Wednesday, March 28, 2007

Aula 07 - Lei do Trabalho

Trabalhai sempre. Essa é a lei para vós outros e para nós que já nos afastamos do âmbito limitado do círculo carnal. Esforcemo-nos constantemente.” Emmanuel


Se desejássemos reduzir um homem a nada… seria tão-somente necessário dar ao seu trabalho um caráter de inutilidade.” Dostoievski


1-Conceito de trabalho

Trabalho, palavra que vem do latim “tripalium”, nome de um instrumento de tortura - espécie de cavalete com três estacas.

Trabalho é o esforço humano dotado de um propósito e envolve a transformação da natureza através do dispêndio de capacidades físicas e mentais. (Dicionário do Pensamento Social do Século XX)


Genericamente o vocábulo trabalho pode ser definido como: "Ocupação em alguma obra ou ministério; exercício material ou intelectual para fazer ou conseguir alguma coisa.

O trabalho, porém, é lei da Natureza mediante a qual o homem forja o próprio progresso desenvolvendo as possibilidades do meio ambiente em que se situa, ampliando os recursos de preservação da espécie, pela reprodução, o homem vê-se coagido à obediência à lei do trabalho.” (Divaldo P. Franco, médium, Joanna de Ângelis, Espírito. “Estudos Espíritas”, “Trabalho”)


2-Lei do Trabalho

O trabalho é uma lei da Natureza, pois na Natureza tudo trabalha. Vegetais, insetos, animais, a humanidade, todos contribuem para a vida e a evolução terrena. No caso dos animais, por exemplo, mesmo quando não se tratam de criaturas domesticadas e empregadas para uso e melhoria da vida humana, ainda assim, possuem importância no aspecto do trabalho, pois executam seu papel nas leis naturais e no equilíbrio ecológico.

Os Espíritos trabalham, desenvolvendo atividades menos afetas à matéria à proporção em que evoluem.

A Doutrina Espírita entende o trabalho como toda ocupação útil.

Para muitos, o trabalho pode ser entendido como expiação mas, ao mesmo tempo, é um meio de aperfeiçoamento da sua inteligência. Assim, prevalece como oportunidade de crescimento moral e intelectual.



Em mundos mais evoluídos há trabalho?

Sim. E quanto maiores o desapego e a dependência material, menos objetivos materiais ele visa.



É admissível não se trabalhar, mesmo em mundos mais evoluídos?

Não. Trabalha-se sempre. O ócio seria um suplício.


3-Trabalho enquanto dever

A pessoa de muitas posses, deve trabalhar?

Sim. No caso de não precisar trabalhar para o próprio sustento, tem maior compromisso em dedicar-se aos mais necessitados.


Como encarar as relações de trabalho e a família?

Os pais devem prover o sustento e a educação dos filhos. Durante a velhice dos pais, os filhos tem que dar todos os cuidados a seus pais.Trata-se de expressão de amor filial e de compromissos encarnatórios.


4-Repouso

O repouso é necessário?

Sim, pois o trabalho deve ser exercido dentro dos limites das forças de cada um.



5-Buscai e Achareis

Pedi e vos será dado. Buscai e achareis. Batei e abrir-se vos-á; pois todo o que pede receberá; quem buscar, achará; e a porta se abrirá a quem nela bater.”

Neste versículo, o evangelista Mateus nos coloca à reflexão: seremos recompensados conforme nossa obra, é o sentido do 'Ajuda-te que o céu te ajudará', ou seja, só com esforço próprio podemos evoluir. Também, se pedirmos com fé e confiança, tendo humildade, sem arrogância, a porta será aberta.



6-Olhai as aves do céu: “Elas não semeiam, nem colhem e não fazem provimentos nos celeiros. Contudo, vosso pai celestial as sustenta. Não sois muito mais do que elas? E quem entre vós pode, com todos os seus conhecimentos, acrescentar um côvado à sua estatura?”

Assim como nas parábolas, não devemos fazer a interpretação literal deste texto, o que importa é o entendimento de darmos menos importância às coisas materiais, por isso, Jesus nos disse: “Não acumulei tesouros na Terra, pois são perecíveis, mas amontoais- os nos Céu , onde são eternos.”


7-Não vos cansei pelo ouro

Não vos preocupeis com o ouro ou com a prata, nem leveis dinheiro em vosso bolso; nem alforje para o caminho, nem duas túnicas, e nem caçado, nem bordão, pois digno é o trabalhador do seu alimento.”

