Wednesday, April 26, 2006

Aula 11 – Lei de Igualdade

1-Igualdade natural
Todas as pessoas são iguais perante Deus, pois todos nascem simples e ignorantes, percorrem, ao longo de várias encarnações os diferentes degraus da escala evolutiva, apresentam as mesmas necessidades e fragilidades, estando, assim, sujeitos às mesmas dores.
Ninguém recebe de Deus superioridade natural a nenhum indivíduo, nem pelo nascimento, nem pela morte.
A distinção e os preconceitos por sexo, raça, casta, título ou quaisquer outros aspectos materiais conflitam com os preceitos da igualdade natural.
2-Desigualdade das aptidões
Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, com igual potencial evolutivo, sempre vivendo pautados pelo livre-arbítrio. Ocorre que cada um, consoante seu ritmo de aprendizado, inclinações e sensibilidade, obtem diferentes graus de elevação moral e intelectual. Os diversos níveis de aperfeiçoamento do Espírito lhe garantem as mais distintas aptidões, todas elas necessárias ao êxito de cada existência. Cabe a cada um saber empregar as aptidões que carrega para beneficiar ao seu progresso pessoal e ao da coletividade.
3-Desigualdades Sociais
A desigualdade das condições sociais no orbe terrestre é fruto das ações humanas.
O progresso dos seres que habitam a Terra fará desaparecer a desigualdade à medida que os esforços individuais e coletivos vençam o orgulho e o egoísmo.
4-Desigualdades das Riquezas
Muitas pessoas detêm riquezas originadas no trabalho honesto e justo, porém, há os que vivem uma situação de prosperidade material derivada de espoliação, injustiça ou crime.
A justiça humana pode não reparar alguns equívocos, contudo os desígnios divinos darão condições para a devida reparação de eventuais abusos e desacertos.
A igualdade das riquezas não é possível ao atual momento dos seres terrestres, pois são diversos os aspectos que impedem esta eqüidade, como fatores ambientais, geográficos, históricos, culturais, além das provas necessárias a certos indivíduos e coletividades.
Por outro lado, o bem-estar poderá ser desfrutado por todos, à medida que cada criatura saiba usar suas aptidões e empregar seu tempo para o aprimoramento moral de si e dos outros, orientando-se para tarefas edificantes.
5-Provas da riqueza e da miséria
A miséria e a riqueza são condições necessárias às provas terrenas. Tanto uma quanto outra situações são perigosas, pois na miséria muitos se atém aos queixumes contra a Providência; na riqueza, pode-se sucumbir ao egoísmo e aos excessos. A posse da fortuna em geral dá a possibilidade de se reparar injustiças.
6-Igualdades de direito homem e mulher
A Doutrina Espírita inovou conceitos por afirmar, em pleno ano de 1857, a igualdade entre homens e mulheres.
O conceito de inferioridade da mulher decorre do domínio cruel e injusto adotado em diversas sociedades.
A fragilidade física não é fator para desmerecer os entes femininos, pois tal situação deve servir para destinar-lhe trabalhos adequados a sua estrutura. A força física deve, assim, prestar-se à proteção dos seres fisicamente mais fracos e não à sua escravização.
A legislação terrena para ser um pouco mais perfeita e justa deve consagrar igualdade de direitos entre homem e mulher.
7-Igualdade perante o túmulo
Os monumentos fúnebres e funerais pomposos apenas registram o orgulho humano. Pompa e riqueza nas homenagens funerárias ou nos túmulos não lavam a torpeza de quem quer que seja.
Muitos procuram exaltar sua posição social e riqueza através do luxo no túmulo de seus parentes, porém o que prevalece para a espiritualidade são as boas obras realizadas em vida e o progresso moral do Espírito.

-Bibliografia: Allan Kardec. "O Livro dos Espíritos”, q. 803 a 892; Richard Simonetti, “A Constituição Divina”, 12ª ed., 1995, pp. 70 a 50.

