ação recíproca dos fluidos que emitem o médium e o Espírito. (Kardec. “Obras Póstumas”, Parte 1, “Manifestações dos Espíritos”, p. 57)

6-Qualidades dos Fluidos

-AÇÃO DO PENSAMENTO: “Sendo os fluidos o veículo do pensamento, este atua sobre aqueles como o som atua sobre o ar; eles nos trazem o pensamento como o ar nos traz o som.” (Kardec. “Obras Póstumas”, P. 1, p. 115)
-COR: Varia conforme o estado evolutivo do Espírito, emoções, saúde física, psíquica ou moral.
-DENSIDADE: Podem apresentar desde a alta densidade da matéria mais bruta e sólida até a sutileza dos elementos etéreos e puros dos mundos perfeitos e felizes.
-VIBRAÇÃO: Varia de acordo com o tipo de mundo e as características do Espírito. Cada qualidade de mundo apresenta faixa vibratória que lhe é própria e dentro deste intervalo de vibrações habitam Espíritos que mantêm semelhante sintonia.
-PLASTICIDADE: Manipulação dos fluidos, que os Espíritos fazem por pensamento e vontade.
-DOAÇÃO: Os fluidos podem ser transferidos de um ser para outro, como sucede em certos processos de cura e na terapia de passes.
ATMOSFERA FLUÍDICA - “Os maus pensamentos corrompem os fluidos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável” - (Kardec, “A Gênese”, c. 14, it. 16).
Vimos que o pensamento exerce uma poderosa influência nos fluidos espirituais, modificando suas características básicas. Os pensamentos bons impõem-lhes luminosidade e vibrações elevadas que causam conforto e sensação de bem estar às pessoas sob sua influência. Os pensamentos maus provocam alterações vibratórias contrárias às citadas acima. Os fluidos ficam escuros e sua ação provoca mal estar físico e psíquico.
Pode-se concluir assim, que em torno de uma pessoa, de uma família, de uma cidade, de uma nação ou planeta, existe uma atmosfera espiritual fluídica, que varia vibratoriamente, segundo a natureza moral dos Espíritos envolvidos.
À atmosfera fluídica associam-se seres desencarnados com tendências morais e vibratórias semelhantes. Por esta razão, os Espíritos superiores recomendam que nossa conduta, nas relações com a vida, seja a mais elevada possível. (Portal do Espírito, www.espirito.org.br /Projeto Reler)

Bibliografia: Allan Kardec. “A Gênese”, c. 6, 11 e 14; Francisco Cândido Xavier, médium, André Luiz, Espírito. “Evolução em Dois Mundos”, Rio de Janeiro, ed. FEB, c. 13; João Berbel. “O Livro dos Fluidos”, São Paulo, Ed. DPL, 2001; Michaelus. “Magnetismo Espiritual”, 6ª. ed., FEB, 1991.

Wednesday, June 06, 2007

Aula 16 - Propriedades do Perispírito



PLASTICIDADE
O Perispírito possui extremo poder plástico, adaptando-se às ordens mentais que brotam continuamente do Espírito.
Vale a máxima: “Pensou, Vibrou, Plasmou.” Assim, a apresentação perispiritual são modeladas pelo estado psíquico do Espírito, podendo portar o perispírito objetos como óculos, que de nada lhe servem.
“O crescimento intelectual, com intensa capacidade de ação, pode pertencer a inteligências perversas. Daí a razão de encontrarmos, em grande número, compactas falanges, operando nos círculos da perturbação e da crueldade, com admiráveis recursos de modificação nos aspectos em que se exprimem.” (...) “Os anjos caídos não passam de grandes gênios intelectualizados com estreita capacidade de sentir. Apaixonados, guardam a faculdade de alterar a expressão que lhes é própria, fascinando e vampirizando nos reinos inferiores da natureza.” (Francisco Cândido Xavier, Médium, Emmanuel, Espírito. “Roteiro”, 9ª ed. Rio de Janeiro: FEB)

DENSIDADE
O Perispírito trata-se de porção de matéria quintessenciada, e, como matéria, possui densidade que varia de acordo com o grau de evolução do Espírito.