Nesta passagem, Jesus pretendeu nos ensinar a confiança na Providência Divina, e também, foi um modo utilizado para podermos compreender a distinção entre egoísmo e caridade, porque a ajuda serve àquele que, em tese, não pode nos retribuir.


-Bibliografia: Allan Kardec. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, c. 25; Allan Kardec. "O Livro dos Espíritos”, q. 574, 574a, 575, 643, 674 a 685; Francisco Cândido Xavier, médium, Emmanuel, Espírito. “O Consolador”, questões 225 a 231; Malba Tahan, “Lendas do Céu e da Terra”; CVSP, www.voluntariado.org.br, fone: (11)3284-7171.

Wednesday, March 21, 2007

Aula 06 - Lei de Adoração / Pedi e Obtereis

1-Adorar

Adoração vem do latim adorationis, genitivo de adoratio, ato de adorar, adoração. A formação desta palavra remonta ao latim oris, boca e à preposição ad, junto, em direção a. O gesto significa, pois, levar algo à boca. Em seus primórdios, o ato de adoração consistia em levar a mão à boca e, com o braço estendido, jogar um beijo à divindade. Além deste gesto, havia ainda a prosternação (deitar-se no chão em reverência) e a genuflexão (ajoelhar-se), mas os cristãos cultivaram mais este último.” (Silva, pp.15-16)

A adoração é resultado de um sentimento inato do homem, presente em todas as épocas e entre todos os povos.

2-Politeísmo

Politeísmo é o culto a vários deuses, comum entre povos da Antigüidade. O faraó Akenaton (séc. 14 a.C.), Moisés (séc. 12 a.C.), Zoroastro (Pérsia, séc. 7 a.C.) e Buda (Índia, séc. 6 a.C.) foram pessoas que renovaram o pensamento religioso de suas épocas ensinando que há um só Deus (o monoteísmo).

3-Sacrifícios

Sacrifício é tema recorrente nas teologias universais. Muitos povos esfolavam ou matavam vacas, touros, carneiros e até seres humanos, acreditando estar agradando à divindade. O sentido do sacrifício é oferecer o seu melhor a Deus. “Mas o 'melhor' só é produzido pelo que o homem tem de 'melhor', isto é, pelo seu cuidado e devotamento.” (Jung, 1991, p. 52)

Na Doutrina Espírita o “sacrifício” é o nosso esforço em busca da reforma íntima, para superarmos o orgulho e o egoísmo, males que muito afetam a humanidade. Oferendas agradáveis a Deus são nossa prece sincera e nossas ações sinceras no caminho do bem.

4-Finalidade da adoração

A finalidade da adoração é aproximarmos nosso pensamento de Deus. Espiritismo é uma doutrina sem ritos e sem sacramentos, assim a prece é o modo de adoração. Através da prece sincera formamos condições para nossa melhoria moral.

5-Adoração Exterior

A adoração verdadeira é a que vem do coração. Em todas as ações, lembre-se que Deus tem sobre nós o seu olhar. A adoração exterior só tem validade se exercida para dar bom exemplo.

6-Vida contemplativa

A vida contemplativa não é útil aos propósitos de Deus, nem à humanidade, e nem à melhoria pessoal. Devemos nos dedicar a ações que promovam o bem a nós e a outros, sem nos excluirmos do mundo. Não fazer o bem já é um mal.

7-A prece

No Espiritismo entendemos a prece como um modo de transmissão de nosso pensamento. Quando fazemos nossas preces, criamos uma corrente de comunicação, levando nossa vontade a Espíritos que dela simpatizam, estejam eles na Terra ou no espaço, tanto encarnados quanto desencarnados. Ao orarmos pedindo pela saúde ou agradecendo a Deus, alcançamos o concurso dos bons Espíritos, que trabalham para o bem e pelas boas obras.

Nosso pensamento adquire, desse modo, a força moral necessária a vencer as dificuldades e a volver ao caminho reto, se deste se afastou. Por esse meio, pode também desviar de si os males que atrairia pelas nossas próprias faltas. A prece nos torna melhores, pois nos fortalece contra as tentações, sobretudo dos maus pensamentos. A três coisas podemos propor-nos por meio da prece: louvar, pedir, agradecer. Podemos pedir por nós e também por outras pessoas.

8-Podemos orar pedindo afastamento das provas?

