2. ano Aula-05: Anjos e Demônios
1-Anjos e demônios
Muitas tradições religiosas alegam que Deus criou anjos ou gênios, Espíritos benevolentes, próximos a Si e com supremacia sobre as outras criaturas, atuando como Seus mensageiros.
Genericamente, o termo “anjo” designa Espíritos não encarnados, atuando para o bem, - como anjos de luz, mensageiros de Deus, anjos da guarda -, ou para o mal, - demônios ou anjos caídos.
2-Anjos segundo a Igreja
Há dois gêneros de criaturas: - espiritual (angelical); e a corporal (mundana). No gênero espiritual a existência é puramente espiritual, destituída da matéria. Quanto ao gênero corporal, sua vida é puramente material e os seres apresentam um vínculo espiritual com a matéria, a alma.
Os anjos são seres criados por Deus para auxiliá-lo em sua obra.
Para a Igreja há três hierarquias de anjos, com papéis específicos: 1ª) Exercem funções no Céu; 2ª) Governo geral do Universo; e 3ª) Direção das sociedades e das pessoas.
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| 1ª Hierarquia |
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| SERAFINS | QUERUBINS | TRONOS |
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| 2ª Hierarquia |
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| DOMINAÇÕES | VIRTUDES | POTÊNCIAS |
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| 3ª Hierarquia |
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| PRINCIPADOS | ARCANJOS | GUARDIÕES |
3-Anjos segundo o Espiritismo
A Doutrina Espírita refuta a tese da Igreja, pois não compactua que Deus crie seres privilegiados e puros, derrogando, assim, sua lei de evolução, ou ainda, que condene outras criaturas a perdurarem eternamente no mal, caso dos chamados “anjos caídos” ou “demônios”.
Há Espíritos que, por ignorância, ficam por algum tempo (e não eternamente) voltados para ações más, porém tendo oportunidade de, a qualquer momento, renunciarem ao mal e retomarem sua caminhada no sentido do bem, rumo à perfeição.
4-Origem da crença nos demônios
Povos primitivos e centrados na ignorância e no medo acreditavam em sistemas religiosos com uma divindade do bem e outra líder do mal.
Os homens fizeram com os demônios o que fizeram com os anjos. Como acreditaram na existência de seres perfeitos desde toda a eternidade, tomaram os Espíritos inferiores por seres perpetuamente maus.
5-Origem dos demônios segundo a Igreja
O Papa Inocêncio III, durante o Concílio Latrão IV, em 1215, declarou a crença da Igreja nos demônios, que seriam anjos criados bons, mas que caíram em pecado. Em princípio eram anjos, contudo, revoltaram-se pelo fato de Deus lhes impor subordinação a seu Filho, Jesus. Lúcifer liderou o grupo (um terço dos anjos) que foi expulso das esferas celestiais para abrigar-se eternamente nas profundezas terrenas, longe da face de Deus.
6-Demônios segundo o Espiritismo
A tese de seres voltados para sempre ao mal não procede, pois Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, para aprenderem e alcançarem a perfeição, não direcionando sua criação para o mal.
Por demônios se devem entender, portanto, os Espíritos impuros ou imperfeitos, que se rebelam contra as suas provas e por isso as sofrem mais longamente, mas, no momento certo, chegarão a sair daquele estado, quando o quiserem.
Poder-se-ia, pois, aceitar o termo demônio com esta restrição. Como o entendem atualmente, dando-se-lhe um sentido exclusivo, ele induziria em erro, com o fazer crer na existência de seres especiais criados para o mal.
Assim, estes Espíritos vivem situação transitória e vão evoluir para estágios mais felizes à medida em que se esclarecerem intelectual e moralmente.
“Se isto fosse verdade, se o demônio existisse, Deus não seria onipotente.
A invenção, pois, do demônio, do inferno e das penas eternas, necessárias, quando a Humanidade atrasada e ainda embrutecida só podia ser contida pelo terror levado ao fantástico, hoje é coisa que já fez seu tempo, que a Razão e a consciência repelem por blasfêmia, invenção que tem sido, como outras idéias remotas, sustentadas pela Igreja, a causa real do materialismo moderno.
O demônio, portanto, não passa de uma criação humana, por isto, firmada no fato inquestionável das tentações e perseguições invisíveis, mas um fato que é hoje perfeitamente explicável (e verificado experimentalmente) pela ação dos Espíritos, sim, porém, Espíritos da nossa espécie, que, sendo, ainda, muito atrasada, e, por isto, ainda se regozijando no Mal que faz, atua sobre nós, exatamente, como a Igreja diz que atuam os demônios.
O Espiritismo, portanto, não pode ser diabolismo, pela simples razão de que não existe o diabo, em que pese ao ilustre pregador, vítima de lamentável fanatismo.” (Bezerra de Menezes)
-Bibliografia: Allan Kardec. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. 3; Allan Kardec, "O Céu e o Inferno", cap. 8 e 9; Allan Kardec. "O Livro dos Espíritos”, q. 128 a 131 e 361 a 378; Bezerra de Menezes, “Espiritismo, Estudos Filosóficos”, vol. 3, FAE Fraternidade Assistencial Esperança, São Paulo, 2001, p. 214.
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