Wednesday, September 20, 2006

Esperanto - A língua sem pátria Cem anos de resistência

Como o Esperanto, o idioma artificial mais difundido no mundo, ainda luta para conquistá-lo

Mônica Manir

Em março de 1906, o professor João Keating coordenou a criação do primeiro clube de esperanto do País, em Campinas. Ele fechou em 1920, mas outros tantos vieram atrás. Hoje são cerca de 200 entidades no Brasil dedicadas à perpetuação e divulgação da língua.

Esperanto vivas!

Um cético diria que Elvis também não morreu. Mas o fato é que o esperanto, língua criada por um judeu polonês em 1887, continua na boca do povo. Bem verdade que um povo de milhares, que a Associação Universal de Esperanto (UEA) estima em 10 milhões e os mais entusiastas em quatro vezes isso. Sob a perspectiva de uma língua universal, que seria falada por todas as nações, é número raso. Mas, sob o ângulo de um sistema planejado, que sobrevive há mais de século sem pátria nem divisas, ele tem tido sua cota de notoriedade. Saddam Hussein, quando não habitué de tribunais, expulsou do Iraque o único professor de esperanto por se sentir ameaçado pelo idioma. Correm na internet mais de 3 milhões de páginas em esperanto ou com trechos dele (o Google tem uma barra de busca dentro de um dicionário), cerca de 30 mil livros já foram editados, a UEA tem 165 títulos de CDs à venda. E transcorre no Brasil a comemoração de 100 anos do primeiro clube nacional da língua, o Suda Stelaro (Cruzeiro do Sul), criado em Campinas, interior de São Paulo.

O pai da língua, o judeu polonês, era o oftalmologista Ludwig Lejzer Zamenhof. Consta que a idéia de entabular um idioma neutro nasceu de mal-entendidos. Na sua cidade natal, Bialistoque, que vivia sob o jugo do Império Russo, o pau quebrava feio devido à grande quantidade de idiomas na região. Daí ele ter criado um projeto, depois transformado no livro Internacia Lingvo de Dokotoro Esperanto - Língua Internacional do Doutor Esperanto, pseudônimo que significa "aquele que espera". Pois então, o projeto de Zamenhof consistia num arcabouço que, muito depois, Umberto Eco classificaria como "uma língua muito bem-feita, que segue o admirável critério de economia e eficiência do ponto de vista lingüístico". Um chamariz são as poucas características e regras normativas. Somam 16, entre elas a ausência de artigos definidos e indefinidos, o verbo invariável em pessoa e número, o acento tônico na penúltima sílaba (todo o mundo esperantista com mais de uma sílaba é paroxítono), adjetivos terminados em "a", substantivos em "o", advérbios em "e", ausência de letras mudas. Cada uma, aliás, tem um único som e a cada som corresponde uma única letra. O "x", o "w", o "q" e o "y" dançaram.

Não foi à toa você ter entendido, no início, que o esperanto vive. Ele tem cerca de 60% de raízes latinas, mais 30% de anglo-germânicas e 10% de eslavas. A não ser que se esteja gripado, ninguém precisa falar o idioma pelo nariz ("não" é ne), e o uso constante das cinco vogais bota som na caixa. Soa como um italiano muito bem pro-nun-ci-a-do, levemente temperado com polonês. "É uma língua planejada a posteriori, aproveitando o que já existia em outras", lembra Jimes Milanez, professor de esperanto e membro do Kultura Centro de Esperanto (KCE), em Campinas. Tolstoi afirmou categoricamente que bastaram seis horas para que ficasse craque no esperanto. Os mais pés-no-chão, gente como a gente, demoram em torno de seis meses para dominá-lo.

Há quem diga (e um deles foi Reinhard Selten, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1994) que o esperanto abre caminho para outras línguas. Nessa linha, se você criasse desenvoltura no "tre bone, dankon" (muito bem, obrigado), acabaria se virando com mais agilidade da Groenlândia ao Chuí... A missão maior desse idioma, porém, é ser pan, universal, flanar acima das fronteiras, ser a segunda língua, a mãe de leite da materna. "O esperanto é como um Linux da vida", compara o também analista de sistemas Jimes. Ainda assim, tem quem o associe a uma religião ou outra. No Brasil, chegou a receber o rótulo de "coisa de espírita". Como muitos seguidores dessa religião o consideram a língua do terceiro milênio, que unirá as pessoas no ideal de fraternidade, editam obras e mantêm no site da Federação Espírita Brasileira uma versão do conteúdo em esperanto. Pois não é que um grupo de evangélicos desistiu de um dos cursos oferecidos na Capital mal soube que o dicionário era editado pela Federação? Talvez o nome do autor na capa tenha contribuído para a diáspora: Allan Kardec Afonso Costa.

Por quê, então, apesar de tanta desenvoltura e princípios nobres, o esperanto não deslancha? "Para ser universal, o esperanto não pode sofrer alteração, mas é impossível represar uma língua", afirma Izidoro Blikstein, professor de Semiótica da Universidade de São Paulo e de Comunicação Empresarial da FGV. Pelo uso, explica ele, o esperanto sofreria deslizamentos ou alterações semânticas, incorporaria metáforas e metonímias, e isso degringolaria o projeto de um idioma regular para todos. O caráter "messiânico" também é criticado. "Imaginar que as línguas servem para a comunicação clara entre as pessoas é ignorar sua opacidade, sua falta de transparência natural", afirma Eduardo Guimarães, professor de Semântica do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. Ok, então expliquem a disseminação transatlântica do inglês. "O dólar", aponta Guimarães. Nas palavras de Blikstein, o inglês virou língua de sobrevivência no comércio e na academia, mas também não está imune a interferências. "Não temos um, mas uma miríade de ingleses", diz. Como muitos lingüistas do País, talvez a maioria, nenhum dos dois conhece o esperanto de perto.

Para Marcos Zlóv Zlotovich, que deu aula de esperanto por 15 anos e hoje tem uma escola de línguas que não o ensina, uma das questões que seguram o freio de mão dessa língua é que ela ainda depende do ensino fora de casa. Os esperantistas, em geral, não passam o idioma para os filhos e, quando o fazem, os guris não seguram por muito tempo a informação. Afinal, na escola, entre os amigos, no futiba, na esquina, ninguém (ou praticamente ninguém) entende o que dizem. "Ela depende, portanto, de programas didáticos bem estruturados, mas o material didático é sofrível, os professores voluntários, as aulas maçantes", diz Zlóv, exibindo a estrela verde com a letra "E", símbolo do idioma, num broche do lado esquerdo do peito.