Sim, para nos fortalecer e nos inspirar ao bem e também para suscitar o pensamento necessário para vencermos os obstáculos.

9-Jesus ensinou-nos a orar.

Orai com discrição, sem procurar evidência;

Não é preciso orar longamente, com muitas palavras, mas com sinceridade;

Antes de orar, purifica o teu coração, assim se tiverdes qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe, exercitando deste modo a caridade. Quanto à reparação das falhas, as boas ações valem mais que as palavras;

Ao orar, tenha humildade, não exalte suas qualidades para apontar os defeitos dos outros.

Pai nosso dos Céus, santo é Teu nome.

Venha o Teu reino, Tua vontade se fará na terra como também nos Céus.

Dá-nos hoje nossa parte de pão.

Perdoa as nossas culpas, quando perdoarmos as culpas dos nossos devedores.

Não nos deixes entregues à provação.

Porque assim nos resgatas do mal.”

Amém. Cf. Mateus 6:9-13 (“Pai Nosso”, tradução original do hebraico por Severino Celestino da Silva)

Quando quase todos pedem pelos infelizes, nós nos atrevemos a suplicar pelos infelicitadores; quando os corações suplicam em favor dos caídos, dos delinqüentes, dos que se agridem, nós nos propomos a interferir em benefício dos que fomentam as quedas, os delitos e a violência.” Bezerra de Menezes

-Compreensão do tema:

01)Deve-se orar só em momentos de desespero? Por quê?

02)Você percebe a eficácia da prece para sua vida?

-Leitura indicada: Richard Simonetti. “A Constituição Divina”.


-Bibliografia: Allan Kardec. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. 10, itens 7 e 8; cap. 27; Allan Kardec. “O Livro dos Espíritos”, q. 649 a 673; Bíblia Sagrada. Lucas 18:9-14; Mateus 6:5-8; Marcos 11:25-26; 11:24; C.G.Jung. “O símbolo da transformação na missa”, 3ª ed, Vozes, Petrópolis, 1991; Deonísio da Silva. “De onde vêm as palavras”, 6ª ed., ed. Mandarim, São Paulo, 1997.

Wednesday, March 14, 2007

Aula 05 - Lei Divina ou Natural

1-Lei Natural

A Lei Natural regula toda a condição humana e a humanidade se melhora à medida que amplia suas perspectivas de compreensão e aperfeiçoa-se no exercício dessa lei.

“A Lei Natural é o conjunto de coisas a fazer ou a não fazer, que daí derivam de modo necessário (...). A Lei Natural trata dos direitos e dos deveres que estão ligados de modo necessário ao primeiro princípio: ´Faze o bem e evita o mal´ (...) Só quando o Evangelho tiver penetrado as próprias profundezas da substância humana é que a Lei Natural aparecerá em sua flor e em sua perfeição.”

(Nei Lobo, “Estudos de Filosofia Social Espírita”, 1992, p. 184)

Assim, cada ser é portador das sementes divinas do progresso moral. Leibniz (Gottfried Wilhelm Leibniz, 1646-1716) quando descreve a mônada afirma que os seres orgânicos são máquinas divinas. Em cada pequena parte desses seres, há uma peça dessas máquinas, que são do querer divino. É a maneira pela qual se realiza o finalismo superior.


2-Estado Natural

Estado natural é o estado primitivo, infância da Humanidade, o ponto de partida de seu desenvolvimento intelectual e moral.


3-Conhecimento da Lei Natural

Todos os Espíritos podem conhecer a lei natural, mas nem todos reúnem condições para compreendê-la; os que a compreendem melhor são os homens de bem e os que desejam pesquisá-la. No entanto, todos a compreenderão um dia, porque é necessário que o progresso se cumpra.

A obra de Deus é perfeita e todos trilhamos o caminho da perfeição, objetivo de toda a divina criação.

No ciclo das encarnações, pode-se aprender, aos poucos, todas as leis morais, sabendo-se que um só período encarnatório não é o bastante para o total aprendizado.


4-Definição de Moral

Moral é a regra de boa conduta e portanto da distinção entre o bem e o mal. É fundamentada sobre a observação da lei de Deus. O homem conduz-se bem quando faz tudo visando o bem e para o bem de todos, porque então observa a lei de Deus.

5-O Bem e o Mal

Todos os Espíritos foram criados simples e ignorantes, reunindo em si o potencial necessário ao exercício do bem. À medida que se esclarece, o Espírito tem maior consciência de suas responsabilidades e escolhas.