PONDERABILIDADE
O Perispírito possui massa imperceptível para os instrumentos dos encarnados terrenos, mas mensurável na dimensão espiritual. A condição vibratória de seus fluidos não apresenta uma massa que se possa medir na Terra.

LUMINOSIDADE
A luminosidade, como a densidade, desponta como uma característica muito pessoal do Espírito.
Esta luminosidade é o que os sensitivos e videntes identificam como “aura”.
“Por sua natureza, possui o Espírito uma propriedade luminosa que se desenvolve sob o influxo da atividade e das qualidades da alma. (...) A intensidade da luz está na razão da pureza do Espírito: as menores imperfeições morais atenuam-na e enfraquecem-na.”
“A luz irradiada por um Espírito será tanto mais viva, quanto maior o seu adiantamento. Assim, sendo o Espírito, de alguma sorte o próprio farol, verá proporcionalmente à intensidade da luz que produz, do que resulta que os Espíritos que não a produzem acham-se na obscuridade.” (Kardec. “O Céu e o Inferno”, 39ª ed., Rio de Janeiro: FEB, 1994, p.292)‏

PENETRABILIDADE
O Perispírito, também em função de suas características vibratórias, possui natureza etérea que lhe permite atravessar qualquer barreira física terrena.
“Matéria nenhuma lhe opõe obstáculo; ele as atravessa todas, como a luz atravessa os corpos transparentes.”
“Daí vem que não há como impedir que os Espíritos entrem num recinto inteiramente fechado.” (Kardec. “Obras Póstumas”, FEB, pp.47-48)

VISIBILIDADE
O Perispírito é completamente invisível para os olhos físicos. Não o é para os Espíritos. Aos encarnados vê-lo só é possível para pessoas preparadas mediunicamente, pela propriedade chamada “os olhos da alma”.
Na espiritualidade os desencarnados menos adiantados percebem o corpo perispiritual de seus pares, captando-lhes o aspecto geral. Por afinidade vibratória, vêem os seres em sua mesma faixa de sintonia. Os Espíritos Superiores, no entanto, podem identificar os Espíritos de menor grau de elevação e pesquisar sua intimidade perispirítica.

CORPOREIDADE
O Perispírito resulta das projeções do Espírito, exercendo papel de modelo do corpo físico (MOB). Por esta propriedade, o Perispírito vai moldando o corpo físico, regendo o desenvolvimento embrionário e fetal e imprimindo às células e tecidos em formação as suas características.

TANGIBILIDADE
O Perispírito, com o devido suporte ectoplasmático, pode tornar-se materialmente tangível, no todo ou em parte. Esta característica depende da ação de médiuns encarnados doadores de fluido condensado, o ectoplasma.

SENSIBILIDADE GLOBAL
É a propriedade do Perispírito que popularmente se chama “os olhos da alma”.
César Lombroso estudou médiuns que apresentavam transposição de sentidos, isto é, capazes de perceber estímulos por vias físicas impróprias para isso. Observou casos em que uma pessoa lia com a orelha, outra, sentia odores com o queixo.

SENSIBILIDADE MAGNÉTICA
O Perispírito possui características eletro-magnéticas, como um campo de força. Assim, é sensível à ação magnética.
O Espírito é sensível às influências de energia ambiental que o envolvem (psicosfera) e é esta propriedade que lhe permite absorver, assimilar e transmitir a energia espiritual que capta ou recebe.

EXPANSIBILIDADE
O Perispírito pode expandir-se, ampliando o seu campo de sensibilidade e, também, de percepção.
A expansibilidade perispirítica é a base dos principais processos mediúnicos. Esta propriedade também é chamada emancipação da alma.