O analista de sistemas James Rezende Piton estava sem o broche no dia da entrevista - ele e a mulher, a psicóloga Isis Climany Okabe Piton. Por questão de segurança, talvez. Jean, de 3 anos, e Molina, de 7 meses, se revezavam no colo de um e de outro. Aos dois, desde a barriga, os pais falam em esperanto e português. São dos poucos que acham que santo de casa faz milagre. A língua fez a graça de uni-los num encontro de esperantistas em Campos do Jordão, em 1997. Casaram em 2001, com o pacto de sangue de passar o idioma como herança. "Há casais que falam esperanto entre si, e apenas entre si, para os filhos não entenderem o que dizem, mas no nosso caso é o contrário", sorri James. À pergunta sobre a utilidade dessa educação bilíngüe, ele responde que o idioma lhe deu acesso a vários países. Visitou 18 deles, a maioria na Europa, e foi a comunidade esperantista quem, no vamos ver, lhe abriu os segredos de cada um. "Para quem pode viajar, é um trunfo."

Nessas duas últimas semanas, James organizou uma exposição de cartões-postais na Biblioteca Central César Lattes, na Unicamp, como parte dos parabéns à criação do Suda Stelaro. O postal foi aceito como meio de comunicação internacional em 1902, quase contemporâneo portanto ao esperanto. A proposta de James é usar os cartões para ilustrar a história da língua, as curiosidades dos clubes, a perseguição aos falantes (Stalin mandou para a Sibéria vários pares deles, Hitler acusou o esperanto de ser usado pelos judeus para "dominar mais facilmente" e os congressos, sempre anuais, foram censurados durante as duas guerras). Se os postais correram mundo divulgando a língua, hoje são os e-mails que levam sua mensagem multicultural. "A internet traz um futuro auspicioso para o esperanto", prevê Zlóv. Quando os lingüistas apontam a falta de densidade histórica como um problema para essa língua virar febre, os esperantistas assumem seu caráter transgênico sem pudor. O esperanto, afirmam, absorve e compartilha a cultura de todos, dando acesso ao que os praticantes de cada país consideram de melhor em sua literatura, por exemplo. É comum encontrar antologias nacionais em esperanto, e sua flexibilidade e precisão dariam chance a traduções fiéis. Na voz de Guimarães Rosa, "é essa língua, de grande simplicidade e rara beleza, que está naturalmente predestinada a veicular e divulgar as obras literárias no futuro".

(Jornal da Tarde, Alias, 26/03/2006)

Santo Daime - O chá vale mais que o sopão

Bebida amazônica usada em ritual religioso ajuda andarilhos da Capital a largar as drogas e o álcool

ARTHUR GUIMARÃES

Sagrada nos igarapés amazônicos, a bebida alucinógena Ayahuasca vem sendo usada para tirar mendigos das sarjetas paulistanas. Em um novo uso urbano, o chá do cipó Jagube com a folha Rainha - essência da religião do Santo Daime - já foi experimentado, sem a roupagem doutrinária, por mais de 300 moradores de rua da Capital, viciados em álcool e narcóticos de regiões como Glicério, Cracolândia e Praça da Sé, Centro de São Paulo.
Os responsáveis pelo trabalho têm longo histórico em entidades tradicionais de ajuda aos excluídos da Cidade. São ainda conhecedores de técnicas indígenas e dissidentes do Daime. Há mais de 13 anos, Walter de Lucca Jr., 64 anos, e Luiz Antônio Leite, 53, preparam andarilhos com processos rituais de limpeza do organismo. Para os interessados, oferecem também a bebida, líquido cor de terra que provoca uma mágica introspecção nos participantes das sessões.
Os curados pela Ayahuasca acreditam que a experiência estimula o autoconhecimento. As imagens, sons e sensações que vêm à cabeça após a ingestão do chá, segundo os próprios recuperados, levam as pessoas a refletir sobre a vida, sobre suas manias e traumas. 'É um choque para quem vive no automático das ruas. Traz consciência da própria situação, do que faz bem e do que faz mal', arrisca Walter.

Hoje, o ritmo é mais contido. Mas o atendimento já foi em larga escala, em reuniões que juntavam 15 pessoas. Doentes mentais, logicamente, eram quase sempre recusados. A seleção sofria outra peneira: apenas os excluídos já conhecidos de uma ONG parceira, no Glicério, eram sondados.
'Todos encaravam como um saudável passeio', diz Walter, que aprendeu com índios peruanos a utilidade da Ayahuasca para combater os vícios. No começo da experiência com a população de rua, no ponto de ônibus beirando a estrada, uns desembarcavam de muleta, outros machucados, alguns vinham desorientados.
Todos vinham sujos do Centro, vestindo roupas rasgadas e embriagados. Em passos cambaleantes, os moradores de rua da metrópole entravam pelo caminho de terra úmida, 12 quilômetros rasgando Mata Atlântica, em São Lourenço da Serra, km 301 da Rodovia Régis Bittencourt.
No percurso, tinha quem escondesse nos trapos uma última 'barrigudinha', pinga toscamente destilada embalada em uma garrafa plástica redonda.
Bebiam um pouco, avançavam mais um tanto, sem dar bandeira aos organizadores do exercício. Os mais descarados faziam paradas estratégicas para 'tomar umas' nas pequenas vendinhas. Muitos achavam aquilo tudo muito complicado. E voltavam para a Cidade.
As passadas lentas marcavam ritmo de uma longa viagem. Atravessar a trilha - sem temer nem mesmo os banhos gelados nas cachoeiras ao longo do percurso - mostrava um interesse incontestável em mudar de vida. A travessia era o primeiro e desafiante degrau até a chácara usada para os trabalhos, onde começava uma escada para a cura dos vícios da vida na rua.
Lá, os homens passavam por dietas rigorosas, comendo apenas arroz ou mandioca. Eram usadas plantas purificantes, como a trepadeira Yawarpanga, que causa vomitórios intensos. 'Os índios usam muito esse processo, para evitar problemas no ritual', diz.
Mesmo assim, quando muitos andarilhos participavam de uma mesma sessão, o clima pesava. Walter conta que chegou a ter de sentar em cima de um, agora ex-morador de rua, que ficou agitado após ingerir a bebida. 'Nessa horas, usamos os hinários, as orações. Há formas de controlar a situação, de orientar a pessoa na viagem', diz.
Toda a experiência era feita de forma voluntária. Ninguém era obrigado, segundo Walter, a pagar a bebida nem a estrutura usada.
'É um compromisso meu com o Divino, com o Absoluto, queria ajudar essas pessoas', afirma.
Walter não sabe quantas pessoas recuperou. Mas faz um saldo positivo da sua ação entre a população de rua da Capital. 'Fiz com que acordassem, com que descobrissem os valores e dilemas da vida.'

