Wednesday, April 25, 2007

Aula 10 - Lei de Sociedade

1-Necessidade da Vida Social
O homem foi feito para viver em sociedade, pois necessita da vida em grupo para alcançar um progresso que sozinho lhe seria inacessível por lhe faltar todas as faculdades. A vida em isolamento absoluto á contrária à lei natural, pois necessitamos da união e da proximidade de nossos semelhantes de modo a exercermos o auxílio mútuo. Todos temos oportunidade de viver de algum modo em comunidade.

2-Usufruto e Participação
Em qualquer setor de atividade humana, enquanto estivermos apenas usufruindo jamais colheremos o benefício maior: o enriquecimento de nossa personalidade, com pleno desenvolvimento de nossas potencialidades criadoras. Adiaremos indefinidamente nossa integração plena na sociedade maior – o Universo.
Diz o velho ditado: “Quem acende uma vela é o primeiro a iluminar-se.”
Os que usufurem se perdem, não raro, na escuridão da inércia e da indiferença. Os que participam descobrem caminhos novos, iluminados pelo prazer de servir. (Simonetti)

3-Vida de Isolamento. Voto de Silêncio
Algumas crenças cultuam o voto de isolamento como expressão de sacrifício pessoal, contudo este tipo de vida só faz fomentar o egoísmo, excluindo estas pessoas de tarefas em prol dos desvalidos e de outros necessitados.
O mesmo se dá com o voto do silêncio, a pretexto de coibir o uso da palavra para modos pouco meritórios e, em outra matiz, não impedindo que a pessoa nutra pensamentos desarmoniosos e ruins.
A linguagem e a comunicação são grandes ferramentas da humanidade. Mesmo que uma pessoa não tenha uma graduação especial ou um talento diferenciado, sua palavra pode ser um lenitivo a muitos irmãos que padecem solitários em asilos, leitos de hospitais, cárceres e orfanatos. Há inúmeras pessoas necessitadas do diálogo fraterno, uma forma de caridade pouco lembrada em nossos dias.

4-Laços de Família
Os seres humanos vivem a vida moral, pautada em valores, relações de afeto e simpatia, por isso diferem da vida animal, ligada somente às relações materiais e à proliferação das espécies.

5-Parentesco e Filiação
A reencarnação propicia o fortalecimento dos laços familiares, ampliando as dimensões de afeto e fortalecendo a família espiritual, muitas vezes recomposta no orbe terrestre.
Os Espíritos devem trabalhar para o progresso recíproco. Na família vemos esta missão de forma muito clara, ajustando-se os pais na posição de provedores materiais e, além disso, de primeiros educadores dos Espíritos que acolhem como filhos.
Seres menos adiantados moralmente também podem se beneficiar da bagagem existencial de seus familiares, através da oportunidade de aprendizado no convívio com os entes mais próximos.
A família muitas vezes reúne Espíritos simpáticos, antigos companheiros de outras jornadas. O mesmo pode suceder com os povos, pois os Espíritos nutrem simpatia a certas coletividades.

6-Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?
A indagação de Jesus à multidão pode parecer estranha, entretanto, precisamos bem traduzi-la.
Ao invés de pretender depreciar sua família, Jesus quer demonstrar o sentido dos vínculos do parentesco corpóreo e do espiritual. O primeiro, é de carne, brevemente perecendo; o segundo, por outro lado, é sublime, irmanando os sentimentos mais elevados e permanece antes, durante e após a vida terrena..

