Wednesday, October 11, 2006

Aula 30 – O Entardecer da Vida

Em verdade, Simão, ser moço ou velho, no mundo, não interessa!... Antes de tudo, é preciso ser de Deus!” (Francisco C. Xavier, médium, Humberto de Campos, Espírito, “Boa Nova”, c. 9, p. 67)

Nos olhos do jovem arde a chama. Nos olhos do velho brilha a luz”. (Victor Hugo)

Ninguém é tão velho que não pense em viver mais um ano.” (Marco Túlio Cícero)


1-Um Pouco de História

Na Grécia Antiga, a cidade-estado Esparta, em torno do séc. 9 a.C., mantinha um conselho de 30 anciãos, a Gerúsia, que possuía funções administrativa (supervisão), legislativa (elaboração de projetos de lei) e judiciária (tribunal superior).
Na Idade Média, na Europa, o idoso era ouvido em relação aos problemas mais sérios de sua região.
Na Roma antiga, em que a dor era tida como o maior mal e o prazer, o único bem, era lícita a eutanásia com os idosos mais frágeis, gerando-se um alívio para a sociedade hedonista, posto que os incapazes para o trabalho eram considerados inúteis.

Entre povos orientais, como hebreus, chineses, japoneses, a cultura e os costumes sempre deram importância ao papel do idoso na sociedade. Ainda hoje nas cidades da Índia existe o conselho municipal, chamado panchayati; composto por cinco membros, geralmente os mais idosos, portanto mais sábios, que cuidam dos assuntos da comunidade.


2-A Terceira Idade
A terceira idade é uma etapa da vida de um indivíduo, cuja época cronológica varia conforme a cultura e o desenvolvimento da sociedade. Em países mais pobres, por exemplo, alguém é considerado de terceira idade a partir dos 60 anos, o que, para a Geriatria, somente ocorre após os 75.
Com a chegada da terceira idade, alguns problemas de saúde passam a ser mais freqüentes, e outros, incomuns nas fases de vida anteriores, começam a aparecer.

Não existe um consenso com relação a fronteira que limita a fase pré e pós velhice, nem tão pouco, quais são os indícios mais comuns da chegada nesta fase. Dados do IBGE demonstram que entre os anos de 1995 e 1999, no Brasil, o número de pessoas com mais de 60 anos cresceu em 14,5%.
Alguns especialistas denominam o período posterior aos 80 anos de vida como a quarta idade.
Ser idoso é uma contingência natural. Entretanto, ser velho é arbítrio, uma decisão pessoal. Velho é aquele que perdeu sua jovialidade, quem só dorme, quem nada ensina e que se recusa a aprender.O velho vive no passado, não tem planos, focando sempre seus últimos dias.
A realidade física é inexorável, mas há exemplos de pessoas que exercerem excelentes trabalhos após os 60 anos, como Verdi, compositor; Picasso, pintor; Churchill, estadista; Clementina de Jesus, cantora; Helena Meireles, música.


3- Aspectos Doutrinários
Mocidade e velhice são apenas etapas passageiras do progresso do Espírito.” (Emmanuel)
LE, q. 685: “O homem tem direito ao repouso em sua velhice?
Sim, pois está obrigado ao trabalho, apenas na proporção de suas forças.”
LE, q. 685a: “Que recurso utilizará o idoso que tem necessidade de trabalhar para viver e que não tem condições?
O forte deve trabalhar para o fraco; na ausência de uma família a sociedade deve ampará-lo: é a lei de caridade.”
Não existem moços ou velhos, mas, sim, almas jovens no raciocínio ou profundamente enriquecidas no campo das experiências humanas.
A idade física nem sempre corresponde à idade espiritual e vice-versa.
Lembremos que todos fomos criados simples e ignorantes, existindo, assim, a mais absoluta igualdade natural, e o progresso de cada um ocorre por esforço próprio.


4-A família e o idoso
A experiência da família, à luz da justiça das encarnações, permite que os papéis se invertam entre um e outro ciclo encarnatório, assim, é preciso cultivar, entre outros aspectos, o respeito mútuo.

Edaísmo é um preconceito contra uma pessoa ou grupo baseado na idade. Quando este preconceito é a motivação principal por trás dos atos de discriminação contra aquela pessoa ou grupo, então estes atos se constituem em discriminação por idade.
Estudiosos dizem que certa agressividade por parte dos idosos reflete a resposta destes contra a marginalização a que se sentem submetidos.

O Idoso (Autor desconhecido. Tradução: Charles Willian Rule)

Abençoados são aqueles que compreendem meus passos vacilantes, minhas mãos que tremem.
Abençoados são aqueles que sabem que hoje meus ouvidos precisam se esforçar para apreender as coisas que dizem.
Abençoados são aqueles que parecem saber que meus olhos são embaçados e meu espírito, vagaroso.
Abençoados os que olharam para o outro lado, quando hoje derramei café na mesa.
Abençoados aqueles que com um alegre sorriso param para conversar um pouco.
Abençoados aqueles que nunca dizem: “Você contou esta história duas vezes hoje.”
Abençoados aqueles que sabem como trazer de volta lembranças de ontem.
Abençoados os que percebem o meu desalento em forças encontrar para a cruz carregar.
Abençoados aqueles que com bondade suavizam minha jornada à última morada.


Bibliografia:Allan Kardec.“O Livro dos Espíritos”, q. 115, 685, 685a; Leda Marques Bighetti. “Visão Espírita do Idoso”.artigo no Portal do Espírito: www.espirito.org.br; Enciclopédia Wikipedia, pt.wikipedia.org.