Wednesday, May 30, 2007

Aula 15 - Perispírito

PERISPÍRITO: É um envoltório semimaterial que prende o Espírito ao corpo físico. Também chamado “corpo etéreo”, “duplo etérico” ou “corpo astral”, ele participa ao mesmo tempo da eletricidade, do fluido magnético e, até certo ponto, da matéria inerte. Poder-se-ia dizer que é a quintessência da matéria.

É o princípio da vida orgânica, porém não o da vida intelectual, que reside no Espírito.
É, além disso, o agente das sensações exteriores.
No corpo, os órgãos, servindo-lhes de condutos, localizam essas sensações. Destruído o corpo, elas se tornam gerais.

O Espírito é uma energia, dizemos “centelha da divina inteligência”, que não pode ocupar e interagir diretamente com o corpo físico, este extremamente denso e pesado, sobretudo em mundos inferiores. Faz-se necessário um molde: o Perispírito, o elo interexistencial, um corpo intermediário, vaporoso, de matéria sutil, que lhe permite manusear o envoltório carnal.
O Perispírito é o intermediário de todas as sensações que o Espírito recebe e pelo qual transmite sua vontade ao exterior e atua sobre os órgãos do corpo.


ORIGEM: “De onde tira o Espírito o seu envoltório semimaterial?
Do fluido universal de cada globo. É por isso que ele não é o mesmo em todos os mundos; passando de um mundo para outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa.” (Kardec, “O Livro dos Espíritos”, q. 94)

NATUREZA: Constituído de matéria sutil, intangível, em função de seu estado fluídico, sua condensação será maior ou menor de acordo com a natureza peculiar de cada mundo, e segundo o grau de evolução do Espírito.

LIGAÇÃO COM O CORPO FÍSICO: A união do Espírito ao corpo físico começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção, o Espírito, ainda que errante, está ligado por um liame fluídico ao corpo com o qual se deve unir. Este liame se estreita cada vez mais à medida que o corpo se desenvolve. Desde esse momento, o Espírito é tomado de uma perturbação que aumenta sem cessar. (Kardec, “O Que é o Espiritismo?”, c. 3, q. 116)

“O embrião à medida que vai se desenvolvendo, multiplica o número das células e aumenta a área de fixação do corpo espiritual, o qual se prende às moléculas do corpo físico em formação. Ao concluir a gestação, teremos um recém-nato constituído de um grande número de células que comporão as malhas da rede que retém o corpo perispiritual.” (Ricardo Di Bernardi, “Gestação Sublime Intercâmbio”)

DESLIGAMENTO: Com o processo de morte física, sucede o desprendimento dos laços fluídicos entre corpo físico e Perispírito, desvencilhando-se pouco a pouco com o desligamento de átomo por átomo.

FUNÇÕES DO PERISPÍRITO:
1-Modelo Organizador Biológico (MOB);
2-Adaptação às circunstâncias ambientais;
3-Registro das vivências;
4-Exteriorização dos pensamentos do Espírito.

Sir William Crookes, Katie King e os fenômenos físicos


1-As Experiências de Sir William Crookes (de 1870 a 1874)

O professor William Crookes (Londres, 17/6/1832-Londres, 4/4/1919) era físico e químico inglês, foi o descobridor do elemento químico Túlio e dos raios catódicos, estudos inúmeros casos de mediunidade e documentou numerosos casos de efeitos físicos.
William Crookes iniciou as primeiras pesquisas no Espiritismo, que foram publicadas na integra em 1874, causando grande tumulto o que ameaçou de expulsão da Sociedade Real o cientista, que passou a ser mais cauteloso em suas opiniões quando exprimidas publicamente.

Entre 1870 e 1873, investigou fenômenos mediúnicos relacionados a médiuns como Kate Fox, Daniel Douglas Home e Florence Cook.

Realizou experiências com materializações com a médium Miss Florence Cook, à época com 15 anos de idade.