7-Intercâmbio Social
Atesta a tua confiança no Senhor e a excelência da tua fé mediante a convivência com os irmãos mais inditosos do que tu mesmo.
Sê—lhes a lâmpada acesa a clarificar-lhes a marcha.
Nada esperes dos outros.
Sê tu quem ajuda, desculpa, compreende.
Se eles te enganam ou te traem, se censuram-te ou exigem-te o que te não dão, ama-os mais, sofre-os mais, porquanto são mais carecentes de socorro e amor do que supões.
Se conseguires conviver pacificamente com os amigos difíceis e fazê-los companheiros, terás logrado êxito, porquanto Jesus em teu coração estará sempre refletido no trato, no intercâmbio social com os que te buscam e com os quais ascendes na direção de Deus.
(Joanna de Ângelis)

8-Conclusão
Dentro do núcleo familiar, podemos exercitar o amor e a caridade, evoluindo.
Assimilando esta verdade, será possível progredirmos amando cada ser humano como parte da criação divina. Ampliando nossa família a uma dimensão universal, amaremos cada pessoa e passaremos a querer bem cada uma delas como se fosse o nosso mais querido irmão.

-Bibliografia: Allan Kardec,”O Evangelho Segundo o Espiritismo”, c. 14, it. 5 a 7; Allan Kardec. "O Livro dos Espíritos”, q. 766 a 775; Divaldo P. Franco, médium, Joanna de Ângelis, Espírito, “Leis Morais da Vida”, c. 31; Richard Simonetti, “A Constituição Divina”, 12ª ed., 1995, pp. 70 a 50.

Wednesday, April 11, 2007

Aula 09 - Lei de Conservação

“Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e a melhoria dos seres vivos.” Kardec,“O Livro dos Espíritos”, q. 728.


A chamada Lei de Destruição, condição indispensável à renovação e à transformação, pode ser considerada como caso particular do que Heráclito de Éfeso (540-480 a.C.) denominava de vir-a-ser ou devir. Dizia ele: “Todas as coisas se movem e nada permanece imóvel (...) A essência, o ‘elemento primordial’ é o vir-a-ser: tudo se acha em perpétuo fluxo, a realidade está sujeita a um vir-a-ser contínuo (...) o único princípio estável da realidade é a lei universal do próprio devir (...).”

O pensamento de Heráclito foi retomado por Aristóteles (384-322 a.C.) e por Hegel (1770-1831). Nascimento, morte, renascimento, renovação constituem o ciclo dinâmico do Universo.
Somente Deus e Suas leis são eternos e imutáveis.
(Paulo de Tarso São Thiago, "Lei de Destruição" in Revista Reformador, FEB, Dezembro/2000)


1-Destruição Necessária e destruição abusiva
Destruição é uma lei natural necessária à regeneração moral dos Espíritos. Na natureza a destruição tem seu papel com sua adequada ligação a todo e seu ciclo vital.
A destruição é abusiva quando provocada antes do tempo necessário, quando praticada sem equilíbrio e além dos limites da necessidade e da segurança.

2-Flagelos destruidores
Os flagelos atingem a humanidade em seu orgulho e vaidade, exibindo sua fragilidade e obrigando-a a avançar mais depressa. Têm o objetivo de ensinar o homem a superar seu apego material e fazê-lo trabalhar para obter o progresso, mesmo que seja apenas para as próximas gerações.
Muitos flagelos são evitáveis, ocorrendo em resposta à imprevidência humana, como os cataclismos derivados de agressões à natureza, por exemplo, impondo sofrimentos atuais e futuros.

3-Guerras
A humanidade recorre à guerra porque ainda apresenta submissão às paixões e predomínio da natureza animal sobre a espiritual. À medida que progride, o homem deixa seu estado de barbárie, trocando as lutas sangrentas pela prática da Justiça e da lei de Deus.
Mesmo traduzindo um recurso de seres imperfeitos, durante períodos de guerra a humanidade cria inventos e soluções que surtirão em benefícios para a vida terrena, assim, alimentos enlatados, as fibras sintéticas (nylon), veículos (jipe, aviões), microondas e o sonar são algumas destas criações.

4-Assassínio
Não encarnamos com intuito de ceifar a vida de nosso semelhante. Assim, não é admissível o assassínio, a pena capital, o aborto ou o suicídio, crimes diante dos olhos de Deus, pois ao se provocar a morte de alguém, ou de si próprio, interrompe-se um período de expiação ou a missão de um Espírito, e as circunstâncias necessárias a sua reparação podem exigir séculos de ajustes.