BICORPOREIDADE
O Perispírito pode apresentar bicorporeidade ou desdobramento. Trata-se da capacidade de atingir um estado de desprendimento do corpo físico, podendo, em certas situações, tornar-se visível ou tangível. Não restrito às lides medianímicas, verificando-se comumente o desdobramento noturno durante o sono do corpo físico.
“Por muito extraordinário que seja tal fenômeno, como todos os outros, se compreende na ordem dos fenômenos naturais, pois que decorre das propriedades do perispírito e de uma lei natural.” (Kardec. “Obras Póstumas”. 26ª ed., FEB, pp. 56-57)‏

UNICIDADE
A estrutura do Perispírito é única. Assim, não há perispíritos iguais, como, a rigor, inexistem almas idênticas.
Esta propriedade é indicadora da manutenção da individualidade do Espírito.
“A idéia do grande todo não implica, necessariamente, a da fusão dos seres em um só. Um soldado que volta ao seu regimento, entra em um todo coletivo, mas não deixa, por isso, de conservar sua individualidade.
O mesmo se dá com as almas que entram no mundo dos Espíritos, que para elas é, igualmente, um todo coletivo: o todo universal. É neste sentido que deve ser entendida esta expressão na linguagem de certos Espíritos.” (Kardec. “Iniciação Espírita”, 13ª ed., Sobradinho: EDICEL, 1995, p. 213)‏

PERENIDADE
O Perispírito acompanha o Espírito em sua marcha evolutiva, não perecendo junto com o corpo físico.
“A alma se encontra unida à substância perispirítica, que coisa nenhuma pode destruir...
Nem os milhões de graus de calor dos sóis ardentes, nem os frios do espaço infinito têm ação sobre esse corpo incorruptível e espiritual. Somente a vontade pode modificar, não, porém, mudando-lhe a substância, mas expurgando-a dos fluidos grosseiros de que se satura no começo de sua evolução.” (Gabriel Delanne, “A Alma é Imortal”, 6ª ed, Rio de Janeiro: FEB, 1990, p. 288)‏

MUTABILIDADE
O Perispírito, no decorrer do processo evolutivo, modifica-se em estrutura, forma e atmosfera fluídica.
-Estrutura e Forma: variam de acordo com o tipo hominal;
-Atmosfera fluídica: muda à medida que o Espírito evolui.
Há mundos em que os homens medem mais de 3m; noutros, nasce-se com guelras para facilitar a natação; em alguns, há o recurso de asas; todas estas características físicas encontram correspondência no intermediário perispiritual.

CAPACIDADE REFLETORA
O Perispírito reflete contínua e incessantemente os estados mentais do Espírito. Todo pensamento encontra imediata ressonância na estrutura perispiritual, gerando:
-uma imagem, que pode formar a chamada forma-pensamento;
-reflexos energéticos, de acordo com a carga emocional, irradiando impulsos que repercutem nos centros vitais, no sistemas nervoso, endócrino, sangüíneo, e nas células, influenciando em seu equilíbrio e desempenho. “Pensou, Vibrou, Plasmou.”

ODOR
O Perispírito pode apresentar odor particular.
Certos médiuns chegam a captar odores, agradáveis ou não, indicativo da evolução dos Espíritos presentes.
Na espiritualidade, há regiões infestadas de miasmas pestilentos, a exalarem odores tão fétidos que se tornam insuportáveis. Estes odores são exalados pelos perispíritos dos habitantes destas regiões. Espíritos superiores, entretanto, podem exalar aromas.

“Todas as criaturas vivem cercadas pelo halo vital das energias que lhes vibram no âmago do ser e esse halo é constituído por partículas de força a se irradiarem por todos os lados, impressionando-nos o olfato, de modo agradável ou desagradável, segundo a natureza do indivíduo que as irradia.
Assim sendo, qual ocorre na própria Terra, cada entidade aqui se caracteriza por exalação peculiar.” (Francisco Cândido Xavier, Médium, André Luiz, Espírito, “Ação e Reação”, Rio de Janeiro, Ed. FEB, 17ª.ed.,1996, c.5, p.64)

TEMPERATURA
O Perispírito pode apresentar, pelo menos em intercâmbios mediúnicos, temperatura própria.
Muitos médiuns registram uma espécie de gélido torpor, com a avizinhação de Espírito sofredor, ou, ao contrário, uma cálida sensação de bem-estar, quando da aproximação de um Espírito superior.