Em 1874 Crookes tirou 44 fotos de um espírito materializado, que se chamava Katie King. Durante estas experiências, Crookes comprovou que a luz incidente sobre o médium de efeitos físicos, quando em transe, lhe é prejudicial (com raríssimas exceções) e que o médium também sofre severo desgaste de energias.

Em certa ocasião, o investigador registrou os batimentos cardíacos de Katie e da médium. Katie apresentou 75 pulsações por minuto, quando a médium, examinada em seguida, exibia 90 batidas, valor que lhe era habitual. Os pulmões de Katie se mostravam muito mais sadios do que os da moça que, à época, estava fazendo tratamento médico de uma forte bronquite.

Foram feitos experimentos com o efeito da luz sobre o ectoplasma e o espírito materializado começou a desfazer-se gradativamente.
Pesquisas no campo da transfiguração demonstraram que o ectoplasma, sendo insuficiente para construir a figura completa, é usado para revestir o médium de modo que este possa formar a fisionomia desejada.
Ficou comprovado também que o peso de objetos pode ser alterado para mais ou para menos conforme a vontade do espírito. Instrumentos musicais foram tocados sem contato das mãos.


2-O Espírito Katie King

Ecotoplasmia: É a formação de diversos objetos, que muitas vezes parecem sair do corpo humano, tomando a aparência de um corpo ou coisa com realidade material (vestuário, véus, corpos vivos), podendo até ser tangível.

As ectoplasmias de Katie King estão entre as pesquisas mais importantes e conhecidas de Crookes. Envolveram a médium Florence Cook (1856-1904) e renderam uma série de fotografias obtidas numa sessão realizada em 1874.

Na época em que entrou em contato com William Crookes, a médium já era conhecida por materializar o espírito de Katie King, pseudônimo adotado pelo espírito de Annie Owen Morgan, e que era o espírito-guia de Florence.

A jovem procurou Crookes e pediu que ele investigasse sua mediunidade após um incidente ocorrido durante uma sessão de materialização. Ela se encontrava dentro de uma cabine, amarrada, e com um lacre impresso com o sinete do anel do conde de Caithness, um dos que acompanharam a sessão. Quando Katie King surgiu, um dos presentes, W. Volckman, desconfiou de fraude e avançou contra Katie, agarrando uma de suas mãos e prendendo-a pela cintura. Volckman disse que Katie se libertou com violência, enquanto um advogado que também acompanhava o evento disse que ela escapuliu sem deixar qualquer traço de sua existência corporal, inclusive dos véus brancos que a envolviam. Depois de se restabelecer a calma no aposento, abriram a cabine e encontraram Florence do mesmo jeito em que estava antes, inclusive com o lacre nas amarras que a envolviam. Diz-se que, como resultado desse incidente, a jovem adoeceu.

As primeiras experiências apresentaram uma ectoplasmia em que Katie King se assemelhava um pouco à própria Florence Cook.

Posteriormente, as sessões foram organizadas no laboratório de Crookes, e foi nesse local que ocorreram as melhores ectoplasmias; as fotografias obtidas mostravam, ao mesmo tempo, a materialização e a médium. Na narração de Crookes: “[...1 Voltando ao meu posto de observação, Katie apareceu de novo e disse que pensava poder mostrar-se a mim ao mesmo tempo que a sua médium. Abaixou-se o gás e ela pediu-me a lâmpada fluorescente. Depois de ter se mostrado à claridade durante alguns segundos, restitui-me, dizendo: ‘Agora entre e venha ver a minha médium’. Acompanhei-a de perto à minha biblioteca e, à claridade da lâmpada, vi a srta. Cook estendida no canapé, exatamente como eu a tinha deixado; olhei em tomo de mim para ver Katie, porém ela havia desaparecido...”

Em outra ocasião, ele também teve oportunidade de ver a materialização e a médium ao mesmo tempo, e teve permissão para abraçar Katie King. Ao escrever sobre esse momento no The Spiritualist, Crookes disse que “[...] O sr. Volckman ficará satisfeito ao saber que posso corroborar a sua asserção de que o 'fantasma' (que, afinal, não fez nenhuma resistência) era um ser tão material quanto a própria srta. Cook”.