5-Crueldade
O sentimento de crueldade deriva de uma condição moral inferior e não configura necessidade, como sucede à lei de destruição.
Mesmo entre as nações mais civilizadas e cultas há seres cruéis como certos grupos inclinados a atos de selvageria, pois na Terra há diversidade de homens e muitos Espíritos são de ordens inferiores e dominados pelo instinto do mal, recebendo oportunidade de encarnar entre os irmãos um pouco mais adiantados como forma de amealharem algum progresso e esclarecimento.

6-Duelo
No passado, os homens valiam-se do enfrentamento através do duelo como instrumento de solução de questões pessoais, o “ponto de honra”.
Em geral, deste embate resultava um vencedor - assassino -, e uma vítima – um suicida.
Hoje em dia não é costume o confronto de armas “homem a homem” para resolver diferenças pessoais, entretanto usa-se da espada da palavra e da arma dos maus pensamentos para atacar e ferir o semelhante.
O duelo continua sendo um atentado contra a vida e seus reais motivos são o orgulho e a vaidade, chagas que ainda comprometem a marcha evolutiva da humanidade.

7-Pena de Morte
Muitos países adotaram em seu sistema legal o recurso da “pena capital” ou “pena de morte”, porém, apesar da aceitação na justiça humana, contraria-se a lei de Deus, derrogando suas leis morais, pois não se pode abreviar a vida do semelhante, mesmo com o pretexto de se punir um criminoso.
A Doutrina Espírita repudia também a eutanásia, a tortura e as práticas de mutilação, episódios cruéis em uso dentro de certas culturas terrenas.

8-A Lei de Talião
Diz a Lei de Talião: “Olho por olho, dente por dente”, mas é necessário esclarecer que tal preceito já teve sua validade como diretriz moral terrena, em tempos remotos e pautados pela ignorância e pela barbárie.
Entendemos à luz da Doutrina Espírita que só cabe a Deus aplicar este nível de Justiça, através de seus instrumentos que, sendo sempre justos, pretendem educar a humanidade com amor e respeito à sua natureza e situação existencial.

-Bibliografia: Allan Kardec. "O Livro dos Espíritos”, q. 728 a 765.

Tuesday, April 03, 2007

Aula 08 - Lei de Conservação

1-Instinto de Conservação
O instinto de conservação é uma lei da natureza e se faz presente desde as formas mais singelas de vida até os seres de maior complexidade.
A vida é necessária ao aperfeiçoamento de todos, por isso os Espíritos sentem, mesmo que por instinto, a necessidade de viver.

2-Meios de Conservação
Além da necessidade de viver o homem recebe, de acordo com as leis naturais, os meios para garantir sua conservação. A terra devidamente explorada pode fornecer alimentos em medida necessária à manutenção da vida. A negligência e a incompreensão da humanidade geram o mal uso dos recursos naturais, e, em decorrência, os problemas de abastecimento e de escassez. Quando a terra não produz o mínimo necessário às necessidades humanas reflete os desvios de conduta em que o homem emprega recursos e esforços para gerar o supérfluo.

3-Gozo dos Bens Terrenos
Os bens terrenos são destinados a suprir a necessidade de viver da humanidade. O prazer na busca e na posse destes bens possui o aspecto positivo de instigar a humanidade ao cumprimento de sua missão e de submetê-la à prova da tentação. O desperdício e o excesso em relação a estes bens contrariam a lei natural.

