Friday, September 15, 2006

Aula 19– Reencarnação ou Pluralidade das Existências

1-Princípio da reencarnação

O Espírito tem a oportunidade da vida corporal como meio de depurar-se. Cada encarnação oferece condições de aprendizado e de superação de provas e de expiações. O ciclo de encarnações é quase infinito, pois passamos por diversos estágios na carne, tendo como objetivo alcançar a perfeição, conquista esta que será efetuada por todos, mais cedo ou mais tarde.

O correto é tratarmos a encarnação como “princípio”, fundamento, e não “dogma”, fideísmo. Dogma no aspecto filosófico é “uma opinião imposta, que não admite contestação”. Princípio é “a proposição lógica sobre a qual se apóia um raciocínio”, e também é “proposição elementar e fundamental que serve de base a uma ordem de conhecimentos”. Assim, entendemos que reencarnação não é dogma, sendo passível de demonstração e comprovação, tanto por via científica quanto mediúnica.


2-Justiça da reencarnação

Todos os Espíritos tendem à perfeição e Deus lhes proporciona os meios de obtê-la, através das provas da vida corporal; mas, em sua justiça, Ele lhes permite realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou acabar numa primeira prova. Não estaria de acordo com a eqüidade, nem segundo a bondade de Deus, castigar para sempre os que encontraram obstáculos à sua evolução, independentemente de sua vontade, no meio em que foram colocados. Se o destino do homem fosse irrevogavelmente fixado após a morte, Deus não teria pesado as ações de todos na mesma balança e não as teria tratado com imparcialidade.


3-Prelúdio do retorno

A reencarnação é uma necessidade à vida espiritual, como a morte é necessária à vida corporal.

Contudo, nem todos os Espíritos na erraticidade se preocupam com sua próxima encarnação, protelando-a, mas não a impedindo de ocorrer.

Em cada período encarnatório, o Espírito recebe o corpo físico mais apropriado à sua situação de provas, expiações e missão. O preparo da encarnação leva muito tempo e exige merecimento do Espírito, além de adequação aos compromissos de outros entes que necessitem de sua proximidade, por exemplo, na composição da família. Geralmente, o Espírito reencarnante sente incertezas quanto a sua incursão na vida corporal, temendo pelas experiências ou por eventual fracasso.


4-Reencarnações

As almas de agora já viveram em tempos distantes; e possivelmente foram bárbaras como os séculos em que estiveram no mundo, mas progrediram; e a cada nova existência trazem o que adquiriram nas existências precedentes; e, por conseguinte, as dos tempos civilizados não são almas criadas mais perfeitas, porém que se aperfeiçoaram por si mesmas com o tempo.

Os estágios do Espírito nos graus inferiores podem ter ocorrido em mundos mais primitivos que a Terra e, não necessariamente, percorre-se apenas uma encarnação em um mesmo mundo.

O Espírito tem que permanecer no mesmo mundo, até que haja adquirido a soma de conhecimentos (intelectuais e morais) e o grau de perfeição que esse mundo comporta.


5-União da alma e do corpo

O intervalo entre as encarnações, quando os Espíritos não se encontram encarnados, denomina-se erraticidade.

A união do Espírito com seu corpo físico inicia-se no momento da concepção. O perispírito sofre processo de miniaturização para facilitar sua ligação ao corpo físico. Os laços fluídicos entre o perispírito e o corpo físico vão se fortalecendo à medida que o embrião se desenvolve. Conforme transcorre a gestação, o Espírito vai perdendo sua consciência e os registros da última encarnação.

Há Espíritos que se arrependem e se recusam a encarnar, situação que pode desencadear seu desligamento fluídico, culminando, ainda, na morte do embrião ou feto desencadeando aborto espontâneo. A interrupção da gravidez provocada ou aborto proposital é um crime segundo leis terrenas e divinas.


6-Considerações sobre a pluralidade das existências

O homem retorna à vida várias vezes, mas não recorda de suas prévias existências, exceto algumas vezes em um sonho, ou como um pensamento ligado a algum acontecimento de uma vida precedente. Ele não pode precisar a data ou o lugar desse acontecimento, apenas nota serem-lhe algo familiares. No fim, todas essas vidas ser-lhe-ão reveladas”. (Manethon, sacerdote sebenita. “Papiro Anana”, Egito, 1320 a.C.)

O livro de Fontane, sobre o Egito menciona uma referência antiga sobre a palingênese (3000 a.C.): 'Antes de nascer a criança já viveu; e a morte não é o fim. A vida é um evento que passa como o dia solar que renasce'

A alma, percorrendo o ciclo da necessidade, muda de forma vivente em cada uma de suas etapas.”(Pitágoras, 580-500 a.C.)

Bibliografia:Allan Kardec. "O Livro dos Espíritos”, q. 166 a 171, 222, 330 a 360; Antônio Geraldo da Cunha. “Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa”: Rio de Janeiro, ed. Nova Fronteira, 2ª ed., 1986; Francisco S. Borba. “Dicionário UNESP do Português Contemporâneo”: São Paulo, ed. UNESP, 2004; Hernani Guimarães Andrade. “Morte, Renascimento, Evolução: Uma Biologia Transcendental”, ed. Didier; Ricardo di Bernardi. “Reencarnação e Evolução das Espécies”.