Os Espíritos caminham rumo à perfeição tão rapidamente quanto ocorre o processo individual de aprendizado moral e de evolução intelectual.



6-Entendimento das Leis Morais

O fundamento do ensino moral é a Lei de Ouro da Moral, preceito que diz “Faça ao outro o que quer que este te faça”.

Na Antigüidade anterior a Moisés prevalecia a Lei de Talião (que ensinava, entre outros aspectos, “olho por olho, dente por dente”).

No Decálogo ou Dez Mandamentos, Moisés trouxe uma evolução na compreensão das leis morais e do amor divino.

Jesus, por sua vez, ensinou e vivenciou a expressão máxima dos ensinamentos morais.


7-Divisão da Lei Natural

Na máxima de Jesus “Ama a Deus sobre todas as coisas; e ao teu próximo como a ti mesmo”, encontra-se a síntese dos Evangelhos e da Lei Mosaica.

Estudamos a lei natural em dez segmentos para melhor entendermos os ensinamentos nela contidos, compreendendo as leis de adoração; trabalho; reprodução; conservação; destruição; sociedade; progresso; igualdade; liberdade; justiça, amor e caridade. Esta última, “justiça, amor e caridade”, é a mais importante, pois, por seu intermédio, o homem pode avançar mais na vida espiritual, exercitando todas as demais leis.

Leitura Complementar

“A Lei Natural é uma conseqüência da presença divina, ela é eterna e imutável quanto ao tempo e espaço, mas percebida pelos homens na medida em que evoluem e dilatam o seu universo consciencial.

Conforme seja considerada, a Lei Natural tanto rege fenômenos da matéria, sendo estudada pelo homem ligado às ciências acadêmicas, na Física, Química, Biologia, Astronomia, etc., como fenômenos do Espírito, relacionados com o seu criador - Deus - ou com os seus semelhantes - outros homens e seres da natureza: animais, vegetais, minerais - formando as leis morais.

A lei natural, ou divina, está apropriada para cada mundo, na faixa da sua evolução, embora seja a mesma sob o ponto de vista universal. Todos, um dia, a compreenderão, embora muitos a conheçam e não a consigam entender nem respeitar, sofrendo as conseqüências desse desrespeito. Quem se afasta da Lei Natural fica infeliz, não por desconhecê-la, mas por repudiá-la.

Como está insculpida na consciência da criatura, ela é tanto mais compreendida quanto mais aperfeiçoado (evoluído) o ser, os maus instintos dos homens facilitam seu esquecimento. A bondade divina providencia, de tempos em tempos, a vinda de Espíritos superiores, que a encarnam em extensão e profundidade. Vivendo-a exemplarmente, servem como modelos catalisadores da mudança de costumes de uma população, de uma sociedade, da humanidade toda, dependendo do raio de ação de tais missionários.”

(Adaptado do Portal do Espírito, www.espirito.com.br)

-Bibliografia: Allan Kardec. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. 10, itens 7 e 8; cap. 17, it. 4; e cap. 27; Allan Kardec, “O Céu e o Inferno”, cap. 8, it. 12; Allan Kardec. “O Livro dos Espíritos”,q. 614 a 647.