Bibliografia: Gabriel Delanne, “A Alma é Imortal”, Rio de Janeiro: FEB, 6ª ed, 1990; Jacob Melo, “O Passe”, FEB; Robson Pinheiro, “Medicina da Alma”, Casa dos Espíritos Editora, 2ª. ed., 2007; Zalmino Zimmermann, “Perispírito”, Campinas, ed. CEAK, 2ª ed.,2000;

Wednesday, May 30, 2007

Aula 15 - Perispírito

PERISPÍRITO: É um envoltório semimaterial que prende o Espírito ao corpo físico. Também chamado “corpo etéreo”, “duplo etérico” ou “corpo astral”, ele participa ao mesmo tempo da eletricidade, do fluido magnético e, até certo ponto, da matéria inerte. Poder-se-ia dizer que é a quintessência da matéria.

É o princípio da vida orgânica, porém não o da vida intelectual, que reside no Espírito.
É, além disso, o agente das sensações exteriores.
No corpo, os órgãos, servindo-lhes de condutos, localizam essas sensações. Destruído o corpo, elas se tornam gerais.

O Espírito é uma energia, dizemos “centelha da divina inteligência”, que não pode ocupar e interagir diretamente com o corpo físico, este extremamente denso e pesado, sobretudo em mundos inferiores. Faz-se necessário um molde: o Perispírito, o elo interexistencial, um corpo intermediário, vaporoso, de matéria sutil, que lhe permite manusear o envoltório carnal.
O Perispírito é o intermediário de todas as sensações que o Espírito recebe e pelo qual transmite sua vontade ao exterior e atua sobre os órgãos do corpo.


ORIGEM: “De onde tira o Espírito o seu envoltório semimaterial?
Do fluido universal de cada globo. É por isso que ele não é o mesmo em todos os mundos; passando de um mundo para outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa.” (Kardec, “O Livro dos Espíritos”, q. 94)

NATUREZA: Constituído de matéria sutil, intangível, em função de seu estado fluídico, sua condensação será maior ou menor de acordo com a natureza peculiar de cada mundo, e segundo o grau de evolução do Espírito.

LIGAÇÃO COM O CORPO FÍSICO: A união do Espírito ao corpo físico começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção, o Espírito, ainda que errante, está ligado por um liame fluídico ao corpo com o qual se deve unir. Este liame se estreita cada vez mais à medida que o corpo se desenvolve. Desde esse momento, o Espírito é tomado de uma perturbação que aumenta sem cessar. (Kardec, “O Que é o Espiritismo?”, c. 3, q. 116)

“O embrião à medida que vai se desenvolvendo, multiplica o número das células e aumenta a área de fixação do corpo espiritual, o qual se prende às moléculas do corpo físico em formação. Ao concluir a gestação, teremos um recém-nato constituído de um grande número de células que comporão as malhas da rede que retém o corpo perispiritual.” (Ricardo Di Bernardi, “Gestação Sublime Intercâmbio”)

DESLIGAMENTO: Com o processo de morte física, sucede o desprendimento dos laços fluídicos entre corpo físico e Perispírito, desvencilhando-se pouco a pouco com o desligamento de átomo por átomo.

FUNÇÕES DO PERISPÍRITO:
1-Modelo Organizador Biológico (MOB);
2-Adaptação às circunstâncias ambientais;
3-Registro das vivências;
4-Exteriorização dos pensamentos do Espírito.

Sir William Crookes, Katie King e os fenômenos físicos


1-As Experiências de Sir William Crookes (de 1870 a 1874)

O professor William Crookes (Londres, 17/6/1832-Londres, 4/4/1919) era físico e químico inglês, foi o descobridor do elemento químico Túlio e dos raios catódicos, estudos inúmeros casos de mediunidade e documentou numerosos casos de efeitos físicos.
William Crookes iniciou as primeiras pesquisas no Espiritismo, que foram publicadas na integra em 1874, causando grande tumulto o que ameaçou de expulsão da Sociedade Real o cientista, que passou a ser mais cauteloso em suas opiniões quando exprimidas publicamente.

Entre 1870 e 1873, investigou fenômenos mediúnicos relacionados a médiuns como Kate Fox, Daniel Douglas Home e Florence Cook.

Realizou experiências com materializações com a médium Miss Florence Cook, à época com 15 anos de idade.

