Wednesday, May 02, 2007

Aula 11 - Lei do Progresso / Perfeição Moral

1-Estado da Natureza
“O Estado da natureza é o estado primitivo. A civilização é incompatível com o estado de natureza, ao passo que a lei natural contribui para o progresso da humanidade. Há quem considere o estado de natureza como o da mais perfeita felicidade na Terra. É a felicidade do bruto. É ser feliz à maneira dos animais. O homem não pode retrogradar para o estado de natureza; tem que progredir incessantemente, e não pode volver ao estado de infância.” (Paiva, 2001, c.8)

2-Marcha do Progresso
“O homem progride por si mesmo, naturalmente. Mas nem todos progridem ao mesmo tempo e do mesmo modo. Dá-se, então, que os mais adiantados auxiliam o progresso dos outros, por meio do contato social. O progresso moral decorre do progresso intelectual, mas nem sempre o segue imediatamente. O progresso intelectual faz compreensível o bem e o mal, e o homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos. Os povos, porém, como os indivíduos, só passo a passo atingem o progresso completo. Moral e inteligência são duas forças que, só com o tempo, chegam a equilibrar-se.” (Paiva, id.)

3-Povos Degenerados
“A História nos dá notícia de alguns povos que, depois de abalos que os revolveram profundamente, caíram na barbárie. Este fato não invalida a lei do progresso. Os elementos componentes desses povos, e que caíram na barbárie, já eram degenerados. Os que não o eram, passaram para habitações mais perfeitas e continuaram a progredir, enquanto que outros Espíritos, menos adiantados, preencheram as vagas que ficaram. As raças rebeldes vão se aniquilando corporalmente, todos os dias.
Os homens mais civilizados já foram, em tempos longínquos, selvagens e mesmo antropófagos.
O progresso fará, todavia, com que os homens da Terra vivam, um dia, felizes e em paz, não como uma nação única – o que seria impossível – mas como irmãos, sem a preocupação de causar dano ao seu vizinho ou de viver às expensas dele.” (Paiva, ibid.)

4-Civilização
A civilização constitui um progresso parcial da humanidade. Quando a Humanidade estiver moralmente preparada, extinguirá os vícios, experimentará um mundo partilhado entre irmãos e a civilização estará pronta para fazer todo o bem possível.

5-Progresso da Legislação Humana
A legislação humana reflete o pensamento de sua sociedade. Na Antigüidade aplicava-se a o rigor da Lei de Talião, a escravidão por dívidas, mutilações e pena de morte por quaisquer motivos. A evolução moral dos povos reflete-se em seus sistemas legais, pois hoje há normas para preservação de espécies animais, florestas, qualidade de vida etc. Há inclusive a preocupação com a dignidade da pessoa humana, como descrito no artigo 6º da Constituição Federal (Dos Direitos Sociais).

6-Influência do Espiritismo sobre o Progresso
Deus respeita o livre-arbítrio e a capacidade de compreensão dos povos. Assim, o progresso da Humanidade é lento e gradual, para que possa assimilar os valores morais através de sua razão, tornando-os despertos em suas consciências e consolidando ações harmonizadas com a espiritualidade maior.
A virtude mais meritória é a que se fundamenta na caridade mais desinteressada. As imperfeições que mais retardam a evolução do Espírito são o egoísmo, o interesse pessoal, o apego às coisas materiais e os vícios.
Paixão (latim passione, sentimento ou emoção levado a extremo, além da razão) está no excesso provocado pela vontade. O princípio das paixões não é um mal em si, contudo, quando a Humanidade a elas se subjuga, devido a suas más tendências, incorre nos abusos e no mal, retardando seu progresso.
A Doutrina Espírita convida-nos à reforma íntima, de modo a vencermos nossas paixões, superando as más tendências e nos tornando agentes em nosso processo de evolução.

7-Características da Perfeição
“Amar aos inimigos, fazer o bem aos que vos odeiam, orar por aqueles que vos perseguem e caluniam”, assim Jesus descreveu a perfeição, frisando a importância destas práticas e sempre entendendo as limitações e possibilidades de compreensão da humanidade terrena.

“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. Enquanto um se contenta com o seu horizonte limitado, outro, que apreende alguma coisa de melhor, se esforça por desligar-se dele e sempre o consegue, se tem firme a vontade.” (Kardec, ESE, c. 17, it.4)

8- Progressão dos Espíritos
Todos estamos submetidos às leis divinas, o que também vale para a lei do progresso.
A marcha de ascensão dos Espíritos é permanente. Alguns podem iludir-se com temporária pausa de seu crescimento, contudo, como folhas nas águas dos rios, serão levados sempre adiante de modo irresistível.
O progresso terreno nos convida a buscarmos ser como o verdadeiro homem de bem, aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade em sua maior pureza. É indulgente para com as fraquezas alheias, pois sabe que ele mesmo precisa de indulgência, e se recorda dessas palavras do Cristo: “Que aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra.”

-Bibliografia: Allan Kardec. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. 10, itens 7 e 8; cap. 17, it. 4; e cap. 27; Allan Kardec, “O Céu e o Inferno”, cap. 8, it. 12; Allan Kardec. “O Livro dos Espíritos”,q. 776 a 802 e 893 a 919a; B. Godoy Paiva. “Síntese de O Livro dos Espíritos”, FEESP, 2001.