Wednesday, March 07, 2007

Aulas 03/04 – Escala Espírita – Os Elementais; Anjos e Demônios

Os Elementais

O Mundo não é um objeto físico e mecanismo, mas um ato de consciência. Suas leis essenciais não são as da matéria, mas as leis morais e espirituais. O aparente mecanismo dos naturais está carregado de intenções.
Os fisiólogos gregos sabiam disso, e quando Tales se referia aos deuses que enchiam o Mundo em todas as suas dimensões, afirmava o princípio espírita de que a estrutura planetária, em seus mínimos detalhes, é controlada pelos Espíritos incumbidos da manutenção da Terra, desde os simples elementais (ainda em evolução para a condições humanas) até os Espíritos Superiores, próximo da Angelitude, que supervisionam e orientam as atividades telúricas. Na crosta planetária, ainda amparados e assistidos por milhões de entidades espirituais, os homens dominam os espaços entregues à sua juridição, sob a responsabilidade de suas consciências e na concessão do seu livre-arbítrio, realizando as experiência programadas por sua própria vontade. Somos nós, os homens, os construtores do Mundo, somos nós que fazemos bom ou mal, inferior ou superior. Muitas criaturas alegam que não fazemos o que queremos, pois estamos condicionados por forças internas e externas que nos governam. Todo o Cosmos é uma estrutura de leis, o que nos permite viver nele e agir nele pela nossa vontade. Um homem no mundo não é um prisioneiro ou um robô, é uma consciência que dispõe dos equipamentos da encarnação para atingir objetivos determinados pela sua consciência. Agimos, em todas as circunstâncias, dentro dos nossos condicionamentos, como um ser livre que pode fazer e desfazer. Mas como poderíamos fazer algo, se não dispuséssemos da consciência, da vontade e do meio em que vivemos? Os que sonham com a liberdade absoluta não tem uma noção clara de liberdade. Os peixes não vivem e não agem fora da água. Os pássaros não podem viver e voar no vácuo. O homem não existe fora da existência. E não há existência onde não houver o existente, que é o homem.
(J. Herculano Pires, "O Centro Espírita")

Anjos segundo a Igreja

Há dois gêneros de criaturas: - espiritual (angelical); e a corporal (mundana). No gênero espiritual a existência é puramente espiritual, destituída da matéria. Quanto ao gênero corporal, sua vida é puramente material e os seres apresentam um vínculo espiritual com a matéria, a alma.
Os anjos são seres criados por Deus para auxiliá-lo em sua obra.
Anjos segundo o Espiritismo

A Doutrina Espírita refuta a tese da Igreja, pois não compactua que Deus crie seres privilegiados e puros, derrogando, assim, sua lei de evolução, ou ainda, que condene outras criaturas a perdurarem eternamente no mal, caso dos chamados “anjos caídos” ou “demônios”.
Há Espíritos que, por ignorância, ficam por algum tempo (e não eternamente) voltados para ações más, porém tendo oportunidade de, a qualquer momento, renunciarem ao mal e retomarem sua caminhada no sentido do bem, rumo à perfeição.


Demônios segundo a Igreja

O Papa Inocêncio III, durante o Concílio Latrão IV, em 1215, declarou a crença da Igreja nos demônios, que seriam anjos criados bons, mas que caíram em pecado. Em princípio eram anjos, contudo, revoltaram-se pelo fato de Deus lhes impor subordinação a seu Filho, Jesus. Lúcifer liderou o grupo (um terço dos anjos) que foi expulso das esferas celestiais para abrigar-se eternamente nas profundezas terrenas, longe da face de Deus.


Demônios segundo o Espiritismo

A tese de seres voltados para sempre ao mal não procede, pois Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, para aprenderem e alcançarem a perfeição, não direcionando sua criação para o mal.
Por demônios se devem entender, portanto, os Espíritos impuros ou imperfeitos, que se rebelam contra as suas provas e por isso as sofrem mais longamente, mas, no momento certo, chegarão a sair daquele estado, quando o quiserem. Poder-se-ia, pois, aceitar o termo demônio com esta restrição. Como o entendem atualmente, dando-se-lhe um sentido exclusivo, ele induziria em erro, com o fazer crer na existência de seres especiais criados para o mal.
Assim, estes Espíritos vivem situação transitória e vão evoluir para estágios mais felizes à medida em que se esclarecerem intelectual e moralmente.

“Se isto fosse verdade, se o demônio existisse, Deus não seria onipotente.
A invenção, pois, do demônio, do inferno e das penas eternas, necessárias, quando a Humanidade atrasada e ainda embrutecida só podia ser contida pelo terror levado ao fantástico, hoje é coisa que já fez seu tempo, que a Razão e a consciência repelem por blasfêmia, invenção que tem sido, como outras idéias remotas, sustentadas pela Igreja, a causa real do materialismo moderno.
O demônio, portanto, não passa de uma criação humana, por isto, firmada no fato inquestionável das tentações e perseguições invisíveis, mas um fato que é hoje perfeitamente explicável (e verificado experimentalmente) pela ação dos Espíritos, sim, porém, Espíritos da nossa espécie, que, sendo, ainda, muito atrasada, e, por isto, ainda se regozijando no Mal que faz, atua sobre nós, exatamente, como a Igreja diz que atuam os demônios.
O Espiritismo, portanto, não pode ser diabolismo, pela simples razão de que não existe o diabo, em que pese ao ilustre pregador, vítima de lamentável fanatismo.” (Bezerra de Menezes)