Friday, September 15, 2006

Aula 27 – Infância

1-Da Infância

O Espírito que anima o corpo de uma criança é tão evoluído quanto o de um adulto, experimentando, contudo, restrições derivadas da fase de seu desenvolvimento corporal e dos reflexos do processo encarnatório, o qual se consolida ainda na infância e com o decorrer dos anos.

Os que por ora ocupam a condição infantil na Terra são, em verdade, Espíritos que muitas vezes vestiram a veste carnal, trazendo consigo vasta bagagem de experiências, qualidades e arestas por aparar.

2-Aspectos da Infância e da Família

O que é infância hoje? Neil Postman (in “O Desaparecimento da Infância”, 1999) sustenta que, na sociedade americana a linha divisória entre a infância e a idade adulta está desaparecendo rapidamente. Acredita o autor que, da mesma forma que a prensa tipográfica criou essa categoria, a mídia eletrônica está fazendo com que ela desapareça. Essas considerações de Postman podem ser estendidas mais amplamente às culturas ocidentais contemporâneas, pois identificamos em nosso contexto social os mesmos sinais que o autor apreendeu da sociedade americana, como por exemplo: crianças se vestem cada vez mais como adultos; as brincadeiras se modificam (especificamente as brincadeiras de rua nos grandes centros urbanos); há um aumento da incidência de crimes envolvendo menores; meninas de 12, 13 anos fazem sucesso na carreira de modelo etc. Além dos aspectos mencionados, vale acrescentar que a rotina da criança tem-se transformado, ou seja, pais de classe média se preocupam com a inserção de seus filhos no mercado de trabalho e, em função disso, os introduzem, cada vez mais cedo, em cursos de inglês, informática, esportes...

O tempo compartilhado entre pais e filhos é cada vez mais escasso: trabalha-se cada dia mais para o aumento do poder aquisitivo (e conseqüentemente do consumo), e a mulher tem uma contribuição crescente na fatia produtiva da população, ficando bastante tempo fora de casa. Pais chegam tarde em casa, crianças atarefadas, refeições solitárias ou feitas fora do lar. A família se reúne cada vez menos para conversar sobre o cotidiano... Podemos identificar também como uma característica de nossa sociedade as múltiplas formas de conjugalidade: famílias monoparentais, descasamentos, recasamentos, assim como a crescente incidência de filhos únicos. Portanto, o perfil de família hoje difere do modelo tradicional de família.”

A infância terrena é um período fundamental na experiência encarnatória, pois se trata de um curto lapso de tempo em que o Espírito, fragilizado por suas limitações, fica aberto a ensinamentos morais que levará em todo o percurso de seu estágio terreno.

3-Aparente pureza do Espírito na infância

Indaga-se se o Espírito da criança já viveu, por que não se apresenta, ao nascer, como ele é?

A Justiça Divina permite que todos nós, entre uma encarnação e outra, esqueçamos os dramas e tribulações do passado. Este processo de esquecimento se inicia quando começa o preparo para nova encarnação, levando o Espírito a progressiva perda de consciência. Após reencarnar, a pessoa passa pela infância, que vem a ser um tempo necessário até que ela possa dominar seus instintos – que se encontram latentes, e se confronte com suas tendências, podendo, assim, enfrentar suas provas.

Algumas lembranças do passado poderão surgir como intuições ou temores sem causa aparente, sendo possível findarem à medida em que se cresce. A infância é uma etapa necessária, pautada pela fragilidade corporal e pela ingenuidade pueril. Para os pequeninos é imprescindível o afeto e a solicitude maternos, pois as necessidades corporais e emocionais da tenra idade geram campo fértil ao carinho e ao aprendizado para o crescimento moral.

4-Amor maternal e filial

A Natureza deu à mulher o sentimento de amor pelos filhos no interesse de sua conservação, entre os animais este amor se restringe a cuidados materiais e se extingue quando tais cuidados se tornam inúteis, para a humanidade, contudo, este sentimento persiste por toda a vida e agrega o devotamento e a abnegação, sobrevivendo, inclusive, à morte.

O amor materno é uma lei natural, entretanto, há mães que não nutrem afeição pelos filhos, chegando a odiá-los. Esta situação pode refletir uma expiação escolhida pelo Espírito do filho, ou uma prova, caso em que este tenha sido mau pai, mãe má ou mau filho. Há também pais desgostosos com seus filhos, mas este contexto, muitas vezes, reflete má educação e valores não transmitidos durante a tenra idade.

Deve-se buscar o amor e a resignação diante das dificuldades no seio familiar.

5-Honrai o vosso pai e a vossa mãe

Honrar pai e mãe é um preceito que se inicia na prática do respeito e da tolerância. Muitas vezes, na escola doméstica, confrontam-se diferentes pontos de vista e valores de gerações que podem suscitar alguma incompreensão e desgaste ao diálogo. As crianças e jovens tem dever de obediência e de tolerância a seus pais. Pai e mãe, por seu lado, tem compromisso de manter e de educar seus filhos, não apenas para o trabalho, mas para a vida moral e para a crença em Deus. Honrar não significa endeusar ou aceitar cegamente, mas compreender através da lente do amor, sabendo que, no futuro, será preciso amparar os genitores, mantendo-os com os recursos materiais, sim, mas também com a aproximação amorosa, com o carinho e com o devido reconhecimento por gratidão aos que nos receberam como filhos.

Bibliografia:Allan Kardec.“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, c. 8, it. 4, e c. 14; “O Livro dos Espíritos”, q. 379-385 e 890-892; Hermínio Miranda. “Nossos Filhos são Espíritos”, c 12