Em 1874 Crookes tirou 44 fotos de um espírito materializado, que se chamava Katie King. Durante estas experiências, Crookes comprovou que a luz incidente sobre o médium de efeitos físicos, quando em transe, lhe é prejudicial (com raríssimas exceções) e que o médium também sofre severo desgaste de energias.

Em certa ocasião, o investigador registrou os batimentos cardíacos de Katie e da médium. Katie apresentou 75 pulsações por minuto, quando a médium, examinada em seguida, exibia 90 batidas, valor que lhe era habitual. Os pulmões de Katie se mostravam muito mais sadios do que os da moça que, à época, estava fazendo tratamento médico de uma forte bronquite.

Foram feitos experimentos com o efeito da luz sobre o ectoplasma e o espírito materializado começou a desfazer-se gradativamente.
Pesquisas no campo da transfiguração demonstraram que o ectoplasma, sendo insuficiente para construir a figura completa, é usado para revestir o médium de modo que este possa formar a fisionomia desejada.
Ficou comprovado também que o peso de objetos pode ser alterado para mais ou para menos conforme a vontade do espírito. Instrumentos musicais foram tocados sem contato das mãos.


2-O Espírito Katie King

Ecotoplasmia: É a formação de diversos objetos, que muitas vezes parecem sair do corpo humano, tomando a aparência de um corpo ou coisa com realidade material (vestuário, véus, corpos vivos), podendo até ser tangível.

As ectoplasmias de Katie King estão entre as pesquisas mais importantes e conhecidas de Crookes. Envolveram a médium Florence Cook (1856-1904) e renderam uma série de fotografias obtidas numa sessão realizada em 1874.

Na época em que entrou em contato com William Crookes, a médium já era conhecida por materializar o espírito de Katie King, pseudônimo adotado pelo espírito de Annie Owen Morgan, e que era o espírito-guia de Florence.

A jovem procurou Crookes e pediu que ele investigasse sua mediunidade após um incidente ocorrido durante uma sessão de materialização. Ela se encontrava dentro de uma cabine, amarrada, e com um lacre impresso com o sinete do anel do conde de Caithness, um dos que acompanharam a sessão. Quando Katie King surgiu, um dos presentes, W. Volckman, desconfiou de fraude e avançou contra Katie, agarrando uma de suas mãos e prendendo-a pela cintura. Volckman disse que Katie se libertou com violência, enquanto um advogado que também acompanhava o evento disse que ela escapuliu sem deixar qualquer traço de sua existência corporal, inclusive dos véus brancos que a envolviam. Depois de se restabelecer a calma no aposento, abriram a cabine e encontraram Florence do mesmo jeito em que estava antes, inclusive com o lacre nas amarras que a envolviam. Diz-se que, como resultado desse incidente, a jovem adoeceu.

As primeiras experiências apresentaram uma ectoplasmia em que Katie King se assemelhava um pouco à própria Florence Cook.

Posteriormente, as sessões foram organizadas no laboratório de Crookes, e foi nesse local que ocorreram as melhores ectoplasmias; as fotografias obtidas mostravam, ao mesmo tempo, a materialização e a médium. Na narração de Crookes: “[...1 Voltando ao meu posto de observação, Katie apareceu de novo e disse que pensava poder mostrar-se a mim ao mesmo tempo que a sua médium. Abaixou-se o gás e ela pediu-me a lâmpada fluorescente. Depois de ter se mostrado à claridade durante alguns segundos, restitui-me, dizendo: ‘Agora entre e venha ver a minha médium’. Acompanhei-a de perto à minha biblioteca e, à claridade da lâmpada, vi a srta. Cook estendida no canapé, exatamente como eu a tinha deixado; olhei em tomo de mim para ver Katie, porém ela havia desaparecido...”

Em outra ocasião, ele também teve oportunidade de ver a materialização e a médium ao mesmo tempo, e teve permissão para abraçar Katie King. Ao escrever sobre esse momento no The Spiritualist, Crookes disse que “[...] O sr. Volckman ficará satisfeito ao saber que posso corroborar a sua asserção de que o 'fantasma' (que, afinal, não fez nenhuma resistência) era um ser tão material quanto a própria srta. Cook”.