Nenhum ataque que Crookes sofreu ao longo de sua vida resultou em qualquer alteração em seus pontos de vista, uma vez que ele estava certo de ter realizado as experiências com a abordagem e os controles científicos corretos. Em 1898, ele escreveu que, apesar de terem se passado trinta anos desde que realizou e publicou os resultados de suas primeiras experiências, ele não tinha nada de que se retratar, e nada que alterar.

Fontes: IPPB, http://www.ippb.org.br e Espiritismo é Cristão, http://www.sitepalace.com/espiritismoehcristao/Materiali.html


3-Katie King e a luz

Perguntaram um dia a Katie King (Espírito que se materializava através da médium Srta. Cook) por que não podia mostrar-se sob uma luz mais forte. (Ela só permitia aceso um bico de gás e esse mesmo com a chama muito baixa). A pergunta pareceu irritá-la, enormemente. Respondeu assim: “Já vos tenho declarado muitas vezes que não me é possível suportar a claridade de uma luz intensa. Não sei por que me é isso impossível; entretanto, se duvidais de minhas palavras, acendei todas as luzes e vereis o que acontecerá. Previno-vos, porém, de que se me submeterdes a essa prova, não mais poderei reaparecer diante de vós. Escolhei”.

As pessoas presentes se consultaram entre si e decidiram tentar a experiência, a fim de verem o que sucederia. Queríamos tirar definitivamente a limpo a questão de saber se uma iluminação mais forte embaraçaria o fenômeno de materialização. Katie teve aviso da nossa decisão e consentiu na experiência. Soubemos mais tarde que lhe havíamos causado grande sofrimento.

O Espírito Katie se colocou de pé junto à parede e abriu os braços em cruz, aguardando a sua dissolução. Acenderam-se os três bicos de gás. (A sala media cerca de dezesseis pés quadrados).

Foi extraordinário o efeito produzido sobre Katie King, que apenas por um instante resistiu à claridade. Vimo-la em seguida fundir-se, como uma boneca de cera junto de ardentes chamas. Primeiro, apagaram-se-lhe os traços fisionômicos, que não mais se distinguiam.

Os olhos enterraram-se nas órbitas, o nariz desapareceu, a testa como entrou pela cabeça.

Depois, todos os membros cederam e o corpo inteiro se achatou, qual um edifício que desmorona. Nada mais restava do que a cabeça sobre o tapete e, por fim, um pouco de pano branco, que também desapareceu, como se o houvessem puxado subitamente. Conservamo-nos alguns momentos com os olhos fitos no lugar onde Katie deixara de ser vista.
Terminou assim aquela memorável sessão.

Gabriel Delanne in "A Alma é Imortal"

Fonte: Portal do Espírito: www.espirito.org.br

Wednesday, May 23, 2007

Aula 14 – Lei de Justiça, de Amor e de Caridade

1-Justiça e Direitos Naturais.

O sentimento de justiça está presente em todos os seres, desde aqueles que apresentam as inteligências mais simples e primitivas até nos elementos das sociedades mais desenvolvidas, com maior grau de esclarecimento e conhecimento moral.
A vida segundo a justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos demais. Trata-se da prática diária da Lei de Ouro da Moral: “Faça ao outro o que gostaria que este te fizesse.”
Os direitos naturais se originam do amor de Deus e se apresentam igualmente em toda a divina criação, constituindo-se de preceitos eternos e imutáveis. Da lei natural decorrem as leis morais, normas não ditadas pela humanidade, porém imprescindíveis para sua evolução. As leis morais não têm um tribunal na concepção e forma materiais, mas outra qualidade de instituto julgador: a consciência do próprio Espírito, que avalia suas atitudes mais cedo ou mais tarde.
A vida em sociedade possui normas, direitos e obrigações recíprocas.
No orbe terrestre adota-se as leis humanas, regulamentos que expressam desejos pessoais, costumes, peculiaridades, imperfeições, tribunais humanos, direitos e leis mutáveis.
As leis humanas perecem juntamente com as instituições terrenas.
Tanto na lei natural quanto nas leis terrenas necessário se faz respeitar os direitos dos semelhantes.
O verdadeiro justo é aquele que pratica a justiça em toda a sua pureza.