(Jornal da Tarde, Cidade, 20/09/2006)

Friday, September 15, 2006

Parentela - Richard Simonetti

Está no Evangelho de Mateus (12:46-50) que Jesus pregava a pequena multidão, em uma residência, quando foi informado de que sua mãe e seus irmãos o procuravam e desejavam falar-lhe.

Perguntou o Mestre:

- Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?

E, indicando seus discípulos:

- Eis aí minha mãe e meus irmãos! Pois quem cumpre a vontade do meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe.


Estranha essa reação de Jesus. Uma desconsideração para com sua família, particularmente sua mãe, por quem, em outras oportunidades, sempre demonstrou solicitude.
Sua primeira aparição na vida pública, nas Bodas de Caná, deu-se ao lado de Maria.
Sua última preocupação, na cruz, foi com Maria, que confiou aos cuidados do apóstolo João.
Melhor que ninguém Jesus conhecia e cumpria o dever de honrar pai e mãe, consoante o princípio divino enunciado na Tábua da Lei, o que, obviamente, implica dar-lhes atenção e deles cuidar.
Por que, então, essa aparente contradição?

Não é difícil definir o que ocorreu.
Suponhamos que eu estivesse em casa de amigos espíritas, falando a respeito da pluralidade dos mundos habitados.
Alguém avisa:
- Richard, sua mãe e seus irmãos estão aí fora e querem falar-lhe.
Soaria mal.
Mas se estivesse falando sobre os valores da fraternidade, considerando a existência da família universal, filhos de Deus que somos todos, então a observação surgiria como uma ilustração, sem causar estranheza.
É provável que assim tenha ocorrido com Jesus.
Como o episódio foi registrado fragmentariamente, a observação pode sugerir uma desconsideração com sua família.
Há várias passagens evangélicas em que temos dificuldade para compreender seu pensamento, que nos parece enigmático e obscuro justamente porque houve um registro precário, sem que saibamos das circunstâncias que ensejaram a lição das explicações posteriores que ofereceu aos ouvintes.
Consideremos também o problema da afinidade. Explica Kardec, em "O Evangelho segundo o Espiritismo", que as palavras de Jesus sugerem que há uma parentela carnal e uma parentela espiritual.
Os parentes pela carne são aqueles que tem o mesmo sangue. Pais e filhos, irmãos e irmãs...
Não raro, embora vivendo sob o mesmo teto, atendendo a variados compromissos, estão separados pela diferença de aptidões, de tendências, de estágio evolutivo...
As ligações pela carne podem ser constrangedoras e atritantes, porquanto envolvem pessoas que devem caminhar juntas mas não entram em acordo quanto aos caminhos ideais.
Se não conseguem ajustar-se, exercitando entendimento, podem resvalar para a frustração e a rebeldia, transformando o lar em palco de lamentáveis dramas, onde se fazem presentes a traição, a agressão, a deserção...
Já a parentela espiritual é diferente. São Espíritos que se identificam nos mesmos ideais, nas mesmas tendências, nos mesmos desejos de realização superior, estabelecendo preciosos elos de simpatia e afetividade.
As ligações humanas podem romper-se com a morte, se determinadas apenas pelo sangue; mas as ligações espirituais, sustentadas pela afinidade, prolongam-se além-túmulo.
Formam famílias ajustadas e felizes, cujos membros ajudam-se sempre, cada vez mais unidos, embora atendendo, eventualmente, a compromissos distintos.
Pode ocorrer que um membro de nossa família espiritual não esteja reencarnado ao nosso lado, mas poderá ter assumido a posição de nosso mentor, o chamado anjo de guarda, que nos acompanha, estendendo sobre nós sua proteção e nos estimulando ao cumprimento de nossos deveres.

Quem melhor que o membro qualificado da família espiritual poderia desempenhar com maior dedicação e eficiência semelhante tarefa?

Imagino a esposa pensando:
Agora sei por que é tão difícil conviver com aquela besta que se intitula meu marido. Certamente é um inimigo do passado que devo aturar para ver-me livre dele um dia.

O marido:
Ainda bem que aquela megera que se faz mãe de meus filhos pertence apenas à família humana. Não precisarei me preocupar com ela quando o diabo a levar.

O filho:
Desconfio não existir nenhuma ligação maior com meus pais. São uns quadrados que só complicam minha vida. Logo que puder darei no pé. Quero distância...

Gente que pensa assim não entendeu bem o espírito da lição. A convivência com a parentela carnal não é um mero exercício de forçada tolerância para que nos livremos dela um dia.

A finalidade maior é a harmonização.
Trata-se de aprendermos a conviver bem com os familiares, criando elos de simpatia e afeto, ainda que sejamos diferentes.
Se apenas toleramos aquele que está a nosso lado, guardando mágoas e ressentimentos, estaremos perdendo o nosso tempo e semeando dificuldades para o futuro.
Certamente todos gostaríamos de pertencer à família de Jesus. Para tanto, segundo suas palavras, é preciso cumprir a vontade de Deus.
Parece meio complexo, não é mesmo, amigo leitor?
Saber o que Deus espera de nós...
É assunto de uma vida para os filósofos.
É desafio de muitas bibliotecas para os pesquisadores.
Aqui entra a incomparável sabedoria do Mestre.
Em breve enunciado ao alcance de todas as inteligências, explica que cumprir a vontade de Deus é fazer pelo semelhante todo o bem que gostaríamos de receber.
Simples, não é mesmo?
Simples e eficiente, principalmente no lar.
Quando alguém se torna irmão de Jesus a família humana é invariavelmente beneficiada.
Ninguém consegue ficar indiferente a exemplos diários de abnegação e sacrifício, compreensão e renúncia, bondade e discernimento.
Quando, observando o Evangelho, deixamos de ver nos familiares a besta, a megera, o quadrado, e os enxergamos como a nossa oportunidade de colaborar com Deus na edificação de seus filhos, operam-se prodígios de entendimento em favor da mais gloriosa das realizações:
Integrar-nos todos na família universal.