Nenhum ataque que Crookes sofreu ao longo de sua vida resultou em qualquer alteração em seus pontos de vista, uma vez que ele estava certo de ter realizado as experiências com a abordagem e os controles científicos corretos. Em 1898, ele escreveu que, apesar de terem se passado trinta anos desde que realizou e publicou os resultados de suas primeiras experiências, ele não tinha nada de que se retratar, e nada que alterar.

Fontes: IPPB, http://www.ippb.org.br e Espiritismo é Cristão, http://www.sitepalace.com/espiritismoehcristao/Materiali.html


3-Katie King e a luz

Perguntaram um dia a Katie King (Espírito que se materializava através da médium Srta. Cook) por que não podia mostrar-se sob uma luz mais forte. (Ela só permitia aceso um bico de gás e esse mesmo com a chama muito baixa). A pergunta pareceu irritá-la, enormemente. Respondeu assim: “Já vos tenho declarado muitas vezes que não me é possível suportar a claridade de uma luz intensa. Não sei por que me é isso impossível; entretanto, se duvidais de minhas palavras, acendei todas as luzes e vereis o que acontecerá. Previno-vos, porém, de que se me submeterdes a essa prova, não mais poderei reaparecer diante de vós. Escolhei”.

As pessoas presentes se consultaram entre si e decidiram tentar a experiência, a fim de verem o que sucederia. Queríamos tirar definitivamente a limpo a questão de saber se uma iluminação mais forte embaraçaria o fenômeno de materialização. Katie teve aviso da nossa decisão e consentiu na experiência. Soubemos mais tarde que lhe havíamos causado grande sofrimento.

O Espírito Katie se colocou de pé junto à parede e abriu os braços em cruz, aguardando a sua dissolução. Acenderam-se os três bicos de gás. (A sala media cerca de dezesseis pés quadrados).

Foi extraordinário o efeito produzido sobre Katie King, que apenas por um instante resistiu à claridade. Vimo-la em seguida fundir-se, como uma boneca de cera junto de ardentes chamas. Primeiro, apagaram-se-lhe os traços fisionômicos, que não mais se distinguiam.

Os olhos enterraram-se nas órbitas, o nariz desapareceu, a testa como entrou pela cabeça.

Depois, todos os membros cederam e o corpo inteiro se achatou, qual um edifício que desmorona. Nada mais restava do que a cabeça sobre o tapete e, por fim, um pouco de pano branco, que também desapareceu, como se o houvessem puxado subitamente. Conservamo-nos alguns momentos com os olhos fitos no lugar onde Katie deixara de ser vista.
Terminou assim aquela memorável sessão.

Gabriel Delanne in "A Alma é Imortal"

Fonte: Portal do Espírito: www.espirito.org.br

Wednesday, May 23, 2007

Aula 14 – Lei de Justiça, de Amor e de Caridade

1-Justiça e Direitos Naturais.

O sentimento de justiça está presente em todos os seres, desde aqueles que apresentam as inteligências mais simples e primitivas até nos elementos das sociedades mais desenvolvidas, com maior grau de esclarecimento e conhecimento moral.
A vida segundo a justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos demais. Trata-se da prática diária da Lei de Ouro da Moral: “Faça ao outro o que gostaria que este te fizesse.”
Os direitos naturais se originam do amor de Deus e se apresentam igualmente em toda a divina criação, constituindo-se de preceitos eternos e imutáveis. Da lei natural decorrem as leis morais, normas não ditadas pela humanidade, porém imprescindíveis para sua evolução. As leis morais não têm um tribunal na concepção e forma materiais, mas outra qualidade de instituto julgador: a consciência do próprio Espírito, que avalia suas atitudes mais cedo ou mais tarde.
A vida em sociedade possui normas, direitos e obrigações recíprocas.
No orbe terrestre adota-se as leis humanas, regulamentos que expressam desejos pessoais, costumes, peculiaridades, imperfeições, tribunais humanos, direitos e leis mutáveis.
As leis humanas perecem juntamente com as instituições terrenas.
Tanto na lei natural quanto nas leis terrenas necessário se faz respeitar os direitos dos semelhantes.
O verdadeiro justo é aquele que pratica a justiça em toda a sua pureza.

