Wednesday, April 11, 2007

Aula 09 - Lei de Conservação

“Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e a melhoria dos seres vivos.” Kardec,“O Livro dos Espíritos”, q. 728.


A chamada Lei de Destruição, condição indispensável à renovação e à transformação, pode ser considerada como caso particular do que Heráclito de Éfeso (540-480 a.C.) denominava de vir-a-ser ou devir. Dizia ele: “Todas as coisas se movem e nada permanece imóvel (...) A essência, o ‘elemento primordial’ é o vir-a-ser: tudo se acha em perpétuo fluxo, a realidade está sujeita a um vir-a-ser contínuo (...) o único princípio estável da realidade é a lei universal do próprio devir (...).”

O pensamento de Heráclito foi retomado por Aristóteles (384-322 a.C.) e por Hegel (1770-1831). Nascimento, morte, renascimento, renovação constituem o ciclo dinâmico do Universo.
Somente Deus e Suas leis são eternos e imutáveis.
(Paulo de Tarso São Thiago, "Lei de Destruição" in Revista Reformador, FEB, Dezembro/2000)


1-Destruição Necessária e destruição abusiva
Destruição é uma lei natural necessária à regeneração moral dos Espíritos. Na natureza a destruição tem seu papel com sua adequada ligação a todo e seu ciclo vital.
A destruição é abusiva quando provocada antes do tempo necessário, quando praticada sem equilíbrio e além dos limites da necessidade e da segurança.

2-Flagelos destruidores
Os flagelos atingem a humanidade em seu orgulho e vaidade, exibindo sua fragilidade e obrigando-a a avançar mais depressa. Têm o objetivo de ensinar o homem a superar seu apego material e fazê-lo trabalhar para obter o progresso, mesmo que seja apenas para as próximas gerações.
Muitos flagelos são evitáveis, ocorrendo em resposta à imprevidência humana, como os cataclismos derivados de agressões à natureza, por exemplo, impondo sofrimentos atuais e futuros.

3-Guerras
A humanidade recorre à guerra porque ainda apresenta submissão às paixões e predomínio da natureza animal sobre a espiritual. À medida que progride, o homem deixa seu estado de barbárie, trocando as lutas sangrentas pela prática da Justiça e da lei de Deus.
Mesmo traduzindo um recurso de seres imperfeitos, durante períodos de guerra a humanidade cria inventos e soluções que surtirão em benefícios para a vida terrena, assim, alimentos enlatados, as fibras sintéticas (nylon), veículos (jipe, aviões), microondas e o sonar são algumas destas criações.

4-Assassínio
Não encarnamos com intuito de ceifar a vida de nosso semelhante. Assim, não é admissível o assassínio, a pena capital, o aborto ou o suicídio, crimes diante dos olhos de Deus, pois ao se provocar a morte de alguém, ou de si próprio, interrompe-se um período de expiação ou a missão de um Espírito, e as circunstâncias necessárias a sua reparação podem exigir séculos de ajustes.

5-Crueldade
O sentimento de crueldade deriva de uma condição moral inferior e não configura necessidade, como sucede à lei de destruição.
Mesmo entre as nações mais civilizadas e cultas há seres cruéis como certos grupos inclinados a atos de selvageria, pois na Terra há diversidade de homens e muitos Espíritos são de ordens inferiores e dominados pelo instinto do mal, recebendo oportunidade de encarnar entre os irmãos um pouco mais adiantados como forma de amealharem algum progresso e esclarecimento.

6-Duelo
No passado, os homens valiam-se do enfrentamento através do duelo como instrumento de solução de questões pessoais, o “ponto de honra”.
Em geral, deste embate resultava um vencedor - assassino -, e uma vítima – um suicida.
Hoje em dia não é costume o confronto de armas “homem a homem” para resolver diferenças pessoais, entretanto usa-se da espada da palavra e da arma dos maus pensamentos para atacar e ferir o semelhante.
O duelo continua sendo um atentado contra a vida e seus reais motivos são o orgulho e a vaidade, chagas que ainda comprometem a marcha evolutiva da humanidade.

7-Pena de Morte
Muitos países adotaram em seu sistema legal o recurso da “pena capital” ou “pena de morte”, porém, apesar da aceitação na justiça humana, contraria-se a lei de Deus, derrogando suas leis morais, pois não se pode abreviar a vida do semelhante, mesmo com o pretexto de se punir um criminoso.
A Doutrina Espírita repudia também a eutanásia, a tortura e as práticas de mutilação, episódios cruéis em uso dentro de certas culturas terrenas.

8-A Lei de Talião
Diz a Lei de Talião: “Olho por olho, dente por dente”, mas é necessário esclarecer que tal preceito já teve sua validade como diretriz moral terrena, em tempos remotos e pautados pela ignorância e pela barbárie.
Entendemos à luz da Doutrina Espírita que só cabe a Deus aplicar este nível de Justiça, através de seus instrumentos que, sendo sempre justos, pretendem educar a humanidade com amor e respeito à sua natureza e situação existencial.

-Bibliografia: Allan Kardec. "O Livro dos Espíritos”, q. 728 a 765.