Fonte: Portal do Espírito, www.espirito.org.br

Casamento - Richard Simonetti

1 – O casamento é planejado no Além?
Geralmente a união matrimonial implica numa harmonização que envolve não apenas o casal, mas também os Espíritos que reencarnarão como filhos. Obviamente, é preciso planejar.

2 – Os próprios interessados o fazem?
Seria o ideal, já que tendemos a encarar com maior seriedade os compromissos que assumimos por iniciativa própria. Nem sempre, entretanto, os reencarnantes têm suficiente maturidade e discernimento para isso. O planejamento fica por conta de mentores espirituais.

3 – Eventual segundo casamento ou subseqüentes também obedecem a um planejamento?
Quando os parceiros da vida conjugal se separam de forma irreversível, em virtude de conflitos insuperáveis, é justo que procurem recompor sua vida afetiva, buscando nova experiência. Se há seriedade na intenção e não mero exercício de promiscuidade sexual, tão freqüente nos dias atuais, os mentores espirituais podem ajudá-los nesse propósito, orientando nova união.

4 – Se ocorre uma seqüência de desacertos haverá sempre novos planejamentos?
Os mentores procuram ajudar-nos, mostrando caminhos, mas jamais são coniventes com nossos desatinos. A sucessão de uniões indica incapacidade de assumir compromissos e de conviver. Natural, nestes casos, que se afastem, retirando as escoras de sua proteção para que os tutelados aprendam com seus próprios erros.

5 – O ideal, portanto, seria "suportar" o cônjuge para merecer o apoio da espiritualidade?
Esse é, talvez, o maior equívoco. As pessoas "suportam" o cônjuge por amor aos filhos ou respeito à religião, esquecendo-se de que estão juntos para se harmonizarem, aprendendo a conviver fraternal-mente. Isso implica em mudar de pronome, no verbo da ação conjugal: da primeira pessoa do singular, eu posso, eu quero, eu faço¸ para a primeira do plural: nós podemos, nós queremos, nós fazemos. Cultivar o individualismo no casamento é condená-lo ao fracasso.

6 – Isso seria suficiente para sermos felizes no casamento?
Há algo mais. As pessoas estão esperando que o casamento dê certo para que sejam felizes, sem compreender que é preciso que sejam felizes para que o casamento dê certo. Um coração amargurado, um caráter impertinente, uma vocação para a agressividade, tudo isso azeda a existência e nos torna incapazes de conviver, particularmente no lar, onde não há o verniz social.

7 – E como ser feliz para que o casamento dê certo?
É preciso ter sempre presente que a felicidade não está subordinada à satisfação de nossos desejos diante da Vida, mas ao empenho por entender o que ela espera de nós. Não é necessário muito para isso. Basta observar a lição fundamental de Jesus: fazer ao semelhante o bem que desejamos que ele nos faça. Funciona admiravelmente quando se trata de harmonizar as pessoas, particularmente no lar.

8 – Sabemos que na espiritualidade tendemos a conviver com os Espíritos que marcaram nossa vida afetiva, envolvendo cônjuge, pais e filhos. Assim sendo, com quem ficará o homem que foi casado quatro ou cinco vezes?
Com ninguém. Provavelmente fará um estágio depurador no umbral, região de sofrimentos no mundo espiritual, um purgatório onde terá oportunidade de meditar sobre sua frivolidade.

Do livro: “Reencarnação: tudo o que você precisa saber”, Ed. CEAC.
Apud: Internet: Portal do Espírito, www.espirito.org.br

PERANTE OS SONHOS

Encarar com naturalidade os sonhos que possam surgir durante o descanso físico, sem preocupar-se aflitivamente com quaisquer fatos ou idéias que se reportem a eles. Há mais sonhos na vigília que no sono natural. Extrair sempre os objetivos edificantes desse ou daquele painel entrevisto em sonho. Em tudo há sempre uma lição.
Repudiar as interpretações supersticiosas que pretendam correlacionar os sonhos com jogos de azar e acontecimentos mundanos, gastando preciosos recursos e oportunidades na existência em preocupação viciosa e fútil.
Objetivos elevados, tempo aproveitado.

Acautelar-se quanto às comunicações inter vivos, no sonho vulgar, pois, conquanto o fenômeno seja real, a sua autenticidade é bastante rara. O espírito encarnado é tanto mais livre no corpo denso, quanto mais escravo se mostra aos deveres que a vida lhe preceitua. Não se prender demasiadamente aos sonhos de que recorde ou às narrativas oníricas de que se faça ouvinte, para não descer ao terreno baldio da extravagância. A lógica e o bom senso devem presidir a todo raciocínio. Preparar um sono tranqüilo pela consciência pacificada nas boas obras, ascendendo a luz da oração, antes de entregar-se ao repouso normal. A inércia do corpo não é calma para o espírito aprisionado à tensão. Admitir os diversos tipos de sonhos, sabendo, porém, que a grande maioria deles se originam de reflexos psicológicos ou de transformações relativas ao próprio campo orgânico. O espírito encarnado e o corpo que o serve respiram em regime de reciprocidade no reino das vibrações.


"Conduta Espírita", Waldo Vieira, médium,
André Luiz, Espírito,Ed. FEB

Aula 27 – Infância

1-Da Infância

O Espírito que anima o corpo de uma criança é tão evoluído quanto o de um adulto, experimentando, contudo, restrições derivadas da fase de seu desenvolvimento corporal e dos reflexos do processo encarnatório, o qual se consolida ainda na infância e com o decorrer dos anos.

Os que por ora ocupam a condição infantil na Terra são, em verdade, Espíritos que muitas vezes vestiram a veste carnal, trazendo consigo vasta bagagem de experiências, qualidades e arestas por aparar.

2-Aspectos da Infância e da Família

O que é infância hoje? Neil Postman (in “O Desaparecimento da Infância”, 1999) sustenta que, na sociedade americana a linha divisória entre a infância e a idade adulta está desaparecendo rapidamente. Acredita o autor que, da mesma forma que a prensa tipográfica criou essa categoria, a mídia eletrônica está fazendo com que ela desapareça. Essas considerações de Postman podem ser estendidas mais amplamente às culturas ocidentais contemporâneas, pois identificamos em nosso contexto social os mesmos sinais que o autor apreendeu da sociedade americana, como por exemplo: crianças se vestem cada vez mais como adultos; as brincadeiras se modificam (especificamente as brincadeiras de rua nos grandes centros urbanos); há um aumento da incidência de crimes envolvendo menores; meninas de 12, 13 anos fazem sucesso na carreira de modelo etc. Além dos aspectos mencionados, vale acrescentar que a rotina da criança tem-se transformado, ou seja, pais de classe média se preocupam com a inserção de seus filhos no mercado de trabalho e, em função disso, os introduzem, cada vez mais cedo, em cursos de inglês, informática, esportes...