4-Necessário e Supérfluo
Toda pessoa deve procurar para si o necessário, ouvindo sua intuição e considerando a experiência própria. As necessidades humanas são insaciáveis, pois a natureza lhe cobra o mínimo para se manter vivo e, entretanto, o homem cria inúmeras outras necessidades artificiais que tendem a desviá-lo de suas necessidades básicas. A estas exigências artificiais chamamos supérfluo. Um automóvel pode representar uma ferramenta de trabalho e um item básico a certas condições de vida, porém um veículo de alto luxo transcende estas características, e assim devemos pontuar nossa reflexão. Quando se acumula os bens terrenos em detrimento das necessidades alheias e para fomentar o supérfluo, o indivíduo gera compromissos pelos quais prestará contas no futuro.

5-Privações Voluntárias. Mortificações.
O homem deve prover suas necessidades corporais e buscar seu bem-estar, mas cabe a ele evitar prejudicar alguém ou saciar sua natureza à custa do enfraquecimento das forças morais.
As privações voluntárias podem ser meritórias quando levaram a pessoa a se libertar dos prazeres inúteis e das coisas supérfluas.
Muitas crenças defendem atos de mortificação, que se convertem em egoísmo se seus objetivos não forem servir a quem os pratica e se impedirem a realização do bem.
A verdadeira mortificação que rende mérito ao homem é submeter-se a privações para trabalhar pelos outros.
A busca diária pela sobrevivência dentro das leis morais não é um mal, contudo tornar a luta por bens materiais no único referencial da vida, em detrimento da natureza e do próximo, é incorrer em abuso e contrariar os preceitos divinos.
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“Diante de perigo real ou imaginário nosso corpo entra imediatamente em estado de alerta, com a descarga de substâncias como a adrenalina na corrente sanguínea, potencializando nossas energias. É a Natureza agindo em favor de nossa sobrevivência. Isso ocorre com todos os seres vivos. As próprias plantas têm complexos mecanismos de defesa, reagindo a ameaças como a seca, o frio, a enchente, os predadores.

Nos irracionais o instinto de conservação funciona equilibradamente, obedecendo a controles automáticos, sem maiores problemas. Superado o perigo, voltam à normalidade.
No ser humano o mecanismo é mais complexo, posto que, exercitando a inteligência, somos chamados a participar desse controle. A dificuldade reside em nosso despreparo. É natural que, em face de uma ameaça o instinto de conservação mobilize defesas, colocando-nos de prontidão, despertos, ativos ao máximo. Entretanto, trata-se de um estado de exceção que deve ser prontamente superado ou nos esgotaremos, favorecendo a evolução de desajustes físicos e psíquicos. Seria como uma máquina colocada a funcionar em velocidade máxima, ininterruptamente. Em pouco tempo necessitaria de reparos.
É o que ocorre numa guerra, onde os combatentes permanecem por longos períodos em estado de alerta, tensos, preocupados e com medo. Regressando ao lar, soldados que viveram tais experiências nem sempre conseguem retomar à normalidade, situando-se neuróticos, alternando agressividade e depressão, adotando, não raro, um comportamento anti-social.
Na atualidade todos nos sentimos mais ou menos ameaçados. Há a violência urbana, os assaltos, os assassinatos; há a turbulência do trânsito; há a inexorável e assustadora progressão do custo de vida; há as limitações do salário que não atende às necessidades de subsistência. O instinto de conservação permanece "a mil por hora", como se estivéssemos num campo de batalha. E surge o estresse, um esboroamento dos mecanismos de defesa, originando problemas de saúde que jogam mais lenha na fogueira das preocupações humanas.
Inúmeros recursos podem ser mobilizados para mudança desse quadro de angústias: lazeres e viagens de espairecimento; o tranquilizante que desacelera o corpo; a medicação que favorece a recomposição de órgãos afetados, bem como recursos espirituais: o passe magnético, a água fluidificada, a oração, com o que compensamos as perdas determinadas pela tensão.” (Richard Simonetti)

-Bibliografia: Allan Kardec. "O Livro dos Espíritos”, q. 702 a 727; Richard Simonetti. “A Constituição Divina”, pp. 44-50; Rodolfo Calligaris, “As Leis Morais”, FEB, 13ª ed., pp. 82-85.