2-Direito de propriedade. Roubo.

O primeiro de todos os direitos naturais do homem é o direito de viver, assim ninguém pode atentar contra a própria vida nem contra a de seu semelhante, nem mesmo cometer ações que lhe possam compromter a existência corporal.
O acúmulo de bens através do trabalho honesto está em harmonia com as leis morais. O direito à propriedade que resulta deste labor é um direito natural, tão sagrado quando o direito ao trabalho e à vida.
A expropriação de coisas alheias sem devido mérito pelo trabalho fere as leis morais e não se justifica, pois mesmo em situação de privação material o homem pode estar atravessando prova árdua, mas necessária a seu aprendizado encarnatório.
Por outro lado, o desejo insaciável de possuir bens, sem utilidade para ninguém ou para alimentar suas paixões é violação das leis morais.
As leis humanas são imperfeitas, assim a situação que parece perfeita hoje, pode ser vista como uma barbárie no futuro. Temos o exemplo da escravidão, instituto em voga na Antigüidade e que se tornou ilegal em todo o mundo.

3-Caridade e Amor ao Próximo.

A caridade em seu verdadeiro sentido é a benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.
É viver o ensinamento de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como irmãos.”

4-Amar os inimigos.

Amar o inimigo quer dizer exercitar o pedão e a tolerância de maneira a respondermos o mal com o bem. Exercer a vingança como à maneira da Lei de Talião (“Olho por olho, dente por dente”) é colocar-se abaixo daqueles por que se tem inimizade.

5-Esmola.

Pedir esmola constitui degradação física e moral que embrutece o homem. A sociedade deve prover meios de sustento aos mais fracos, sem que haja humilhação, assegurando-se a existência das pessoas incapacitadas para o trabalho.
Por outro lado, a Doutrina Espírita não reprova a esmola, mas o modo como ela habitualmente é dada. O homem de bem deve ofertar sua ajuda sem esperar qualquer coisa em troca. Certo provérbio oriental ensina que “se você der um peixe a um homem faminto, saciará sua fome por um dia; se você ensiná-lo a pescar, ele se alimentará pelo resto da vida.”

6-Amor materno e filial.

O amor materno é um sentimento instintivo e uma virtude, comum aos homens e aos animais. Entre os animais, restringe-se à necessidades materiais dos filhotes. No homem, comporta devotamento e abnegação, persistindo pela vida inteira e no além-túmulo.

7-Desafeição entre pais e filhos.

A desafeição entre mãe e filho pode ser uma prova escolhida pelos Espíritos em decorrência de vidas pregressas. No passado, uma mãe ou pai mau, ou ainda, o filho rebelde e refratário ao bem, todos terão oportunidades de aprendizado. Os Espíritos serão recompensados pelo seu triunfo e abnegação pela vida que seguirem nas relações familiares exercitando o amor e a caridade.
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-Bibliografia: Allan Kardec. "O Livro dos Espíritos”, q. 873 a 892; Richard Simonetti, “A Constituição Divina”, 12ª ed., 1995, pp. 109 a 126.

Wednesday, May 16, 2007

Aula 13 - Lei de Liberdade


A Lei de Liberdade funciona para os homens, dentro de limites que se lhes fazem necessários, a fim de que, exercendo-a, aprendam a ser livres e não libertinos; independentes, sem prepotência; liberais, mas não permissivos. (Divaldo P. Franco, médium, Manoel P. De Miranda, Espírito. “Loucura e Obsessão”, 6ª ed., 1994, p. 320)

1-Liberdade Natural
A vida em comunidade nos obriga a respeitar limites. Desde o convívio na célula familiar até o relacionamento em grandes grupos, como na vida pública, impõem-se a obediência a regras, obrigações, leis. Contudo, isto não impede que toda pessoa seja senhora de si, mas visa estabelecer a vida em harmonia e condições para o bem comum.