Wednesday, April 19, 2006

Aula 10 – Lei de Sociedade

1-Necessidade da Vida Social
O homem foi feito para viver em sociedade, pois necessita da vida em grupo para alcançar um progresso que sozinho lhe seria inacessível por lhe faltar todas as faculdades. A vida em isolamento absoluto á contrária à lei natural, pois necessitamos da união e da proximidade de nossos semelhantes de modo a exercermos o auxílio mútuo. Todos temos oportunidade de viver de algum modo em comunidade.
2-Usufruto e Participação
Nos grupos sociais podemos experimentar vários papéis e níveis de relacionamento. Ao integrar uma entidade de classe ou um clube, por exemplo, efetuamos contribuições periódicas, como as mensalidades, que custearão a organização. E, em contrapartida, seremos beneficiados por suas conquistas e atividades. É bom encontrar o clube limpo, a piscina saneada, as quadras em boa manutenção. Até aqui estamos vivendo o usufruto.
Nosso vínculo tem potencial para se aprimorar, e podemos abraçar uma parcela maior de responsabilidade, passando a freqüentar reuniões deliberativas, assembléias para integrar o conselho ou grupos de trabalho. Neste momento, passamos do usufruto à participação.
A participação é um fator que burila nossa sensibilidade para as causas coletivas e nos propicia uma visão mais abrangente de problemas comuns.
Quando vamos à Casa Espírita para assistir a reunião pública e receber passes, estamos usufruindo. Ao passarmos a trabalhar em alguma das muitas atividades do centro, nos tornamos agentes multiplicadores das benesses da instituição, levando caridade a nós e a outros que busquem um pouco do bem que a Casa Espírita proporciona.
3-Vida de Isolamento. Voto de Silêncio
Algumas crenças cultuam o voto de isolamento como expressão de sacrifício pessoal, contudo este tipo de vida só faz fomentar o egoísmo, excluindo estas pessoas de tarefas em prol dos desvalidos e de outros necessitados.
O mesmo se dá com o voto do silêncio, a pretexto de coibir o uso da palavra para modos pouco meritórios e, em outra matiz, não impedindo que a pessoa nutra pensamentos desarmoniosos e ruins.
A linguagem e a comunicação são grandes ferramentas da humanidade. Mesmo que uma pessoa não tenha uma graduação especial ou um talento diferenciado, sua palavra pode ser um lenitivo a muitos irmãos que padecem solitários em asilos, leitos de hospitais, cárceres e orfanatos. Há inúmeras pessoas necessitadas do diálogo fraterno, uma forma de caridade pouco lembrada em nossos dias.
4-Laços de Família
Os seres humanos vivem a vida moral, pautada em valores, relações de afeto e simpatia, por isso diferem da vida animal, ligada somente às relações materiais e à proliferação das espécies.
5-Parentesco e Filiação
A reencarnação propicia o fortalecimento dos laços familiares, ampliando as dimensões de afeto e fortalecendo a família espiritual, muitas vezes recomposta no orbe terrestre.
Os Espíritos devem trabalhar para o progresso recíproco. Na família vemos esta missão de forma muito clara, ajustando-se os pais na posição de provedores materiais e, além disso, de primeiros educadores dos Espíritos que acolhem como filhos.
Seres menos adiantados moralmente também podem se beneficiar da bagagem existencial de seus familiares, através da oportunidade de aprendizado no convívio com os entes mais próximos.
A família muitas vezes reúne Espíritos simpáticos, antigos companheiros de outras jornadas. O mesmo pode suceder com os povos, pois os Espíritos nutrem simpatia a certas coletividades.
6-Honrar Pai e Mãe
Há diferença entre a parentela corporal e a parentela espiritual.
A condição material cria a parentela corporal, muitas vezes reunindo na família seres distintos, em diferentes graus de esclarecimento e evolução, ou sem qualquer precedente de convívio em comum nas outras vidas.
A parentela espiritual, por sua vez, reforça os vínculos afetivos de outros estágios encarnatórios e pode se fazer reconhecer dentro de núcleos familiares ou fora destes, na figura de sentimentos fraternos recíprocos que até mesmo podem superam a ausência de vínculos familiares terrestres.
O sentido de se honrar pai e mãe é exercitar-se a caridade desde o seio familiar, não relegando ao desamparo e à falta de assistência aqueles que atuaram como nossos genitores. Em sentido mais amplo, trata-se de levar esta caridade à sociedade, através de ações fraternas para amparo de nossos semelhantes nas situações de mais acentuada fragilidade, como na velhice carente.

-Bibliografia: Allan Kardec,”O Evangelho Segundo o Espiritismo”, c. 14, it. 5 a 7; Allan Kardec. "O Livro dos Espíritos”, q. 766 a 775; Richard Simonetti, “A Constituição Divina”, 12ª ed., 1995, pp. 70 a 50.