Wednesday, March 07, 2007

Aulas 03/04 – Escala Espírita – Os Elementais; Anjos e Demônios

Os Elementais

O Mundo não é um objeto físico e mecanismo, mas um ato de consciência. Suas leis essenciais não são as da matéria, mas as leis morais e espirituais. O aparente mecanismo dos naturais está carregado de intenções.
Os fisiólogos gregos sabiam disso, e quando Tales se referia aos deuses que enchiam o Mundo em todas as suas dimensões, afirmava o princípio espírita de que a estrutura planetária, em seus mínimos detalhes, é controlada pelos Espíritos incumbidos da manutenção da Terra, desde os simples elementais (ainda em evolução para a condições humanas) até os Espíritos Superiores, próximo da Angelitude, que supervisionam e orientam as atividades telúricas. Na crosta planetária, ainda amparados e assistidos por milhões de entidades espirituais, os homens dominam os espaços entregues à sua juridição, sob a responsabilidade de suas consciências e na concessão do seu livre-arbítrio, realizando as experiência programadas por sua própria vontade. Somos nós, os homens, os construtores do Mundo, somos nós que fazemos bom ou mal, inferior ou superior. Muitas criaturas alegam que não fazemos o que queremos, pois estamos condicionados por forças internas e externas que nos governam. Todo o Cosmos é uma estrutura de leis, o que nos permite viver nele e agir nele pela nossa vontade. Um homem no mundo não é um prisioneiro ou um robô, é uma consciência que dispõe dos equipamentos da encarnação para atingir objetivos determinados pela sua consciência. Agimos, em todas as circunstâncias, dentro dos nossos condicionamentos, como um ser livre que pode fazer e desfazer. Mas como poderíamos fazer algo, se não dispuséssemos da consciência, da vontade e do meio em que vivemos? Os que sonham com a liberdade absoluta não tem uma noção clara de liberdade. Os peixes não vivem e não agem fora da água. Os pássaros não podem viver e voar no vácuo. O homem não existe fora da existência. E não há existência onde não houver o existente, que é o homem.
(J. Herculano Pires, "O Centro Espírita")

Anjos segundo a Igreja

Há dois gêneros de criaturas: - espiritual (angelical); e a corporal (mundana). No gênero espiritual a existência é puramente espiritual, destituída da matéria. Quanto ao gênero corporal, sua vida é puramente material e os seres apresentam um vínculo espiritual com a matéria, a alma.
Os anjos são seres criados por Deus para auxiliá-lo em sua obra.
Anjos segundo o Espiritismo

A Doutrina Espírita refuta a tese da Igreja, pois não compactua que Deus crie seres privilegiados e puros, derrogando, assim, sua lei de evolução, ou ainda, que condene outras criaturas a perdurarem eternamente no mal, caso dos chamados “anjos caídos” ou “demônios”.
Há Espíritos que, por ignorância, ficam por algum tempo (e não eternamente) voltados para ações más, porém tendo oportunidade de, a qualquer momento, renunciarem ao mal e retomarem sua caminhada no sentido do bem, rumo à perfeição.


Demônios segundo a Igreja

O Papa Inocêncio III, durante o Concílio Latrão IV, em 1215, declarou a crença da Igreja nos demônios, que seriam anjos criados bons, mas que caíram em pecado. Em princípio eram anjos, contudo, revoltaram-se pelo fato de Deus lhes impor subordinação a seu Filho, Jesus. Lúcifer liderou o grupo (um terço dos anjos) que foi expulso das esferas celestiais para abrigar-se eternamente nas profundezas terrenas, longe da face de Deus.


Demônios segundo o Espiritismo

A tese de seres voltados para sempre ao mal não procede, pois Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, para aprenderem e alcançarem a perfeição, não direcionando sua criação para o mal.
Por demônios se devem entender, portanto, os Espíritos impuros ou imperfeitos, que se rebelam contra as suas provas e por isso as sofrem mais longamente, mas, no momento certo, chegarão a sair daquele estado, quando o quiserem. Poder-se-ia, pois, aceitar o termo demônio com esta restrição. Como o entendem atualmente, dando-se-lhe um sentido exclusivo, ele induziria em erro, com o fazer crer na existência de seres especiais criados para o mal.
Assim, estes Espíritos vivem situação transitória e vão evoluir para estágios mais felizes à medida em que se esclarecerem intelectual e moralmente.

“Se isto fosse verdade, se o demônio existisse, Deus não seria onipotente.
A invenção, pois, do demônio, do inferno e das penas eternas, necessárias, quando a Humanidade atrasada e ainda embrutecida só podia ser contida pelo terror levado ao fantástico, hoje é coisa que já fez seu tempo, que a Razão e a consciência repelem por blasfêmia, invenção que tem sido, como outras idéias remotas, sustentadas pela Igreja, a causa real do materialismo moderno.
O demônio, portanto, não passa de uma criação humana, por isto, firmada no fato inquestionável das tentações e perseguições invisíveis, mas um fato que é hoje perfeitamente explicável (e verificado experimentalmente) pela ação dos Espíritos, sim, porém, Espíritos da nossa espécie, que, sendo, ainda, muito atrasada, e, por isto, ainda se regozijando no Mal que faz, atua sobre nós, exatamente, como a Igreja diz que atuam os demônios.
O Espiritismo, portanto, não pode ser diabolismo, pela simples razão de que não existe o diabo, em que pese ao ilustre pregador, vítima de lamentável fanatismo.” (Bezerra de Menezes)