2-Escravidão
Leis ou regimes humanos que impõem o jugo de certas pessoas, povos ou raças constituem violação à lei natural. Ninguém deve cometer tal abuso de força, que é contrário à lei de Deus.

3-Liberdade de Pensamento
Através do pensamento o homem pode vivenciar liberdade sem limites. Todos somos responsáveis perante Deus do uso que damos a nossos pensamentos, especialmente na qualidade de nossas idéias e na formação de nossa atmosfera mental.

4-Liberdade de Consciência. As diferentes crenças.
“A toda criatura é concedida a liberdade de pensar, falar e agir, desde que essa concessão subentenda o respeito aos direitos semelhantes do próximo.
Desde que o uso da faculdade livre engendre sofrimento e coerção para outrem, incide-se em crime passível de cerceamento daquele direito, seja por parte das leis humanas, sem dúvida nenhuma através da Justiça Divina.
Graças a isso, o limite da liberdade encontra-se inscrito na consciência de cada pessoa, que gera para si mesma o cárcere de sombra e dor, a prisão sem barras em que expungirá mais tarde, mediante o impositivo da reencarnação, ou as asas de luz para a perene hamonia.” (Divaldo P. Franco, médium, Joanna De Ângelis, Espírito. “Leis Morais da Vida”, 6ª ed., 1994, p. 184)
Toda crença é respeitável quando é sincera e conduz à prática do bem. São reprováveis as crenças que conduzem ao mal, como as que visam semear a desunião ou estabelecer uma demarcação dos filhos de Deus.

5-Livre-arbítrio
O livre arbítrio existe no estado de Espírito, com a escolha da existência das provas e no estado corpóreo, com a faculdade de ceder ou resistir aos arrastamentos aos quais nos submetemos voluntariamente.
“O homem goza do livre-arbítrio a partir do momento em que manifesta a vontade de agir livremente; porém, “nas primeiras fases da vida a liberdade é quase nula; ela se desenvolve e muda de objeto com as faculdades.”(LE, q. 844) A liberdade de agir, portanto, é relativa, pois depende, primeiramente, da vontade de realizar algo. No princípio de seu desenvolvimento, o Espírito ainda não sabe direcionar sua vontade, senão para satisfação de suas necessidades básicas. Neste caso, prevalece o instinto. Uma vez ampliada a sua consciência, novos interesses surgem. À medida que sua vida vai se tornando complexa, o livre-arbítrio é limitado pela atuação da lei de causa e efeito, até que o ser consiga libertar-se do círculo das reencarnações e aí seu exercício torna-se pleno.” (FEESP, “Curso Preparatório de Espiritismo”, Área de Ensino, 15ª ed., 2001, p.102)

6-Fatalidade
A fatalidade se situa apenas nas provas que o Espírito escolhe sofrer quando encarna. Constituem os degraus de reparação de eventos que provocou em vidas pregressas.
Só há fatalidade com relação aos acontecimentos materiais, nunca nas opções morais.
As ações de violência, crimes ou roubos expressam atitudes pautadas por opções pessoais que não fazem parte dos planos da Criação, e quem lhes dá causa responderá mais cedo ou mais tarde por seus atos, sujeitando-se a dolorosas experiências regeneradoras.

7-Conhecimento do Futuro
O conhecimento do futuro é ocultado dos Espíritos encarnados para auxiliá-los em sua jornada terrena. A informação sobre acontecimentos vindouros poderia prejudicar o trabalho desinteressado e a busca pela perfeição, induzindo o homem aos desvios morais.