2-Direito de propriedade. Roubo.

O primeiro de todos os direitos naturais do homem é o direito de viver, assim ninguém pode atentar contra a própria vida nem contra a de seu semelhante, nem mesmo cometer ações que lhe possam compromter a existência corporal.
O acúmulo de bens através do trabalho honesto está em harmonia com as leis morais. O direito à propriedade que resulta deste labor é um direito natural, tão sagrado quando o direito ao trabalho e à vida.
A expropriação de coisas alheias sem devido mérito pelo trabalho fere as leis morais e não se justifica, pois mesmo em situação de privação material o homem pode estar atravessando prova árdua, mas necessária a seu aprendizado encarnatório.
Por outro lado, o desejo insaciável de possuir bens, sem utilidade para ninguém ou para alimentar suas paixões é violação das leis morais.
As leis humanas são imperfeitas, assim a situação que parece perfeita hoje, pode ser vista como uma barbárie no futuro. Temos o exemplo da escravidão, instituto em voga na Antigüidade e que se tornou ilegal em todo o mundo.

3-Caridade e Amor ao Próximo.

A caridade em seu verdadeiro sentido é a benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.
É viver o ensinamento de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como irmãos.”

4-Amar os inimigos.

Amar o inimigo quer dizer exercitar o pedão e a tolerância de maneira a respondermos o mal com o bem. Exercer a vingança como à maneira da Lei de Talião (“Olho por olho, dente por dente”) é colocar-se abaixo daqueles por que se tem inimizade.

5-Esmola.

Pedir esmola constitui degradação física e moral que embrutece o homem. A sociedade deve prover meios de sustento aos mais fracos, sem que haja humilhação, assegurando-se a existência das pessoas incapacitadas para o trabalho.
Por outro lado, a Doutrina Espírita não reprova a esmola, mas o modo como ela habitualmente é dada. O homem de bem deve ofertar sua ajuda sem esperar qualquer coisa em troca. Certo provérbio oriental ensina que “se você der um peixe a um homem faminto, saciará sua fome por um dia; se você ensiná-lo a pescar, ele se alimentará pelo resto da vida.”

6-Amor materno e filial.

O amor materno é um sentimento instintivo e uma virtude, comum aos homens e aos animais. Entre os animais, restringe-se à necessidades materiais dos filhotes. No homem, comporta devotamento e abnegação, persistindo pela vida inteira e no além-túmulo.

7-Desafeição entre pais e filhos.

A desafeição entre mãe e filho pode ser uma prova escolhida pelos Espíritos em decorrência de vidas pregressas. No passado, uma mãe ou pai mau, ou ainda, o filho rebelde e refratário ao bem, todos terão oportunidades de aprendizado. Os Espíritos serão recompensados pelo seu triunfo e abnegação pela vida que seguirem nas relações familiares exercitando o amor e a caridade.
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-Bibliografia: Allan Kardec. "O Livro dos Espíritos”, q. 873 a 892; Richard Simonetti, “A Constituição Divina”, 12ª ed., 1995, pp. 109 a 126.

Wednesday, May 16, 2007

Aula 13 - Lei de Liberdade


A Lei de Liberdade funciona para os homens, dentro de limites que se lhes fazem necessários, a fim de que, exercendo-a, aprendam a ser livres e não libertinos; independentes, sem prepotência; liberais, mas não permissivos. (Divaldo P. Franco, médium, Manoel P. De Miranda, Espírito. “Loucura e Obsessão”, 6ª ed., 1994, p. 320)

1-Liberdade Natural
A vida em comunidade nos obriga a respeitar limites. Desde o convívio na célula familiar até o relacionamento em grandes grupos, como na vida pública, impõem-se a obediência a regras, obrigações, leis. Contudo, isto não impede que toda pessoa seja senhora de si, mas visa estabelecer a vida em harmonia e condições para o bem comum.

2-Escravidão
Leis ou regimes humanos que impõem o jugo de certas pessoas, povos ou raças constituem violação à lei natural. Ninguém deve cometer tal abuso de força, que é contrário à lei de Deus.