O tempo compartilhado entre pais e filhos é cada vez mais escasso: trabalha-se cada dia mais para o aumento do poder aquisitivo (e conseqüentemente do consumo), e a mulher tem uma contribuição crescente na fatia produtiva da população, ficando bastante tempo fora de casa. Pais chegam tarde em casa, crianças atarefadas, refeições solitárias ou feitas fora do lar. A família se reúne cada vez menos para conversar sobre o cotidiano... Podemos identificar também como uma característica de nossa sociedade as múltiplas formas de conjugalidade: famílias monoparentais, descasamentos, recasamentos, assim como a crescente incidência de filhos únicos. Portanto, o perfil de família hoje difere do modelo tradicional de família.”

A infância terrena é um período fundamental na experiência encarnatória, pois se trata de um curto lapso de tempo em que o Espírito, fragilizado por suas limitações, fica aberto a ensinamentos morais que levará em todo o percurso de seu estágio terreno.

3-Aparente pureza do Espírito na infância

Indaga-se se o Espírito da criança já viveu, por que não se apresenta, ao nascer, como ele é?

A Justiça Divina permite que todos nós, entre uma encarnação e outra, esqueçamos os dramas e tribulações do passado. Este processo de esquecimento se inicia quando começa o preparo para nova encarnação, levando o Espírito a progressiva perda de consciência. Após reencarnar, a pessoa passa pela infância, que vem a ser um tempo necessário até que ela possa dominar seus instintos – que se encontram latentes, e se confronte com suas tendências, podendo, assim, enfrentar suas provas.

Algumas lembranças do passado poderão surgir como intuições ou temores sem causa aparente, sendo possível findarem à medida em que se cresce. A infância é uma etapa necessária, pautada pela fragilidade corporal e pela ingenuidade pueril. Para os pequeninos é imprescindível o afeto e a solicitude maternos, pois as necessidades corporais e emocionais da tenra idade geram campo fértil ao carinho e ao aprendizado para o crescimento moral.

4-Amor maternal e filial

A Natureza deu à mulher o sentimento de amor pelos filhos no interesse de sua conservação, entre os animais este amor se restringe a cuidados materiais e se extingue quando tais cuidados se tornam inúteis, para a humanidade, contudo, este sentimento persiste por toda a vida e agrega o devotamento e a abnegação, sobrevivendo, inclusive, à morte.

O amor materno é uma lei natural, entretanto, há mães que não nutrem afeição pelos filhos, chegando a odiá-los. Esta situação pode refletir uma expiação escolhida pelo Espírito do filho, ou uma prova, caso em que este tenha sido mau pai, mãe má ou mau filho. Há também pais desgostosos com seus filhos, mas este contexto, muitas vezes, reflete má educação e valores não transmitidos durante a tenra idade.

Deve-se buscar o amor e a resignação diante das dificuldades no seio familiar.

5-Honrai o vosso pai e a vossa mãe

Honrar pai e mãe é um preceito que se inicia na prática do respeito e da tolerância. Muitas vezes, na escola doméstica, confrontam-se diferentes pontos de vista e valores de gerações que podem suscitar alguma incompreensão e desgaste ao diálogo. As crianças e jovens tem dever de obediência e de tolerância a seus pais. Pai e mãe, por seu lado, tem compromisso de manter e de educar seus filhos, não apenas para o trabalho, mas para a vida moral e para a crença em Deus. Honrar não significa endeusar ou aceitar cegamente, mas compreender através da lente do amor, sabendo que, no futuro, será preciso amparar os genitores, mantendo-os com os recursos materiais, sim, mas também com a aproximação amorosa, com o carinho e com o devido reconhecimento por gratidão aos que nos receberam como filhos.

Bibliografia:Allan Kardec.“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, c. 8, it. 4, e c. 14; “O Livro dos Espíritos”, q. 379-385 e 890-892; Hermínio Miranda. “Nossos Filhos são Espíritos”, c 12

Aula 26 – A Importância da Família

1-Casamento

A união dos seres em casais visa o aprendizado mútuo, o auxílio recíproco, a formação da família e o progresso humano. No núcleo familiar encontra-se a célula da sociedade, berço do aprendizado social, afetivo e moral.

Uma das funções do casamento é a vida sexual do casal, qualificada, além de sua importância biológica e psíquica, como importante troca de energias necessárias à vitalidade dos seres.

2-Celibato

A lei natural se harmoniza com a vida sexual dos seres, desde que exista equilíbrio.

Há institutos derivados de conceitos humanos e que contrariam a lei natural, caso do celibato. Assim , só se justifica a opção pela total abstinência sexual quando o indivíduo abraçar serviço em prol da Humanidade, visando o bem de outrem, desvinculado totalmente de qualquer idéia egoísta.

3-Poligamia

A poligamia é característica de idades atrasadas da Humanidade. Na origem das raças terrenas, os primeiros hominídeos guardavam resquícios de hábitos animais, como o de o animal macho fecundar várias fêmeas para obter maior prole. Porém, com o processo evolutivo, o trato da sexualidade aprimorou-se e a Humanidade aprendeu a situar seus laços afetivos e sua atividade sexual em relações duradouras e monogâmicas.

Ademais, conhecendo-se a Doutrina Espírita, sabemos que hábitos promíscuos, além de constituírem perigo à saúde física, transformam-se em aberturas para complexos processos obsessivos.

4-Abolição do Casamento

A abolição do casamento deixaria a Humanidade em uma condição atrasada, como vivem o animais, pois se destituiria um instituto que, mesmo com as dificuldades de cada época, destina-se ao progresso humano. Há culturas e grupos que querem “inovar” as leis e os enfoques sobre as relações humanas promovendo o que denominam “liberação” ou “vida livre”. Equivocam-se, porém, os que usam de tais abordagens para “decretar” o fim do casamento, pois este instituto é parte da Lei Natural e os que dela discordam, mais cedo ou mais tarde, a ela se rendem.

