Wednesday, November 08, 2006

Aula 33 – Obsessão

O que é a Obsessão?

1-Informações Preliminares

A obsessão se caracteriza pela ação de entidades espirituais inferiores sobre o psiquismo humano. Kardec distinguiu, em suas pesquisas, três graus do processo obsessivo: obsessão simples, subjugação e fascinação. No primeiro grau a infestação espiritual atinge a mente causando perturbações mentais; no segundo grau amplia-se aos centros da afetividade e da vontade, afetando os sentimentos e o sistema psicomotor, levando o obsedado a atitudes e gestos estranhos e tiques nervosos; no terceiro grau afeta a própria consciência da vítima, desencadeando processos alucinatórios.
As causas da obsessão decorrem de vários fatores, dos quais os mais freqüentes são: problemas reencarnatórios, tendências viciosas, egoísmo excessivo, ambições desmedidas, aversão a certas pessoas, ódio, sentimentos de vingança, futilidade, vaidade exagerada, apego ao dinheiro e assim por diante. Essas disposições da criatura atraem espíritos afins que a envolvem e são aceitos por ela como companheiros invisíveis. Os espíritos obsessores não são os únicos culpados da obsessão. Geralmente o maior culpado é a vítima.
Na Antigüidade a obsessão era tratada com violência. As práticas do exorcismo, até hoje vigentes no Judaísmo e no Catolicismo, destinam-se a afastar o demônio de maneira agressiva e violenta. No Espiritismo o método empregado é o da persuasão progressiva do obsessor e do obsedado. É o que se chama de doutrinação, ou seja, esclarecimento de ambos à luz da Doutrina Espírita. Não se usa nenhum ingrediente especial. Emprega-se apenas a prece e a conversação persuasiva. Esclarecido o obsedado, atinge-se o obsessor, que ficam, por assim dizer, vacinados contra novas ocorrências obsessivas.


2-O sentido da vida
Porquê e para quê vivemos? A resposta a esta pergunta é de importância para compreendermos o problema da obsessão. Segundo o Espiritismo, vivemos para desenvolver as potencialidades psíquicas de que todos somos dotados. Nossa existência terrena tem por fim a transcendência, ou seja, a superação constante da nossa condição humana. Desde o nascimento até o nosso último dia passamos pelas experiências que desenvolvem as nossas aptidões inatas, em todos os sentidos. A criança recém-nascida cresce dia a dia, desenvolve o seu organismo, aprende a comunicar-se com os outros, a falar e a raciocinar, a querer e a agir para conseguir o que quer. Transcende a condição em que nasceu e passa para as fases superiores da infância, entrando depois na adolescência e depois na mocidade, na madureza e na velhice. Ao fazer todo esse trajeto ela desenvolveu suas forças orgânicas e psíquicas, sua afetividade, sua capacidade de compreender o que se passa ao seu redor e seu poder de dominar as circunstâncias. Isso é transcender, elevar-se acima da condição em que nasceu. É para isso que vivemos. E isso nos mostra que o sentido da vida é transcendência. (...)O fato de vivermos muitas vidas na Terra, e não apenas uma, mostra que temos no inconsciente uma armazenagem de lembranças e conhecimentos, aspirações, frustrações e traumas muito maior que a descoberta por Freud.(...)
Se não compreendermos que a vida é transcendência, crescimento, elevação e desenvolvimento constante e comprovado do ser espiritual que somos, não poderemos encarar com naturalidade o problema da obsessão e lutar para resolvê-lo.

3-As dimensões da vida
O avanço atual da pesquisa científica no mundo, com a descoberta da antimatéria, do corpo- bioplásmico dos seres vivos (perispírito, segundo o Espiritismo), dos fenômenos paranormais e da sobrevivência humana após a morte física, bem como das comunicações mentais entre vivos e mortos (fenômenos théta da Parapsicologia) confirmou a descoberta espírita das várias dimensões da vida. Essas dimensões correspondem a diversas densidades da matéria, que permitem a existência dos mundos interpenetrados da teoria espírita.
A descoberta de que o pensamento e a mente não são físicos, mas extrafísicos (segundo a definição do Prof. Rhine) e semimateriais, segundo o Espiritismo, demonstrou a realidade dos diferentes planos de vida, habitados por seres humanos em diferentes graus de evolução.(...) A transcendência humana se realiza nos planos sucessivos, que vão desde o plano da matéria densa da Terra até os planos de matéria rarefeita que escapam aos nossos sentidos materiais. Não há mais lugar para a concepção materialista absoluta na cultura científica e filosófica do nosso tempo.


4-Freud e Kardec
Muitos psicólogos e psiquiatras acusam o Espiritismo de invadir os seus domínios científicos nos casos de perturbações mentais e psíquicas. Desconhecendo a Doutrina Espírita e sua história, não sabem que se deu exatamente o contrário. Afirmam que a Obsessão é uma perturbação decorrente de desequilíbrios endógenos, ou seja, das próprias estruturas psico–mentais do paciente em relação com os fatores ambientais. Atribuem quase tudo à constituição do paciente, a disfunções orgânicas e particularmente cerebrais ou afetivas. O inconsciente é geralmente a sede de todos os distúrbios psíquicos. Entendem que os espíritas confundem os fantasmas imaginários gerados por manifestações patológicas do paciente com fantasmas reais das mais antigas superstições mágicas e religiosas da Humanidade. Acham que o Espiritismo representa um processo de volta ao mundo da superstição.
Freud tinha apenas um ano de idade quando Kardec levantou o problema do inconsciente em termos científicos, nas suas pesquisas dos fenômenos espíritas, hoje chamados cientificamente de paranormais. Kardec foi mais fundo do que Freud no assunto, atingindo o problema dos arquétipos individuais e coletivos, que somente Adler e Jung iriam pesquisar mais tarde. (...) Freud encarou a questão dos sonhos nos limites da sua doutrina. Kardec, durante nada menos de doze anos, já havia realizado intensivas pesquisas de psicologia experimental (pioneirismo absoluto nesse campo) na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Hoje, as pesquisas parapsicológicas, realizadas nos maiores centros universitários de todo o mundo, comprovam inteiramente o acerto de Kardec.


Bibliografia: J. Herculano Pires, “Obsessão, Passe, Doutrinação”.