8-Motivação das Ações Humanas
Não somos fatalmente conduzidos ao mal; nossos atos não “estavam escritos”; nem estamos sumetidos a um decreto do destino. Nas ações do bem ou do mal, o que se expressa são as escolhas individuais, ou seja, a ação do livre arbítrio e o uso da liberdade de cada um. Ao nos submetermos com resignação às provas que escolhemos, crescemos moralmente, buscando condições mais felizes de existência. Somos responsáveis por nossas escolhas e nossas faltas se originam das imperfeições de nosso próprio Espírito. As provas da vida podem ser vencidas com resignação, e podemos contar com a assistência dos bons Espíritos para não sucumbirmos às tentações do mundo material.

-Bibliografia: Allan Kardec. "O Livro dos Espíritos”, q. 825 a 872; Richard Simonetti, “A Constituição Divina”, 12ª ed., 1995, pp. 109 a 126.

Wednesday, May 09, 2007

Aula 12 - Lei de Igualdade

1-Igualdade natural
Todas as pessoas são iguais perante Deus, pois todos nascem simples e ignorantes, percorrem, ao longo de várias encarnações os diferentes degraus da escala evolutiva, apresentam as mesmas necessidades e fragilidades, estando, assim, sujeitos às mesmas dores.
Ninguém recebe de Deus superioridade natural a nenhum indivíduo, nem pelo nascimento, nem pela morte.
A distinção e os preconceitos por sexo, raça, casta, título ou quaisquer outros aspectos materiais conflitam com os preceitos da igualdade natural.

2-Desigualdade das aptidões
Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, com igual potencial evolutivo, sempre vivendo pautados pelo livre-arbítrio. Ocorre que cada um, consoante seu ritmo de aprendizado, inclinações e sensibilidade, obtem diferentes graus de elevação moral e intelectual. Os diversos níveis de aperfeiçoamento do Espírito lhe garantem as mais distintas aptidões, todas elas necessárias ao êxito de cada existência. Cabe a cada um saber empregar as aptidões que carrega para beneficiar ao seu progresso pessoal e ao da coletividade.

3-Desigualdades Sociais
A desigualdade das condições sociais no orbe terrestre é fruto das ações humanas.
O progresso dos seres que habitam a Terra fará desaparecer a desigualdade à medida que os esforços individuais e coletivos vençam o orgulho e o egoísmo.

4-Desigualdades das Riquezas
Muitas pessoas detêm riquezas originadas no trabalho honesto e justo, porém, há os que vivem uma situação de prosperidade material derivada de espoliação, injustiça ou crime.
A justiça humana pode não reparar alguns equívocos, contudo os desígnios divinos darão condições para a devida reparação de eventuais abusos e desacertos.
A igualdade das riquezas não é possível ao atual momento dos seres terrestres, pois são diversos os aspectos que impedem esta eqüidade, como fatores ambientais, geográficos, históricos, culturais, além das provas necessárias a certos indivíduos e coletividades.
Por outro lado, o bem-estar poderá ser desfrutado por todos, à medida que cada criatura saiba usar suas aptidões e empregar seu tempo para o aprimoramento moral de si e dos outros, orientando-se para tarefas edificantes.

5-Provas da riqueza e da miséria
A miséria e a riqueza são condições necessárias às provas terrenas. Tanto uma quanto outra situações são perigosas, pois na miséria muitos se atém aos queixumes contra a Providência; na riqueza, pode-se sucumbir ao egoísmo e aos excessos. A posse da fortuna em geral dá a possibilidade de se reparar injustiças.

6-Igualdades de direito homem e mulher
A Doutrina Espírita inovou conceitos por afirmar, em pleno ano de 1857, a igualdade entre homens e mulheres.
O conceito de inferioridade da mulher decorre do domínio cruel e injusto adotado em diversas sociedades.
A fragilidade física não é fator para desmerecer os entes femininos, pois tal situação deve servir para destinar-lhe trabalhos adequados a sua estrutura. A força física deve, assim, prestar-se à proteção dos seres fisicamente mais fracos e não à sua escravização.
A legislação terrena para ser um pouco mais perfeita e justa deve consagrar igualdade de direitos entre homem e mulher.
Os sexos existem apenas na organização física, pois os Espíritos podem tomar uma ou outra forma, não havendo diferenças entre eles a esse respeito. Conseqüentemente, devem desfrutar dos mesmos direitos.