Os Espíritas, ao contrário do que muitos leigos acham, sabem que a Doutrina Espírita valoriza a família e o casamento, não concordando com a permissividade das relações livres, nem com a promiscuidade.

5-Não separar o que Deus juntou

O preceito “não separar o que Deus juntou” corresponde à consciência da necessidade da estabilidade nas relações humanas.

Jesus esclareceu que o divórcio surgiu no tempo de Moisés para atender à dureza de coração do povo, que recorria a esta alternativa por não saber agir com humildade, resignação, dedicação e perseverança em suas uniões.

6-Decepções, ingratidão, quebra de afeições

Não se deixe abater ao receber ingratidão, nem permita que isto endureça o seu coração. No orbe terrestre, o homem é suscetível a diversas imperfeições, refletindo-as em seus relacionamentos, assim, muitos alternam entre uma e outra relação, sem vivenciá-las com profundidade de sentimento.

Do ponto de vista da Doutrina Espírita, lembremos de Jesus, que apesar de se dedicar com amor e caridade, recebeu a incompreensão e a condenação da sociedade de sua época. Deve-se, portanto, lastimar o ingrato e o infiel, pois estes ainda permanecem em condição de atraso na marcha da Humanidade, mas não devemos deixar de perseverar e de acreditar no triunfo do bem e na grandeza dos propósitos de Deus na vida de todos nós.

7-Uniões antipáticas

Na Terra muitos consideram somente qualidades materiais das pessoas, quando, na verdade é necessário conhecer-se os sentimentos mais íntimos do outro para sabermos da beleza de sua alma. É o Espírito quem ama, não o corpo, disso decorrendo relacionamentos antipáticos iniciados pela busca da satisfação de orgulho ou ambição, em detrimento da afeição mútua.

8-Simpatias Terrenas

Espíritos simpáticos são os que se atraem por traços de afinidade e afeição. Na Terra, pode ocorre atrações por interesses físicos ou materiais (posição social, aparência, orgulho, amor-próprio) ou por verdadeira simpatia. A simpatia ou magnetismo entre estes Espíritos traduz-se pelo reconhecimento mútuo de vibrações semelhantes.

9-Antipatias Terrenas

A antipatia entre os Espíritos, mesmo sem prévio conhecimento de outras vidas, decorre da diversidade de pensamento. Os Espíritos bons ou de maior esclarecimento evitam os maus, lastimando sua condição. Os maus, contudo, transformam seu afastamento em ódio, inveja, muitas vezes fomentando sentimentos negativos e a prática do mal.

10-Relações simpáticas e antipáticas

As afeições dos Espíritos são mais duráveis e profundas de que os vínculos terrenos. O amor é uma capacidade do Espírito. As atrações se baseiam nas condições vibratórias, pensamentos, valores e instintos. Simpatia e antipatia podem oscilar à medida em que nos seres há aprendizado e evolução.

11-Metades Eternas

Não há união particular e fatal de duas almas. Na verdade, as relações de “almas gêmeas”, uniões eternas ou companhias permanentes, dentro do contexto terreno são as uniões de Espíritos simpáticos, refletindo-se as possibilidades de felicidade e de crescimento insertas na Terra, dentro do contexto da encarnação.

Bibliografia:Allan Kardec.“O Livro dos Espíritos”, q. 291-303a, 386-391, 695-700, 791, 937-940a; “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, c. 22; Francisco Cândido Xavier, médium, Emmanuel, Espírito. “Vida e Sexo”, FEB, Rio, c. 9.

Aula 25 – Planejamento da Reencarnação 4

O livre-arbítrio é o maior patrimônio que nós, espíritos humanos, temos alcançado ao adentrarmos na faixa evolutiva pensante. Livre-arbítrio que não legitima atitudes, mas oportuniza às criaturas a se decidir e se responsabilizar pelas conseqüências de seus atos (posteriores) (Ricardo Di Bernardi)


Estupro


O Estupro é definido como o ato físico de atacar outra pessoa e forçá-la a praticar sexo sem seu consentimento. Pode ser um ataque homossexual ou heterossexual, estando a pessoa consciente ou não (sob efeito de drogas ou em coma). Geralmente o estuprador é homem e tem sentimentos odiosos em relação às mulheres, sentimentos de inadequação e insegurança em relação a sua performance sexual. Pode apresentar desvios sexuais como o sadismo ou anormalidades genéticas com tendências à agressividade.

A vítima normalmente é estigmatizada, havendo uma tendência social de acusá-la direta ou indiretamente por ter provocado o estupro. Sente-se impotente até mesmo em delatar o estuprador, que muitas vezes é alguém já conhecido, sentindo-se muito culpada e temerosa de represálias. Muitas vezes, pode sentir que o estupro não foi um estupro, que foi uma atitude permitida por ela e de sua responsabilidade. Tal atitude dificulta o delato do crime. Os sentimentos de baixo auto-estima, culpa, vergonha, temor (fobias), tristeza e desmotivação são comuns. A ideação suicida também pode piorar o quadro. São comuns sintomas similares ao Estresse Pós-Traumático (Transtorno de Ansiedade comum em soldados pós guerra). O tratamento da vítima consiste em conscientizá-la de que o estupro foi um ataque sexual, um crime, envolvendo pessoa conhecida ou mesmo uma pessoa desconhecida com a qual a vítima possa ter marcado um encontro às escuras. (ABC do Corpo Salutar, http://www.abcdocorposalutar.com.br)


Aborto

Motivações dos que recorrem ao crime do aborto:

-Gravidez indesejada;

-Falta de condições para manter a criança;

-Evitar o surgimento de crianças abandonadas;

-Questões materiais, como preservar a forma física da mãe, adiar a gestação para privilegiar a vaidade, o status e os mais diversos interesses sócio-econômicos da vida terrena.

As mulheres que mais abortam não são as que carecem de condições de criar seus filhos, mas as das classes média e rica.” (Irene Pacheco Machado, médium, Luiz Sérgio, Espírito. “Deixe-me viver”, Brasília, Livraria e Editora Recanto, 5ª ed., 1997.)


Reflexos do aborto no Espírito do abortado:

-Retorno à espiritualidade com trauma, medo, revolta;

-Deformações perispirituais decorrentes do processo abortivo;

-Quadro psíquico de conflito, ora agindo como bebê, ora como adulto;

-Perispírito em forma meio adulto e meio criança.