Wednesday, April 12, 2006

Aula 09 – Lei de Destruição

“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, Antoine Laurent Lavoisier (Paris, 26/08/1743-Paris, 08/05/1794) em sua Lei da Conservação das Massas ou Lei de Lavoisier.
l-Destruição Necessária e destruição abusiva
A destruição é uma lei natural, necessária à regeneração moral dos Espíritos. Na natureza ela tem seu papel com adequada ligação ao todo e aos ciclos vitais.
A destruição se torna abusiva quando provocada antes do tempo necessário, quando praticada sem equilíbrio, com crueldade ou se for além dos limites da necessidade e da segurança.
2-Flagelos destruidores
Os flagelos atingem a humanidade em seu orgulho e vaidade, exibindo sua fragilidade e obrigando-a a avançar mais depressa. Têm o objetivo de ensinar o homem a superar seu apego material e fazê-lo trabalhar para obter o progresso, mesmo que seja apenas para as gerações futuras. Muitos flagelos são evitáveis, ocorrendo como resposta à imprevidência humana.
3-Guerras
A humanidade recorre à guerra porque ainda apresenta submissão às paixões e predomínio da natureza animal sobre a espiritual. À medida que progride, o homem deixa seu estado de barbárie, trocando as lutas sangrentas pela prática da Justiça e da lei de Deus.
Mesmo traduzindo um recurso de seres imperfeitos, durante períodos de guerra a humanidade cria inventos e soluções que surtirão em beneficios para a vida terrena, assim, as fibras sintéticas (nylon), veículos (jipe, aviões), microondas e o sonar são algumas destas criações.
4-Assassínio
Não encarnamos com intuito de ceifar a vida de nosso semelhante. O assassínio é um grande crime aos olhos de Deus, pois ao provocar a morte de alguém, interrompe-se um período de expiação ou a missão de um irmão.
5-Crueldade
O sentimento de crueldade deriva de uma condição moral inferior e não configura necessidade, como sucede à lei de destruição.
Mesmo entre as nações mais civilizadas e cultas há seres cruéis como certos grupos selvagens, pois na Terra há diversidade de homens e muitos Espíritos são de ordens inferiores e dominados pelo instinto do mal, recebendo oportunidade de encarnar entre os irmãos um pouco mais adiantados como forma de amealharem algum progresso e esclarecimento.
6-Duelo
No passado, os homens valiam-se do enfrentamento através do duelo como instrumento de solução de questões pessoais, o "ponto de honra".
Em geral, deste embate resultava um vencedor – um assassino -, e uma vítima - um suicida.
Hoje em dia não é costume o confronto de armas "homem a homem" para resolver diferenças pessoais, entretanto usa-se da espada da palavra e da arma dos maus pensamentos para atacar e ferir o semelhante.
O duelo continua sendo um atentado contra a vida e seus reais motivos são o orgulho e a vaidade, chagas que ainda comprometem a marcha evolutiva da humanidade.
7-Pena de Morte
Muitos países adotaram em seu sistema legal o recurso da "pena capital" ou "pena de morte", porém, apesar da aceitação humana, contraria-se a lei de Deus, derrogando suas leis morais, pois não se pode abreviar a vida do semelhante, mesmo com o pretexto de se punir um criminoso.
A Doutrina Espírita repudia também a eutanásia, a tortura e as práticas de mutilação, episódios cruéis em uso dentro de certas culturas terrenas.
8-A Lei de Talião
Diz a Lei de Talião: "Olho por olho, dente por dente ", mas é necessário esclarecer que tal preceito, que já teve sua validade como diretriz moral terrena, porém em tempos remotos, pautados pela ignorância e pela barbárie.
Entendemos, à luz da Doutrina Espírita, que só cabe a Deus aplicar este nível de Justiça, através de seus instrumentos que, sendo sempre justos, pretendem educar a humanidade com amor e respeito à natureza e à situação existencial de cada um.

-Bibliografia: Allan Kardec. “O Livro dos Espíritos”, q. 728 a 765.

Wednesday, April 05, 2006

Aula 08 – Lei de Conservação

1-Instinto de Conservação
O instinto de conservação é uma lei da natureza e se faz presente desde as formas mais singelas de vida até os seres de maior complexidade.
A vida é necessária ao aperfeiçoamento de todos, por isso os Espíritos sentem, mesmo que por instinto, a necessidade de viver.

2-Meios de Conservação
Além da necessidade de viver o homem recebe, de acordo com as leis naturais, os meios para garantir sua conservação. A terra devidamente explorada pode fornecer alimentos em medida necessária à manutenção da vida. A negligência e a incompreensão da humanidade geram o mal uso dos recursos naturais, e, em decorrência, os problemas de abastecimento e de escassez. Quando a terra não produz o mínimo necessário às necessidades humanas reflete os desvios de conduta em que o homem emprega recursos e esforços para gerar o supérfluo.