3-Liberdade de Pensamento
Através do pensamento o homem pode vivenciar liberdade sem limites. Todos somos responsáveis perante Deus do uso que damos a nossos pensamentos, especialmente na qualidade de nossas idéias e na formação de nossa atmosfera mental.

4-Liberdade de Consciência. As diferentes crenças.
“A toda criatura é concedida a liberdade de pensar, falar e agir, desde que essa concessão subentenda o respeito aos direitos semelhantes do próximo.
Desde que o uso da faculdade livre engendre sofrimento e coerção para outrem, incide-se em crime passível de cerceamento daquele direito, seja por parte das leis humanas, sem dúvida nenhuma através da Justiça Divina.
Graças a isso, o limite da liberdade encontra-se inscrito na consciência de cada pessoa, que gera para si mesma o cárcere de sombra e dor, a prisão sem barras em que expungirá mais tarde, mediante o impositivo da reencarnação, ou as asas de luz para a perene hamonia.” (Divaldo P. Franco, médium, Joanna De Ângelis, Espírito. “Leis Morais da Vida”, 6ª ed., 1994, p. 184)
Toda crença é respeitável quando é sincera e conduz à prática do bem. São reprováveis as crenças que conduzem ao mal, como as que visam semear a desunião ou estabelecer uma demarcação dos filhos de Deus.

5-Livre-arbítrio
O livre arbítrio existe no estado de Espírito, com a escolha da existência das provas e no estado corpóreo, com a faculdade de ceder ou resistir aos arrastamentos aos quais nos submetemos voluntariamente.
“O homem goza do livre-arbítrio a partir do momento em que manifesta a vontade de agir livremente; porém, “nas primeiras fases da vida a liberdade é quase nula; ela se desenvolve e muda de objeto com as faculdades.”(LE, q. 844) A liberdade de agir, portanto, é relativa, pois depende, primeiramente, da vontade de realizar algo. No princípio de seu desenvolvimento, o Espírito ainda não sabe direcionar sua vontade, senão para satisfação de suas necessidades básicas. Neste caso, prevalece o instinto. Uma vez ampliada a sua consciência, novos interesses surgem. À medida que sua vida vai se tornando complexa, o livre-arbítrio é limitado pela atuação da lei de causa e efeito, até que o ser consiga libertar-se do círculo das reencarnações e aí seu exercício torna-se pleno.” (FEESP, “Curso Preparatório de Espiritismo”, Área de Ensino, 15ª ed., 2001, p.102)

6-Fatalidade
A fatalidade se situa apenas nas provas que o Espírito escolhe sofrer quando encarna. Constituem os degraus de reparação de eventos que provocou em vidas pregressas.
Só há fatalidade com relação aos acontecimentos materiais, nunca nas opções morais.
As ações de violência, crimes ou roubos expressam atitudes pautadas por opções pessoais que não fazem parte dos planos da Criação, e quem lhes dá causa responderá mais cedo ou mais tarde por seus atos, sujeitando-se a dolorosas experiências regeneradoras.

7-Conhecimento do Futuro
O conhecimento do futuro é ocultado dos Espíritos encarnados para auxiliá-los em sua jornada terrena. A informação sobre acontecimentos vindouros poderia prejudicar o trabalho desinteressado e a busca pela perfeição, induzindo o homem aos desvios morais.

8-Motivação das Ações Humanas
Não somos fatalmente conduzidos ao mal; nossos atos não “estavam escritos”; nem estamos sumetidos a um decreto do destino. Nas ações do bem ou do mal, o que se expressa são as escolhas individuais, ou seja, a ação do livre arbítrio e o uso da liberdade de cada um. Ao nos submetermos com resignação às provas que escolhemos, crescemos moralmente, buscando condições mais felizes de existência. Somos responsáveis por nossas escolhas e nossas faltas se originam das imperfeições de nosso próprio Espírito. As provas da vida podem ser vencidas com resignação, e podemos contar com a assistência dos bons Espíritos para não sucumbirmos às tentações do mundo material.

-Bibliografia: Allan Kardec. "O Livro dos Espíritos”, q. 825 a 872; Richard Simonetti, “A Constituição Divina”, 12ª ed., 1995, pp. 109 a 126.