O Espírito vitimado pelo aborto conta com o socorro de equipes especiais da espiritualidade, que tentam antes de tudo intuir a gestante a desistir do crime. Não obtendo sucesso, os socorristas se empenham em minimizar os sofrimentos do Espírito do feto, desligando-o o quanto antes do corpo materno, ocorrendo, muitas vezes, insistência do próprio feto em agarrar-se à mãe, com conseqüente choque diante das dores físicas do crime e dos sentimentos negativos aos quais fica exposto.

Já na esfera espiritual, o Espírito do abortado é recolhido em colônias e hospitais apropriados, recebendo tratamento psicológico, doutrinário e de recomposição perispiritual.

Os aborteiros, isto é, aqueles que operam o aborto, ao desencarnar migram para regiões da espiritualidade adequadas a sua condição vibratória. Deste modo, vêem-se enredados pela revolta dos Espíritos cuja encarnação obstruíram, sofrem de inúmeras deformidades perispirituais e de acentuados quadros de obsessão, habitando áreas do astral inferior como o Vale da Revolta.” (Machado, op. Cit., pp. 165-173)


Bibliografia:Allan Kardec.“O Livro dos Espíritos”, q. 358; “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, c. 5, it. 22 a 31; Francisco Cândido Xavier, médium, André Luiz, Espírito. “Ação e Reação”, FEB, Rio, 16ª ed., 1994, c. 19; Martins Peralva, “O Pensamento de Emmanuel”, FEB, Rio, 6ª ed., 1999, c. 6.

Aula 24 – Planejamento da Reencarnação 3

1-A família - origem

Desde os incipientes acasalamentos dos primatas, jungidos uns aos outros, sob a atração instintiva do sexo, a família tem sido o ponto fundamental na coordenação do destino do indivíduo e da sociedade. Tem resistido ao tempo, às mudanças, à sucessão de eras e civilizações. É a mais antiga e estável instituição da História.” (Jaci Regis. “Amor, Casamento e Família”, Santos, Licespe, 12ª ed., 1994, c. 2, pp.23-24)

A hostilidade do meio em que vivia levou o homem primitivo a procurar, desde o seu aparecimento, a companhia dos seus semelhantes. A vida em grupo facilitou a obtenção de abrigo e alimentação e deu início ao processo de socialização do homem, primeiramente representado pela família, depois pelo clã (reunião de diversas famílias consangüíneas ou de mesma descendência), pela tribo (reunião de diversos clãs) e pela nação (conjunto de diversas tribos).

Supõe-se que o tipo mais primitivo de família tenha sido a família matriarcal, aquele na qual só se conhece a linhagem maternal. A matrona, mãe e dirigente, era a autoridade máxima do grupo. A paternidade era comumente desconhecida, pois a mente primitiva ainda não conseguia aprender o papel masculino na reprodução. A família patriarcal surgiu depois. Nela, a autoridade máxima era o poder do pater familias ou patriarca e dela faziam parte não só os filhos mas também os filhos que os filhos gerassem. Os hebreus e os romanos dos tempos bíblicos tinham famílias patriarcais. A família consangüínea atual é muito recente na história da humanidade. A família brasileira, formada pelo casamento monogâmico (um esposo para uma esposa e reciprocamente), reúne indivíduos vinculados pelo sangue.


2-A família e suas funções

-Sexual - organização e satisfação da vida sexual;

-Reprodutiva - perpetuação da espécie;

-Socialização – referências para a vida social;

-Afetividade – círculo de amor, companheirismo e apreço;

-Status – étnico, cultural, econômico, de classe social;

-Proteção – econômica, física e psicológica;

-Econômica - unidade de trabalho, poupança e consumo;

-Consciência Religiosa – primeiros valores religiosos e referências éticas e morais. (Paul B. HORTON, e Chester L. HUNT. “Sociologia”. São Paulo, McGraw-Hill,1980)


3-Família e Reprodução

Uma das funções da família é a reprodução. Os filhos representam a realização do ciclo da Natureza através da perpetuação de uma descendência, são os futuros integrantes da força de trabalho e os responsáveis pelo amparo dos pais. Através da reprodução ocorre a oportunidade de se encarnar.


4-Obstáculos à reprodução

Há culturas que coíbem a reprodução, censurando a geração de dois ou mais filhos. Países desenvolvidos ou com explosão populacional banalizaram métodos abortivos e esterilizações em massa. Barrar o ciclo reprodutivo natural por interesses sensuais e materialistas é uma violação das leis divinas.


5-Anticoncepcionais

Hipócrates (460-377 a.C.) já sabia que a semente da cenoura selvagem era capaz de prevenir a gravidez. Aristóteles mencionou o uso da Mentha Pulegium como anticoncepcional, no ano 421 a.C. Anticoncepcionais feitos de plantas naturais parecem ter sido tão difundidos na região do Mediterrâneo, que no século 2 a.C., Políbio escreveu que as “famílias gregas estavam limitando-se a ter apenas um ou dois filhos.” No Antigo Egito usava-se um ancestral da camisinha, produzido com tecido embebido em óleo. Na Roma Antiga empregava-se tripas de animais com esta mesma finalidade. Em 1564, o anatomista e cirurgião Gabrielle Fallopio confeccionou um forro de linho do tamanho do pênis e embebido em ervas. No século 17, o Dr. Quondam criou um protetor feito com tripa de animais para o rei Carlos II da Inglaterra (1630-1685). Em 1839, Charles Goodyear descobriu o processo de vulcanização da borracha, fazendo-a flexível a temperatura ambiente. Nesta época, os preservativos de borracha eram grossos e caros e por isto lavados e reutilizados diversas vezes. Os preservativos de látex surgiram em 1880, apresentando, desde então, mais segurança e conforto. A pílula anticoncepcional surgiu em 1960, produzida por Gregory Pincus. Há outros métodos contraceptivos como diafragma, implantes e endoceptivos.

O controle da natalidade é válido, na programação da vida do casal e da família. Trata-se de um ato de vontade, como outro qualquer, com suas repercussões específicas conscientemente assumidas.

Um filho deve ser concebido, física e psicologicamente, como um ato deliberado, desejado, amado, para que a maternidade e a paternidade alcancem plena satisfação e realização.