3-Gozo dos Bens Terrenos
Os bens terrenos são destinados a suprir a necessidade de viver da humanidade. O prazer na busca e na posse destes bens possui o aspecto positivo de instigar a humanidade ao cumprimento de sua missão e de submetê-la à prova da tentação. O desperdício e o excesso em relação a estes bens contrariam a lei natural.
4-Necessário e Supérfluo
Toda pessoa deve procurar para si o necessário, ouvindo sua intuição e considerando a experiência própria. As necessidades humanas são insaciáveis, pois a natureza lhe cobra o mínimo para se manter vivo e, entretanto, o homem cria inúmeras outras necessidades artificiais que tendem a desviá-lo de suas necessidades básicas. A estas exigências artificiais chamamos supérfluo. Um automóvel pode representar uma ferramenta de trabalho e um item básico a certas condições de vida, porém um veículo de alto luxo transcende estas características, e assim devemos pontuar nossa reflexão. Quando se acumula os bens terrenos em detrimento das necessidades alheias e para fomentar o supérfluo, o indivíduo gera compromissos pelos quais prestará contas no futuro.
5-Privações Voluntárias. Mortificações
O homem deve prover suas necessidades corporais e buscar seu bem-estar, mas cabe a ele evitar prejudicar alguém ou saciar sua natureza à custa do enfraquecimento das forças morais.
As privações voluntárias podem ser meritórias quando levaram a pessoa a se libertar dos prazeres inúteis e das coisas supérfluas.
Muitas crenças defendem atos de mortificação, que se convertem em egoísmo se seus objetivos não forem servir a quem os pratica e se impedirem a realização do bem.
A verdadeira mortificação que rende mérito ao homem é submeter-se a privações para trabalhar pelos outros.
A busca diária pela sobrevivência dentro das leis morais não é um mal, contudo tornar a luta por bens materiais no único referencial da vida, em detrimento da natureza e do próximo, é incorrer em abuso e contrariar os preceitos divinos.

“Diante de perigo real ou imaginário nosso corpo entra imediatamente em estado de alerta, com a descarga de substâncias como a adrenalina na corrente sanguínea, potencializando nossas energias. É a Natureza agindo em favor de nossa sobrevivência. Isso ocorre com todos os seres vivos. As próprias plantas têm complexos mecanismos de defesa, reagindo a ameaças como a seca, o frio, a enchente, os predadores.
Nos irracionais o instinto de conservação funciona equilibradamente, obedecendo a controles automáticos, sem maiores problemas. Superado o perigo, voltam à normalidade.
No ser humano o mecanismo é mais complexo, posto que, exercitando a inteligência, somos chamados a participar desse controle. A dificuldade reside em nosso despreparo. É natural que, em face de uma ameaça o instinto de conservação mobilize defesas, colocando-nos de prontidão, despertos, ativos ao máximo. Entretanto, trata-se de um estado de exceção que deve ser prontamente superado ou nos esgotaremos, favorecendo a evolução de desajustes físicos e psíquicos. Seria como uma máquina colocada a funcionar em velocidade máxima, ininterruptamente. Em pouco tempo necessitaria de reparos.
É o que ocorre numa guerra, onde os combatentes permanecem por longos períodos em estado de alerta, tensos, preocupados e com medo. Regressando ao lar, soldados que viveram tais experiências nem sempre conseguem retomar à normalidade, situando-se neuróticos, alternando agressividade e depressão, adotando, não raro, um comportamento anti-social.
Na atualidade todos nos sentimos mais ou menos ameaçados. Há a violência urbana, os assaltos, os assassinatos; há a turbulência do trânsito; há a inexorável e assustadora progressão do custo de vida; há as limitações do salário que não atende às necessidades de subsistência. O instinto de conservação permanece "a mil por hora", como se estivéssemos num campo de batalha. E surge o estresse, um esboroamento dos mecanismos de detesa, originando problemas de saúde que jogam mais lenha na togueira das preocupações humanas.
Inúmeros recursos podem ser mobilizados para mudança desse quadro de angústias: lazeres e viagens de espairecimento; o tranquilizante que desacelera o corpo; a medicação que favorece a recomposição de órgãos ate ta dos, bem como recursos espirituais: o passe magnético, a água fluiditicada, a oração, com o que compensamos as perdas determinadas pela tensão.”
(Richard Simonetti)

-Bibliografia: Allan Kardec. "O Livro dos Espíritos”, q. 702 a 727; Richard Simonetti. “A Constituição Divina”, pp. 44-50