7-Igualdade perante o túmulo
Os monumentos fúnebres e funerais pomposos apenas registram o orgulho humano. Pompa e riqueza nas homenagens funerárias ou nos túmulos não lavam a torpeza de quem quer que seja.
Muitos procuram exaltar sua posição social e riqueza através do luxo no túmulo de seus parentes, porém o que prevalece para a espiritualidade são as boas obras realizadas em vida e o progresso moral do Espírito.


LEITURA COMPLEMENTAR

O homem é a mais elevada das criaturas.
A mulher é o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono;
Para a mulher um altar.
O trono exalta; o altar santifica.
O homem é o cérebro; a mulher o coração, o amor.
A luz fecunda; o amor ressuscita.
O homem é o gênio; a mulher o anjo.
O gênio é imensurável; o anjo indefinível.
A aspiração do homem é a suprema glória;
A aspiração da mulher, a virtude extrema.
A glória traduz grandeza; a virtude traduz divindade.
O homem tem a supremacia; a mulher a preferência.
A supremacia representa força
A preferência representa o direito.
O homem é forte pela razão; a mulher invencível pelas lágrimas.
A razão convence; a lágrima comove.
O homem é capaz de todos os heroísmos;
A mulher de todos os martírios.
O heroísmo enobrece; os martírios sublimam.
O homem é o código; a mulher o evangelho.
O código corrige; o evangelho aperfeiçoa.
O homem é o templo; a mulher, um sacrário.
Ante o templo, nos descobrimos;
Ante o sacrário ajoelhamo-nos.
O homem pensa; a mulher sonha.
Pensar é ter cérebro;
Sonhar é ter na fronte uma auréola.
O homem é um oceano; a mulher um lago.
O oceano tem a pérola que embeleza;
O lago tem a poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa; a mulher o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço; cantar é conquistar a alma.
O homem tem um fanal: a consciência;
A mulher tem uma estrela: a esperança.
O fanal guia, a esperança salva.
Enfim ...
O homem está colocado onde termina a terra;
A mulher onde começa o céu ...


-Victor Hugo

-Bibliografia: Allan Kardec. "O Livro dos Espíritos”, q. 803 a 892; Richard Simonetti, “A Constituição Divina”, 12ª ed., 1995, pp. 70 a 50.

Wednesday, May 02, 2007

Aula 11 - Lei do Progresso / Perfeição Moral

1-Estado da Natureza
“O Estado da natureza é o estado primitivo. A civilização é incompatível com o estado de natureza, ao passo que a lei natural contribui para o progresso da humanidade. Há quem considere o estado de natureza como o da mais perfeita felicidade na Terra. É a felicidade do bruto. É ser feliz à maneira dos animais. O homem não pode retrogradar para o estado de natureza; tem que progredir incessantemente, e não pode volver ao estado de infância.” (Paiva, 2001, c.8)

2-Marcha do Progresso
“O homem progride por si mesmo, naturalmente. Mas nem todos progridem ao mesmo tempo e do mesmo modo. Dá-se, então, que os mais adiantados auxiliam o progresso dos outros, por meio do contato social. O progresso moral decorre do progresso intelectual, mas nem sempre o segue imediatamente. O progresso intelectual faz compreensível o bem e o mal, e o homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos. Os povos, porém, como os indivíduos, só passo a passo atingem o progresso completo. Moral e inteligência são duas forças que, só com o tempo, chegam a equilibrar-se.” (Paiva, id.)