O planejamento familiar, na visão espírita, não significa restringir. Não tem um sentido negativo, que leve a posições egoísticas, a uma alienação dos compromissos espirituais assumidos. Mas uma correta compreensão de todos os fatores que correspondem ao elenco de responsabilidades perante si mesmo e para com os outros.”(Regis, op. cit., p.67)

A Doutrina Espírita não condena os métodos anticoncepcionais, antes respeita o livre-arbítrio, as reflexões e as decisões de cada um.


6-Adoção

A adoção permite repararmos erros do passado, abrindo uma porta que tenha sido fechada, por exemplo, pelo aborto.

Adotar um pequenino é uma opção de amor aos que decidem reparar mágoas pregressas ou simplesmente abrem seu coração para nutrir e educar mais um ser, visando dar-lhe uma vida digna.


Bibliografia:Allan Kardec. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, c. 5, it. 22 a 31; “O Livro dos Espíritos”, q. 693, 694; Francisco C. Xavier. “Vida e Sexo”, Rio de Janeiro, FEB, 1996, 16ª ed., c.5; Métodos Contraceptivos, http://www.schering.com.br/website/saude_historiaanticoncepcao.asp; “Como e quando surgiu a camisinha?”, http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI131974-EI1426,00.html

Aula 21 – Planejamento da Reencarnação 2

1-Terra: planeta de provas e expiações

A Terra é um planeta de provas e expiações, sendo um cárcere doloroso aos Espíritos que nela encarnam. O Espírito encarnado tem sua liberdade tolhida e sua compreensão limitada, não aceitando muitas vezes os desígnios divinos por dedicar demasiada importância à vida material e suas paixões.
Na Terra vive-se momentos felizes, lampejos de felicidade em meio à névoa de provas, não existindo plena felicidade em virtude da condição do planeta e das necessidades dos Espíritos que nele vivem.

2-Tormentos voluntários

Os tormentos voluntários são aqueles produzidos pelo próprio Espírito, como reflexos de suas imperfeições, tais como a vaidade, o egoísmo, o orgulho, a inveja e o ciúme.

3-A infelicidade real

Situações vistas pelos Espíritos encarnados como quadros de infelicidade são, muitas vezes, experiências reparadoras necessárias, decorrentes de erros de vidas passadas. Tudo o que na Terra se chama infelicidade cessa com o desencarne e encontra sua compensação na vida futura.

4-A melancolia

A melancolia é uma vaga tristeza que, por vezes, assola o coração e nos faz achar a vida amarga e sem objetivo.
Por quê? Porque o Espírito aspira à felicidade e à liberdade e, sentindo-se preso ao corpo, sofre e reflete em seu físico o abatimento, a apatia, a falta de vontade e uma infelicidade sem motivos.
Como superar este quadro? Tendo a certeza de que os males terrenos são de curta duração e servirão para seu aprimoramento. É necessário coragem, resignação e perseverança, confiando nos propósitos divinos para nossa encarnação.


5-Objetivos das Provas

As provas servem para exercitar a inteligência, a paciência e a resignação. Ajudam-nos a criar resistência contra a dor, a injúria e a calúnia, males que podem ser piores que as dores corporais.

Há mérito em acentuar as provas e os sofrimentos?

Existe mérito quando o objetivo é o bem do próximo, submetendo-se até a esforços acentuados ou a riscos extremos, tratando-se, nestas condições, da caridade pelo sacrifício.

Deve-se abreviar as provas alheias?

Sim. Se é certo que as provas são desígnios de Deus, também é certo que não sabemos qual a extensão destes desígnios. Assim, devemos empregar todos os meios que tivermos para mitigar as dores do próximo. Por amor e devotamento devemos ajudar sempre que possível.

É correto poupar um agonizante de maiores sofrimentos, abreviando-lhe o fim?

Não. Não sabemos quais são os desígnios divinos e mesmo em seus últimos instantes o Espírito pode arrepender-se de seus erros.

6-Reencarnação Expiatória

A expiação, de que fala a Doutrina Espírita, não é senão a purgação retificadora do mal que infeccionou o Espírito. Este, através dela, restaura a própria saúde e se liberta das impurezas que o afligem e lhe retardam a felicidade.” (Hernani T. Sant´Anna, médium, Áureo, Espírito. “Universo e Vida”, FEB, Rio, 4ªed., 1994)

7-Dor

A dor é o aguilhão que o impele (o Espírito) para a frente, na senda do progresso.” (Allan Kardec. “A Gênese”, c. 3, it. 5, p. 71)

A dor é instrumento de resgate, aperfeiçoamento e advertência.” (Hermínio C. Miranda. “Reencarnação e Imortalidade”, FEB, Rio, 4ªed., 1991)

Dor-Auxílio - “Pela intercessão de amigos devotados à nossa felicidade e à nossa vitória, recebemos a bênção de prolongadas e dolorosas enfermidades no envoltório físico, seja para evitar-nos a queda no abismo da criminalidade, seja, mais freqüentemente, para o serviço preparatório da desencarnação, a fim de que não sejamos colhidos por surpresas arrasadoras, na transição da morte. O enfarte, a trombose, a hemiplegia, o câncer penosamente suportado, a senilidade prematura e outras calamidades da vida orgânica constituem, por vezes, dores-auxílio, para que a alma se recupere de certos enganos em que haja incorrido na existência do corpo denso, habilitando-se, através de longas reflexões e benéficas disciplinas, para o ingresso respeitável na Vida Espiritual.” (Francisco Cândido Xavier, médium, André Luiz, Espírito. “Ação e Reação”, FEB, Rio, 16ª ed., 1994, c. 19)

Dor-Expiação - “A dor-expiação, que vem de dentro para fora, marcando a criatura no caminho dos séculos, detendo-a em complicados labirintos de aflição, para regenerá-la, perante a Justiça.” (Xavier, op. cit.)

Dor-Evolução - “A dor-evolução, que atua de fora para dentro, aprimorando o ser, sem a qual não existiria progresso.” (Xavier, op. cit.)

Dor-Coletiva - “A dor coletiva é o remédio que nos corrige as falhas mútuas.” (Xavier, op. cit.)

Bibliografia:Allan Kardec.“O Céu e o Inferno”, 2ª Parte, c. 2; “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, c. 5, it. 22 a 31; Francisco Cândido Xavier, médium, André Luiz, Espírito. “Ação e Reação”, FEB, Rio, 16ª ed., 1994, c. 19; Martins Peralva, “O Pensamento de Emmanuel”, FEB, Rio, 6ª ed., 1999, c. 6.