Wednesday, April 05, 2006

Aula 08 – Lei de Conservação

1-Instinto de Conservação
O instinto de conservação é uma lei da natureza e se faz presente desde as formas mais singelas de vida até os seres de maior complexidade.
A vida é necessária ao aperfeiçoamento de todos, por isso os Espíritos sentem, mesmo que por instinto, a necessidade de viver.

2-Meios de Conservação
Além da necessidade de viver o homem recebe, de acordo com as leis naturais, os meios para garantir sua conservação. A terra devidamente explorada pode fornecer alimentos em medida necessária à manutenção da vida. A negligência e a incompreensão da humanidade geram o mal uso dos recursos naturais, e, em decorrência, os problemas de abastecimento e de escassez. Quando a terra não produz o mínimo necessário às necessidades humanas reflete os desvios de conduta em que o homem emprega recursos e esforços para gerar o supérfluo.

3-Gozo dos Bens Terrenos
Os bens terrenos são destinados a suprir a necessidade de viver da humanidade. O prazer na busca e na posse destes bens possui o aspecto positivo de instigar a humanidade ao cumprimento de sua missão e de submetê-la à prova da tentação. O desperdício e o excesso em relação a estes bens contrariam a lei natural.
4-Necessário e Supérfluo
Toda pessoa deve procurar para si o necessário, ouvindo sua intuição e considerando a experiência própria. As necessidades humanas são insaciáveis, pois a natureza lhe cobra o mínimo para se manter vivo e, entretanto, o homem cria inúmeras outras necessidades artificiais que tendem a desviá-lo de suas necessidades básicas. A estas exigências artificiais chamamos supérfluo. Um automóvel pode representar uma ferramenta de trabalho e um item básico a certas condições de vida, porém um veículo de alto luxo transcende estas características, e assim devemos pontuar nossa reflexão. Quando se acumula os bens terrenos em detrimento das necessidades alheias e para fomentar o supérfluo, o indivíduo gera compromissos pelos quais prestará contas no futuro.
5-Privações Voluntárias. Mortificações
O homem deve prover suas necessidades corporais e buscar seu bem-estar, mas cabe a ele evitar prejudicar alguém ou saciar sua natureza à custa do enfraquecimento das forças morais.
As privações voluntárias podem ser meritórias quando levaram a pessoa a se libertar dos prazeres inúteis e das coisas supérfluas.
Muitas crenças defendem atos de mortificação, que se convertem em egoísmo se seus objetivos não forem servir a quem os pratica e se impedirem a realização do bem.
A verdadeira mortificação que rende mérito ao homem é submeter-se a privações para trabalhar pelos outros.
A busca diária pela sobrevivência dentro das leis morais não é um mal, contudo tornar a luta por bens materiais no único referencial da vida, em detrimento da natureza e do próximo, é incorrer em abuso e contrariar os preceitos divinos.

“Diante de perigo real ou imaginário nosso corpo entra imediatamente em estado de alerta, com a descarga de substâncias como a adrenalina na corrente sanguínea, potencializando nossas energias. É a Natureza agindo em favor de nossa sobrevivência. Isso ocorre com todos os seres vivos. As próprias plantas têm complexos mecanismos de defesa, reagindo a ameaças como a seca, o frio, a enchente, os predadores.
Nos irracionais o instinto de conservação funciona equilibradamente, obedecendo a controles automáticos, sem maiores problemas. Superado o perigo, voltam à normalidade.
No ser humano o mecanismo é mais complexo, posto que, exercitando a inteligência, somos chamados a participar desse controle. A dificuldade reside em nosso despreparo. É natural que, em face de uma ameaça o instinto de conservação mobilize defesas, colocando-nos de prontidão, despertos, ativos ao máximo. Entretanto, trata-se de um estado de exceção que deve ser prontamente superado ou nos esgotaremos, favorecendo a evolução de desajustes físicos e psíquicos. Seria como uma máquina colocada a funcionar em velocidade máxima, ininterruptamente. Em pouco tempo necessitaria de reparos.
É o que ocorre numa guerra, onde os combatentes permanecem por longos períodos em estado de alerta, tensos, preocupados e com medo. Regressando ao lar, soldados que viveram tais experiências nem sempre conseguem retomar à normalidade, situando-se neuróticos, alternando agressividade e depressão, adotando, não raro, um comportamento anti-social.
Na atualidade todos nos sentimos mais ou menos ameaçados. Há a violência urbana, os assaltos, os assassinatos; há a turbulência do trânsito; há a inexorável e assustadora progressão do custo de vida; há as limitações do salário que não atende às necessidades de subsistência. O instinto de conservação permanece "a mil por hora", como se estivéssemos num campo de batalha. E surge o estresse, um esboroamento dos mecanismos de detesa, originando problemas de saúde que jogam mais lenha na togueira das preocupações humanas.
Inúmeros recursos podem ser mobilizados para mudança desse quadro de angústias: lazeres e viagens de espairecimento; o tranquilizante que desacelera o corpo; a medicação que favorece a recomposição de órgãos ate ta dos, bem como recursos espirituais: o passe magnético, a água fluiditicada, a oração, com o que compensamos as perdas determinadas pela tensão.”
(Richard Simonetti)

-Bibliografia: Allan Kardec. "O Livro dos Espíritos”, q. 702 a 727; Richard Simonetti. “A Constituição Divina”, pp. 44-50