3-Povos Degenerados
“A História nos dá notícia de alguns povos que, depois de abalos que os revolveram profundamente, caíram na barbárie. Este fato não invalida a lei do progresso. Os elementos componentes desses povos, e que caíram na barbárie, já eram degenerados. Os que não o eram, passaram para habitações mais perfeitas e continuaram a progredir, enquanto que outros Espíritos, menos adiantados, preencheram as vagas que ficaram. As raças rebeldes vão se aniquilando corporalmente, todos os dias.
Os homens mais civilizados já foram, em tempos longínquos, selvagens e mesmo antropófagos.
O progresso fará, todavia, com que os homens da Terra vivam, um dia, felizes e em paz, não como uma nação única – o que seria impossível – mas como irmãos, sem a preocupação de causar dano ao seu vizinho ou de viver às expensas dele.” (Paiva, ibid.)

4-Civilização
A civilização constitui um progresso parcial da humanidade. Quando a Humanidade estiver moralmente preparada, extinguirá os vícios, experimentará um mundo partilhado entre irmãos e a civilização estará pronta para fazer todo o bem possível.

5-Progresso da Legislação Humana
A legislação humana reflete o pensamento de sua sociedade. Na Antigüidade aplicava-se a o rigor da Lei de Talião, a escravidão por dívidas, mutilações e pena de morte por quaisquer motivos. A evolução moral dos povos reflete-se em seus sistemas legais, pois hoje há normas para preservação de espécies animais, florestas, qualidade de vida etc. Há inclusive a preocupação com a dignidade da pessoa humana, como descrito no artigo 6º da Constituição Federal (Dos Direitos Sociais).

6-Influência do Espiritismo sobre o Progresso
Deus respeita o livre-arbítrio e a capacidade de compreensão dos povos. Assim, o progresso da Humanidade é lento e gradual, para que possa assimilar os valores morais através de sua razão, tornando-os despertos em suas consciências e consolidando ações harmonizadas com a espiritualidade maior.
A virtude mais meritória é a que se fundamenta na caridade mais desinteressada. As imperfeições que mais retardam a evolução do Espírito são o egoísmo, o interesse pessoal, o apego às coisas materiais e os vícios.
Paixão (latim passione, sentimento ou emoção levado a extremo, além da razão) está no excesso provocado pela vontade. O princípio das paixões não é um mal em si, contudo, quando a Humanidade a elas se subjuga, devido a suas más tendências, incorre nos abusos e no mal, retardando seu progresso.
A Doutrina Espírita convida-nos à reforma íntima, de modo a vencermos nossas paixões, superando as más tendências e nos tornando agentes em nosso processo de evolução.

7-Características da Perfeição
“Amar aos inimigos, fazer o bem aos que vos odeiam, orar por aqueles que vos perseguem e caluniam”, assim Jesus descreveu a perfeição, frisando a importância destas práticas e sempre entendendo as limitações e possibilidades de compreensão da humanidade terrena.

“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. Enquanto um se contenta com o seu horizonte limitado, outro, que apreende alguma coisa de melhor, se esforça por desligar-se dele e sempre o consegue, se tem firme a vontade.” (Kardec, ESE, c. 17, it.4)

8- Progressão dos Espíritos
Todos estamos submetidos às leis divinas, o que também vale para a lei do progresso.
A marcha de ascensão dos Espíritos é permanente. Alguns podem iludir-se com temporária pausa de seu crescimento, contudo, como folhas nas águas dos rios, serão levados sempre adiante de modo irresistível.
O progresso terreno nos convida a buscarmos ser como o verdadeiro homem de bem, aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade em sua maior pureza. É indulgente para com as fraquezas alheias, pois sabe que ele mesmo precisa de indulgência, e se recorda dessas palavras do Cristo: “Que aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra.”

-Bibliografia: Allan Kardec. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. 10, itens 7 e 8; cap. 17, it. 4; e cap. 27; Allan Kardec, “O Céu e o Inferno”, cap. 8, it. 12; Allan Kardec. “O Livro dos Espíritos”,q. 776 a 802 e 893 a 919a; B. Godoy Paiva. “Síntese de O Livro dos Espíritos”, FEESP, 2001.